A espera estava me destruindo.
Eu tive uma péssima noite de sono e, constantemente, flashes de Louis dormindo em sua cama naquele dia em que eu o fiz uma visita surpresa ecoavam na minha mente.
Eu não fui à aula ontem, e hoje, na sexta, eu vou ter um teste que vai determinar todo o meu futuro.
Menos, Harry.
Um teste que vai determinar boa parte de todo o meu futuro com Louis.
Mas eu não tinha conseguido me concentrar nos estudos na noite anterior, depois de Niall ter me dito que conseguiria o número de Louis para mim. Eu passei grande parte das horas sem sono pensando em jeitos de manipular a cabeça dele, além de pela parede, agora pelas mensagens do celular também; pensando em jeitos de deixá-lo obcecado.
Acorda, Harry.
Sim, eu sei que isso tudo já está acontecendo comigo.
Louis já estava fodendo com a minha mente em todas as posições possíveis. Ele já estava me roubando várias horas de sono. Roubando minha fome e minha concentração.
Filho da puta.
E eu nem sabia se o contrário estava acontecendo.
Será que Louis pensava em mim?
***
Acordei com alguém me dando vários toques pesados no ombro.
"Harry." Um dos empregados da minha casa disse, segurando um celular. "Seus pais acabaram de ligar, eles estão chegando em instantes."
"Meu Deus, hum--" eu engulo em seco sentindo um gosto amargo em minha boca. Eu devia ter adormecido no sofá enquanto tentava estudar. "Obrigado, hum-- eu vou me aprontar." Às vezes eu me sentia mal por não saber os nomes dos empregados dos meus pais, mas é que eram tantos.
Esnobe.
Enfim.
Quando me levanto para tomar um banho e vestir uma roupa que mostre mais 'que saudades de vocês, espero que tenham se divertido bastante na Índia; por favor, não me tirem da escola.' Subitamente, uma dor se dá em todo o meu corpo, acompanhada de um peso infernal na consciência.
Eu era Harry Styles.
Lindo, rico...
Modesto.
Tinha me formado no Ensino Médio; viajado para todos os continentes; já tinha pegado meninas e meninos dos mais bonitos e estava aqui, agora, sofrendo para continuar em um curso do qual eu não precisava e por um garoto que nem lembrava quem eu era.
O que tinha de errado comigo? Qual era o meu problema?
***
Quando eu saio do banho, meus pais já estão me esperando na sala.
Estão os dois sentados no sofá: minha mãe tinha as pernas cruzadas por baixo de um vestido indiano em cores vibrantes; meu pai mexia em uma das malas no chão da sala freneticamente. Ele vestia um terno escuro e levantou a cabeça quando eu entro no cômodo, ainda com o cabelo molhado. Os dois estão sorrindo.
"Oi, querido." Minha mãe me cumprimenta com um beijo no rosto quando eu vou até ela.
"Comportou bem enquanto a gente não estava aqui?" meu pai pergunta depois de me abraçar.
"Eu? Como um anjinho." Eu sorrio. "E vocês? Aproveitaram a viagem? Como foi a Índia?"
"Tive que trabalhar bastante, você sabe; mas tirando isso foi muito bom. A Índia estava linda como sempre. Você precisa voltar para lá com a gente algum dia desses. O hotel que a gente ficou dessa vez é muito melhor do que aquele que a gente ficou quando você foi."
"A gente pode combinar, sim." Eu respondo, ainda sorrindo, tentando enrolar a conversa ao máximo que eu pudesse, antes que começassem com as perguntas sobre o curso.
Minha mãe tira os presentes para mim das malas Samsonite estufadas. Os presentes incluem um relógio de ouro, uma corrente, também de ouro, com um pingente muito maluco de um elefante-pessoa com vários braços, e várias camisas de linho com estampas coloridas diferentes, que pareciam ser muito confortáveis.
Fizeram perguntas sobre Liam e Niall (eles tinham trazido presentes para eles também), sobre garotas e garotos (assunto que eu geralmente ficaria constrangido, se não fosse pela atual situação).
"E como ficaram as coisas por aqui?" minha mãe indagou, me encarando nos olhos. "Como você está indo no curso?"
"Ah, eu--" eu sei que eu poderia mentir e dizer que estava indo muito bem, mas eu não minto para os meus pais, eles tinham me educado bem em relação a isso. "Eu tenho um teste hoje, mas, hum--" engulo em seco e junto as palmas das minhas mãos suadas. m
"Podemos esperar uma nota boa nesse teste, então?" Meu pai pergunta, ajeitando o relógio pesado no pulso.
"Vocês, eu, é--" É aí que meu celular começa a tocar e eu agradeço à entidade indiana do meu novo colar. "Vou atender ali, rapidinho, e já volto." Digo, e saio.
É Niall ligando.
"Niall, eu te amo." É como eu atendo o celular.
"Eu sei disso." Ele responde, metido."Harry, tá muito difícil conseguir o número do Louis, eu--"
"Tá tudo bem." Eu o interrompo. "A gente resolve isso depois. Mas como vai sua voz irritante e insistente?"
"Vai maravilhosa como sempre, mas--" ele responde, sem entender.
"Então você vai almoçar aqui hoje." eu digo ríspido, mais como uma ordem do que como um convite.
"Vou?" Ele questiona, surpreso. "Mas por quê?"
"Você precisa servir de apoio a mim quando a gente for tentar convencer meus pais a não me tirarem da escola."
"AH!" Ele parece entender. "Chego aí já, já."
Eu espero no meu quarto e ele chega, minutos depois, ainda vestindo seu uniforme de escola.
"Eles ainda não te tiraram não, né?" ele pergunta ofegante, assim que entra no quarto. "Porque se eles forem fazer isso eu preciso pegar o número do Louis logo. Eu tentei pedir para ele por causa do ''grupo da sala''" ele gesticula aspas frenéticas com as mãos. "Mas ele simplesmente me ignorou, não parecia estar muito bem."
Sinto meu celular vibrar e o puxo do bolso para checar a nova notificação. É aí que eu congelo.
"Harry? Você está me ouvindo?" Niall pergunta.
"PUTA QUE PARIU!" Eu solto, sentindo cada parte do meu corpo tremer e meu coração bater cada vez mais rápido.
Número Desconhecido ~ Louis T. : O que você quer comigo?
"NIALL! SOCORRO!" Eu digo, ainda tremendo, e chacoalho Niall também.
"Harry? O que foi? Você tá parecendo eu quando meu ídolo me nota no Twitter." ele me olha preocupado, sem entender.
"Louis." eu mostro o celular pra ele. "Louis."
"O que você está esperando? Responde o garoto." ele toma meu celular e manda uma mensagem bem maníaca falando sobre ir até a casa de Louis caso ele não aparecesse.
"Niall! Você quer parar o coração dele?" eu pergunto, pegando o celular de volta.
H.S: Eu não quero nada com você, Louis. Eu quero você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Talking to Walls >>ls
Fiksi PenggemarLouis Tomlinson enxergava o mundo como se ele fosse cinza. Sua mãe o levou em uma psicóloga. A psicóloga o recomendou que ele conversasse com alguém. Ele não tinha com quem conversar. Louis Tomlinson conversou com as paredes. E as paredes o respond...