A rotina matinal do dia seguinte foi a mesma.
Louis se jogou no chão, desligou o despertador, arrumou sua roupa em 2 minutos, gastou 10 no banho, se trocou, tentou arrumar o cabelo de outro jeito, mas não conseguiu, cumprimentou seu pai que foi acordar sua mãe, tomou café da manhã e foi para a escola.
O resto do dia anterior tinha sido completamente tedioso. As aulas foram chatas demais. No momento que ele chegou em casa, estudou o que tinha que estudar, assim que almoçou a comida que seu pai trouxe do hotel. Era uma comida boa, mas ainda era comida de hotel. Depois dormiu um pouco e passou o resto da tarde e o início da noite assistindo a séries na Netflix, até que fosse tarde o suficiente para ele dormir.
Naquele momento, chegando à escola, tudo que ele pedia era por algo diferente, que marcasse seu dia.
Era uma terça-feira fria. Mas ainda era uma terça-feira. E ele ainda teria consulta psicológica. Louis não sabia por que os pais ainda pagavam para ele conversar com uma estranha que o dizia para arranjar alguém com quem ele pudesse conversar. Realmente não fazia sentido. E seus pais pagavam caro por isso.
Na escola, toda a animação do dia anterior parecia ter se dissipado completamente.
Louis seguiu o mesmo caminho, até o mesmo segundo andar, até a mesma sala de aula, até a mesma cadeira, no mesmo canto encostado na mesma parede.
De pouco a pouco as mesmas pessoas foram tomando seus lugares na sala, até que a professora de redação entrou na sala.
"Bom dia, gente." Ela cumprimentou. Era engraçado como todos prestavam atenção nela. "Eu trouxe as redações de vocês, eu li todas e coloquei um comentário em cada uma. Eu também queria destacar uma redação em particular: Louis Tomlinson, a sua estava muito boa. Posso ler em voz alta?"
Louis congelou quando todos os rostos se voltaram pra ele. Aqueles pares de olhos de todos os cantos focavam-no de um jeito que lhe dava a impressão de armas prontas para atirar. Ele fez que não com a cabeça pra professora enquanto se encolhia na cadeira, ficando tão vermelho quanto a coruja em seu uniforme.
"Não?" Ela parecia surpresa. "Por que não? Ficou tão boa! Você quer vir aqui na frente ler?"
Louis congelou mais ainda. Era interessante como alguns alunos nem pareciam reconhecê-lo, como se ele nunca tivesse estado ali. Ele chacoalhou a cabeça mais freneticamente ainda.
"É uma pena, você escreve muito bem." Ela entregou a folha de papel a Louis, que voltou para sua cadeira com medo de ser acertado por um tiro a qualquer momento.
"Deixa eu ler, Lou?" Uma menina perguntou para ele assim que ele se sentou, mas ele não respondeu.
Ele começou a reler a redação como se não se lembrasse do que tinha escrito um dia antes:
Fui perguntado sobre minhas esperanças sobre o futuro para escrever essa redação. Bom, eu não tenho esperança nenhuma. Eu acredito que o futuro é um monstro indomável que assombra as crianças desde o começo.
Eu sempre tive medo dos "o que você quer ser como crescer?" Como se ele fosse o bicho-papão debaixo da minha cama.
A grande maioria das pessoas estão só pensando nos ganhos materiais, e eu ainda tenho medo do futuro.
Mas nós vivemos o futuro, como se ele fosse a coisa mais importante. Eu só quero fazer alguma coisa sem me preocupar com as consequências futuras, viver sem me preocupar com o futuro.
Mas, como eu disse antes, nós vivemos o futuro. E, sendo assim, eu tenho medo de viver.
O comentário da professora vinha logo embaixo:
Eu tinha em mente avaliar a escrita dos alunos com essa proposta, e sua escrita está muito boa, simples e prática, crua; mas ainda muito boa. Já o conteúdo, está maravilhoso. Espero ter um ano também maravilhoso com vocês esse ano. E meu conselho pra você é esse, Louis: arrisque.
Louis sentia seu coração bater mais rápido ao perceber que todos ainda o encaravam, mesmo com a professora explicando matéria na frente da classe.
Arrisque. Ele repetiu pra sim mesmo e riu. Como se fosse possível.
Ele encostou na parede e viu algo que o chamou atenção. Tanta atenção que ele nem percebeu quando puxaram a redação de sua mesa para lerem.
De tinta esferográfica azul, em uma letra cursiva rápida, debaixo de seu tímido e simples 'oi' do dia anterior, estava escrito:
'Oi, você vem sempre aqui?'
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Talking to Walls >>ls
FanfictionLouis Tomlinson enxergava o mundo como se ele fosse cinza. Sua mãe o levou em uma psicóloga. A psicóloga o recomendou que ele conversasse com alguém. Ele não tinha com quem conversar. Louis Tomlinson conversou com as paredes. E as paredes o respond...