Depois que eu vira Louis, as coisas mudaram completamente de figura.
Até um pouco antes dos meus pais ligarem e de eu deixar a mensagem do "Só quando tem algo interessante o suficiente pra me fazer ficar." na parede, Liam ficou falando na minha cabeça sobre como eu havia me tornado um stalker maníaco.
Bom, talvez eu tivesse mesmo, mas Niall continuou dizendo o quanto achava que eu e Louis ficaríamos lindinhos juntos, então, ponto pra mim. Chupa essa, Liam.
Mas foi como se alguma coisa tivesse acendido em mim; como se um interruptor tivesse sido pressionado com um clique que ligasse uma parte de mim que falasse constantemente na minha cabeça, com uma voz mais irritante e mais insistente que a de Niall: 'fica com o Louis. O Louis é lindo. Você e Louis se pertencem. Louis. LOUIS. L o u i s.'
Só que: espera aí! Eu tinha que causar isso em Louis. Eu tinha que deixar ele louco sobre mim. Ele era meu brinquedinho. E agora o contrário estava acontecendo. E Louis nem sabia quem eu era.
Eu precisava de um jeito de conhecer todos os lados dele, de saber todos seus pontos fracos, de saber todos os seus medos e fantasias e de conseguir brincar com sua cabeça.
Eu não tinha nem certeza se ele pensava em mim, nas paredes, digo; ou se ele respondia às mensagens na sala de aula apenas por, sei lá, responder.
Mas, se ele não pensasse ainda, agora ele começaria a pensar, com certeza.
***
Eu só estava indo ao curso por Louis Tomlinson, na verdade. Claramente, eu não prestava atenção nas aulas. Pelo menos eu era um aluno que tentava. Eu tentava mesmo prestar atenção. E fazer os exercícios. E estudar para o teste que eu teria na sexta-feira, dali a dois dias.
Meus pais seriam outra coisa que chegaria na sexta-feira, me trazendo uma mala de presente, e me fazendo outra mala de perguntas sobre o curso. E quando soubessem como eu estava falhando em tentar fazer alguma coisa de útil na vida independente do dinheiro deles, eles fariam de tudo para me tirar do curso.
E foi esse pensamento que me fez imaginar um jeito de conseguir continuar falando com Louis mesmo que eu parasse de ir à escola.
O que eu pensei em fazer para solucionar a situação pode ter sido uma das, se não a, ideia mais maluca e arriscada que me ocorrera em toda a minha vida.
Mas o que eu não faria por Louis?
Menos, Harry.
Eram quase duas da manhã quando eu puxo meu celular do criado-mudo que ficava ao lado da minha cama. Começou a digitar algumas mensagens frenéticas em Caps Lock para Niall, mas eu sei que ele não olharia o celular àquela hora, a não ser que eu desse um jeito de acordá-lo. Abro o aplicativo do telefone e vou na aba de ligações recentes, já que a maior parte delas era de Niall ou para Niall. Clico em seu número e quando as informações de 'discando' aparecem na tela iluminada, levo o celular ao ouvido. Toca umas oito, nove vezes antes que eu escute a voz de Niall do outro lado da linha.
"Você fumou?!" Ele fiz enrolado de sono, como se sua língua tropeçasse várias vezes dentro de sua boca. "Fala para mim que tá todo mundo vivo."
"Tá todo mundo vivo sim, cara; e, não, eu não fumei nada." Eu respondo, contendo uma risada fraca.
"Então quem é que você pensa que é para atrapalhar o meu sono maravilhoso sabendo que eu tenho aula amanhã às sete horas da madrugada?" Essa pergunta parece ser muito difícil para ele fazer naquele estado, porque ele demora um pouco para conseguir completá-la.
"Eu penso que sou seu melhor amigo que está precisando muito da sua ajuda e também de uma carona." Eu tento me explicar.
"Harry Styles." Ele começa, parecendo acordar e elevando o tom de voz. "Você não bebeu e está sóbrio e são em sua casa, não é?" E é melhor a resposta para essa pergunta ser 'sim, senhor' ou eu trago seus pais da Índia agora mesmo."
