Tudo começou em 2015.
Mudar de cidade foi a pior escolha da minha inútil vida, decisão essa que nem foi tomada por mim.
Foxvile não era lá grande coisa, mas Oxford conseguia ser pior na minha visão.
A casa era boa, tinha dois andares e quartos separados, além de ser recém pintada.
Tivemos que nos mudar por culpa do meu pai, não entendi muito bem o porque, mas sabia que a culpa era dele, apesar de sempre jogarem a culpa para minha mãe que nada tinha a ver com a situação.
Oxford é uma cidade litorânea, tem belas paisagens, e uma enorme mata com direito a montanhas.
A cidade perfeita para se começar do zero.
Não que eu ou minha irmã quisesse resetar tudo.
Na verdade eu não queria apertar start desse nova fase da vida.
Me mudar já era horrível, imagine trocar de escola no meio do segundo bimestre, com pessoas que nunca vi, numa cidade que nunca escutei falar...?
Mas como sempre nada é pensado em nós.
Procuro uma roupa descente dentro de uma das inúmeras caixas pelo chão do quarto.
Acho minha jardineira favorita e uma blusa amarela. É, isso deve bastar.
Pego um all star da minha irmã emprestado, mesmo sabendo que fica maior que o meu pé. Tiro a bolsa de cima da cama.
Vou até o quarto ao lado e bato na porta.
- Diana! Vamos logo - Praticamente imploro.
- Cala a boca, para de me apressar - Ela berra para ter a certeza que eu iria escutar, ou só por gritar mesmo.
Reviro os olhos e bato o pé incessantemente.
Não quero me atrasar no primeiro dia na escola nova.
- Aberração, vamos - Ela abre a porta com tudo, quase me fazendo cair de susto.
- Aberração é você! - Digo indignada apontando o dedo na direção dela.
- Não vai pentear a juba não? - Me entrega a MINHA escova de cabelo.
Detalhe. Tem uma semana que eu não vejo essa escova, tendo que pentear com um pente velho.
- MINHA ESCOVA! - Não me contenho e começo a pular.
- De nada também - Ela revira os olhos.
Eu desprendo o coque, e penteio o cabelo as pressas, literalmente correndo até o portão.
Diana me alcança minutos depois, quase me batendo por sair correndo.
Segundo ela, eu parecia um saco de batatas correndo, provavelmente isso não havia sido um elogio, mas apenas ignorei.
Por sorte a escola era duas quadras da nossa casa.
A nova escola era grande, bem grande.
Os portões eram azuis e a escola branca e também azul.
- Parecem até uns smurfs - Diana fez uma cara feia enquanto dizia isso.
- E eu uma banana ambulante - Ri da minha própria piada.
Diana me encara e arregala os olhos.
- Pelo amor de Deus, não tinha outra blusa para colocar? - Ela aponta o dedo para a minha blusa.
- Para. - emburro.
- Então pare de assassinar a moda - Deu de ombros.
Nós adentramos a escola e fomos buscar a nossas respectivas salas.
Eu caí no 4°A, enquanto a minha irmã ficou no 6°B.
A sala dela era um corredor depois da minha.
Assim que entro na sala, toda a atenção é voltada pra mim.
Gelo.
Odeio essa atenção excessiva.
- Oi, sou a sua nova professora - Uma senhora de idade falou.
- Oi. - Digo baixo
- Qual seu nome meu bem? - Ela sorri em minha direção.
Quero enfiar a minha cara no chão.
Socorro.
- Julietta. Meu nome. - digo e abaixo a cabeça.
- Bem vinda. Pessoal! Essa é sua nova colega, o nome dela é Julietta. - Ela diz alto para que todos ouvissem. - Sente ali do lado do alex - Apontou para um garoto com os cabelos negros e cara fechada.
Assinto com a cabeça e vou na direção da onde ela me instruiu a sentar.
- Oi, tudo bem? - Digo tentando fazer amizade.
- Oi, não, nada bem. Agora vou ter que dividir a minha mesa do lado com uma estranha. - Ele me olha de forma acusativa.
Era como se eu fosse um estorvo.
Fico irritada.
- Não precisa falar comigo desse jeito. Nem me conhece. - Ele levanta os olhos na minha direção e sorri de lado.
- E quem disse que tenho que te conhecer garota? Eu falo com quem eu quiser, do jeito que quiser. - Ele fala com autoridade.
Ah...que garoto BABACA!
Aperto a mochila com força, tentando descontar a raiva.
- Só não chora novata - Ele sorri de novo para mim.
Ah. Como se eu fosse passar essa vergonha.
Chorar?
Ele acha que sou tão fraca assim?
Puxo a cadeira e me sento ao seu lado sem emitir nenhum som de minha parte.
Ele apenas me encara com tédio.
E eu quero esmurrar a cara dele.
- Vamos começar a aula, abram seus cadernos, passarei na lousa hoje. - A professora se levanta e vai até a lousa.
Eu a odeio.
Odeio essa professora.
Por culpa dela eu tenho que aturar esse desmiolado metido a bad boy.
Se eu pudesse tiraria ela da existência da terra, a sorte dela que a aula dela é minha favorita, ciências, porque se não eu iria para detenção de menor infrator.
E foi assim que eu conheci Alexandre Milldian, o babaca que um dia seria o melhor babaca do mundo.
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Mi Casa És Tu Casa
Storie d'amoreSeria verídico o meu sofrimento, ou algo ilusório que criei no meu subconsciente? Minha vida é uma corda bamba. Sorria e acene, esse é meu lema. Mas na noite do dia 31 de Outubro, minha vida foi brutalmente jogada em prova, ficar entre vida e a mort...