Louis estava fodido.
Ele havia ido muito mal no seu teste diagnóstico porque simplesmente não conseguia tirar aquela maldita mensagem na parede da sua cabeça.
Ele pensou em avisar à coordenação: olá, acho que tem algum aluno aqui na escola me ameaçando por uma parede. Ele pensou em conversar com seus pais: então, eu acho que tem um aluno lá na escola que está me ameaçando por uma parede. Ele pensou em contar à sua psicóloga na terça-feira da próxima semana. Ele também pensou que não seria nada sério, e que talvez não passasse de uma brincadeira infantil.
Mas, fosse o que fosse, estava mexendo com sua cabeça. Louis sabia as malditas matérias do teste diagnóstico; por que diabos ele não tinha conseguido se concentrar na prova? Louis sabia que seus pais não ligariam se a escola os chamasse informando sobre a queda de conhecimento em uma matéria, eles achariam que Louis conseguiria recuperar. Mas, se a escola chamasse seus pais por conta dele ter ido mal em basicamente todas as matérias, do nada, quando suas notas geralmente eram estavelmente boas, aí a coisa estaria feia.
Quando ele saiu da escola, estava até com medo de voltar para casa, por conta da nota e por medo de ser perseguido no caminho por H.S sem rosto de seu sonho, mas depois se tranquilizou: mesmo que a escola fosse ligar para seus pais, não seria hoje; eles teriam que fazer um levantamento das notas e essas coisas levavam tempo. Quanto a H.S, ele não sabia porque realmente estava tranquilo, mas ele pensou que, como o caminho até sua casa não era do mais longo, não teria risco algum de ele ser perseguido.
***
"Assim não dá!" Ele escutou a mãe exclamar da cozinha assim que ele entrou em casa. "O que você espera que eu faça agora?"
Louis fechou a porta com cuidado, apurando os ouvidos para que pudesse escutar os pais, sem que os pais o escutassem."É só uma questão de tempo, Jo." Ele ouviu o pai dizer em um tom de voz constrangido. "Vai dar tudo certo, eu vou conseguir um emprego novo e--"
Neste momento, Louis interrompeu a conversa boquiaberto.
"Então te despediram, pai?" Suas emoções mixavam raiva, porque ele sabia que aquilo era culpa do pai; pena da mãe, que teria que assumir a economia da casa enquanto o pai não conseguisse um emprego novo e; por mais que ele não quisesse admitir, pena do pai também.
"Oi, Lou." Os dois pareciam surpresos de ver o filho em casa àquela hora. "Veio mais cedo da escola?" a mãe perguntou, com um sorriso nervoso no rosto.
"Eu tive teste diagnóstico, então fui liberado mais cedo, assim que acabei a prova." ele respondeu à mãe, mas manteve o olhar fuzilante em direção ao pai, que baixou a cabeça, encarando o tampo da mesa onde ele se sentava.
"E você foi bem no teste diagnóstico?" a mãe continuou com as perguntas.
"Não muda de assunto." Louis sentiu seu rosto corar discretamente, sem querer responder nada sobre aquilo.
"Sim, Louis." seu pai respondeu, ainda encarando a madeira escura da mesa. "Me despediram."
"Mas não você não tem que ficar nervoso, querido." A mãe interveio, claramente percebendo a tensão. "Ele vai conseguir outro empre--"
"Não corta, mãe." Louis nunca tratava nenhum dos pais daquele jeito, ele os respeitava muito, mas não via motivo da mãe proteger o pai desse jeito, em um momento assim. "Eu quero saber por que te despediram, pai."
A cozinha mergulhou em silêncio, o que durou cerca de dois minutos até que Louis fizesse mais uma pergunta.
"Isso não tem nada a ver com você ter chegado lá bêbado algum dia, não é mesmo?" Ele continuava a encarar o pai firmemente. "Nem ter faltado o trabalho várias vezes, né? Com certeza a culpa não é sua."
"Louis!" A mãe o segurou nos ombros. "Não fala assim com seu pai!" ela repreendeu o garoto.
"Não, mãe!" ele se virou para ele. "Eu sei o jeito que ele fala com você quando bebe, você vê as coisas que ele está fazendo com a gente! Nós temos que parar com isso."
"Você não precisa se meter no meio, querido. Isso é entre nós dois." Sua mãe completou, ainda sorrindo docilmente, mesmo que Louis tenha percebido seus olhos lacrimejarem.
"Não, Jo. Ele está certo." Seu pai respondeu se levantado da mesa, puxando o casaco das costas da cadeira. "Eu entendi, Louis. Você tem vergonha de mim. E eu causei isso. Eu entendo. Mas espero que, quando você tenha filhos, nunca precise que eles falem assim com você. Espero que você seja motivo de orgulho para eles, como eu nunca fui para você." Ele disse, de cabeça erguida, vestindo o casaco e saindo de casa, deixando, assim, Louis, de cabeça baixa, encarando o chão.
O garoto olhou para trás, percebendo que a mãe seguia o marido até a entrada, tentando o convencer a ficar.
Louis sabia o que aconteceria se o pai saísse a uma hora dessas, no estado em que estava, com todas as coisas que Louis havia dito ecoando em sua cabeça. As consequências não seriam boas, de modo algum.
O garoto caminhou, choroso, para seu quarto, se perguntando se havia sido muito duro com o pai.
"Não." Ele disse a si mesmo. "Ele fez por merecer." Completou, limpando as lágrimas dos olhos azuis, se jogando na cama ao entrar em seu quarto.
Ele queria que Zayn ainda estivesse com ele. Ele sentia raiva do amigo por o ter deixado, sim. Mas a saudade que sentia era muito maior, e ele sempre fazia Louis se sentir melhor em momentos assim.
Agora estava sozinho, só ele e os amigos fantasmas que cantavam as músicas fúnebres que ecoavam por seu fone de ouvido. Ele e seu mundinho cinza.
Ele precisava de um amigo, estava muito sozinho. Ele sempre achou que não ligasse, mas agora ele estava sentindo falta de alguém. Sentindo falta de algo, sentindo-se extremamente sozinho.
Como que automaticamente, o garoto puxou o iPhone do bolso, deslizando a tela e digitando a senha rapidamente. O celular abriu direto no chat com X, que, como de costume, estava online.
"O que você quer comigo?" Louis digitou com força e apertou o botão de enviar sem hesitar, consciente de que mais tarde se arrependeria de sua coragem repentina.
H.S: Até que enfim, já estava pensando em aparecer pessoalmente na porta de sua casa.
H.S está digitando...
H.S: Eu não quero nada com você, Louis. Eu quero você.
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Talking to Walls >>ls
FanficLouis Tomlinson enxergava o mundo como se ele fosse cinza. Sua mãe o levou em uma psicóloga. A psicóloga o recomendou que ele conversasse com alguém. Ele não tinha com quem conversar. Louis Tomlinson conversou com as paredes. E as paredes o respond...