"Sim." Eu respondo, mas Niall solta um suspiro longo. "Sim, senhor. Cara, eu preciso que você me leve até a escola."
"Harry? Harry?" Ele chama algumas vezes, alarmado, como se tivesse me perdido. "Que horas são? São mais de duas da manhã, caralho." Ele enfatiza o manhã. "Tem certeza que você não bebeu?"
"Niall, a gente só está perdendo tempo." Digo e escuto meu amigo discutir comigo pelo telefone. "Niall, cala a boca, pelo amor de Jesus lindo e cheiroso. Eu preciso disso, por causa de Louis."
Ele fica mudo por alguns minutos e eu só escuto alguns ruídos pelo telefone.
"Eu estava só colocando uma calça. Apareço aí em alguns minutos." É o que ele diz, assim que volta.
***
"Me explica mais uma vez." Niall pede, quando estávamos quase chegando à escola. "Você me pediu para te trazer até o colégio a essa hora da manhã para que a gente invada a escola só porque você precisa deixar seu número de telefone na carteira de Louis caso você não possa mais vir pra escola, talvez?" Ele parecia repulsado em cada palavra.
"Exatamente." Eu concordo com um aceno de cabeça, descendo do carro quando ele estaciona em frente ao prédio do colégio, que parece macabro à noite, lembrando mais uma prisão do que já lembrava normalmente.
"E por que você não deixou que eu entregasse o seu número pra Louis quando eu fosse pra escola? No horário certo?" Ele perguntou, também descendo do carro.
"Porque ele chega cedo na escola, como você disse, e não teria como deixar o número lá antes de ele chegar." Eu explico, tentando estudar como eu entraria no prédio. "Sem contar que não teria a mesma adrenalina."
"Harry, você sabe que eu te amo e tudo mais, mas essa é pelo OTP, não vem esperando tanto assim não." Ele caminha até uma das entradas laterais enquanto eu ainda estou estudando o que fazer, e, com alguns toques e movimentos na maçaneta, ele consegue abrir a porta. Me pergunto como ele saberia daquilo. "De nada." Ele diz com um sorriso.
Eu entro devagar, e meus passos ecoam pelo corredor escuro. Aquela situação toda era bem sinistra. Fiquei imaginando um assassino em série pular de um dos armários com uma faca e senti calafrios percorrerem o meu corpo. Ligo a lanterna do meu celular para que seja mais fácil eu enxergar tudo e Niall segue, murmurando alguma coisa baixinho.
"Você está bem?" Eu pergunto.
"Estou. Só rezando, assim, pro caso de não aparecer ninguém. Nem um funcionário ou tipo um demônio." Ele realmente parece nervoso e apreensivo e eu solto uma gargalhada.
Subo até o segundo andar e abro minha sala de aula que parece um ambiente totalmente diferente, silencioso e vazio.
Vou até o lugar onde eu sempre me sentava e observo a parede.
"Você me trouxe até aqui." Eu digo para a tinta gelada.
Louis não tinha respondido a minha última mensagem, como eu tinha visto na última aula, mas eu não deixaria ele escapar tão fácil assim.
Puxo uma caneta do bolso da minha calça e escrevo na parede:
'Você não pensou que eu realmente fosse desistir tão fácil, pensou?'
E então pego o pedaço de papel em que eu tinha escrito meu número de celular horas antes e dobro mais uma vez, colocando-o entre a cadeira e a parede de modo que ele fique preso o suficiente para que não caia, e ainda seja chamativo o bastante para Louis notá-lo na manhã seguinte.
Ele seria meu. Eu sei que sim. Tendo-o dia e noite, ele não conseguiria escapar de mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Talking to Walls >>ls
FanfictionLouis Tomlinson enxergava o mundo como se ele fosse cinza. Sua mãe o levou em uma psicóloga. A psicóloga o recomendou que ele conversasse com alguém. Ele não tinha com quem conversar. Louis Tomlinson conversou com as paredes. E as paredes o respond...