O maior babaca do universo

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Conviver com aquele otário era uma tarefa insuportável, ainda mais para mim.

Eu sempre fui introvertida com as outras pessoas fora da minha bolha.

Mas, ele me forçava ao extremo.

Como se quisesse fatiar a minha paciência com um machado.

Ele era tão doce quanto limão, e, tão macio quanto espinhos.

E o pior.

Eu era seu alvo predileto.

Tantas pessoas para ele irritar, mas não, tinha que ser a coitada da julietta.

Bem sortuda eu.

Na minha vida passada, eu devo ter sido uma Nazista ou fascista, porque não era possível.

Todo dia ele era mais criativo que o outro.

- Ô garota? Toma - Me entregou um papel dobrado.

- Professora! A Julietta desenhou um desenho muito feio de você e ainda disse que era a sua cara - ele apontou para mim.

Eu fiquei petrificada.

A professora exigiu que eu abrisse o papel para que todos pudessem ver.

E eu fiz.

Ela mudou de cor.  No desenho estava ela e o professor de educação física fazendo atos impróprios.

O desenho era horrível, se não houvesse o nome deles, era impossível saber de quem se tratava.

Belo desenhista, poderia ser o próximo Picasso, ou Davinci.

A sala inteira riu, enquanto apontava em minha direção.

Virei motivo de chacota tanto quanto a professora.

Ridículo. Totalmente ridículo.

E quando olho para o lado ele também está rindo.

Eu ainda vou matar esse trouxa! Ele acha mesmo que é um bad boy?

Ele me irrita de uma maneira....

QUE ÓDIO. EU ODEIO ELE!!!!

Nesse dia, por culpa dele eu fiquei na detenção, e, adivinha?

É, ele também estava na detenção.

Ele sempre estava.

Eu deveria adivinhar que esse escroto devia ter feito alguma escrotisse.

Se é que essa palavra existe.

- O garota? - Ele me cutuca

Eu o ignoro.

Eu não tenho nome?!

- Esquisita? - Ele continua me cutucando.

Ele acha que EU sou a esquisita dessa história?

Eu levanto da carteira e sento em outra.

Não quero mais confusão, não que antes eu estivesse...

Não dá dois minutos e ele já se senta atrás de mim.

Parece um cachorrinho perdido.

Reviro os olhos e suspiro pesado.

Que garoto insistente.

- Ei, o que aconteceu no seu cabelo? - Ele me pergunta, segurando o riso.

Não entendo nada, acredito que é só mais uma piada de mal gosto dele.

Ele continua rindo baixinho.

Isso me incomoda.

Fico curiosa, puxo meu cabelo para frente.

Mas que, MERDA É ESSA?

Meu cabelo tinha não só um, mas vários chicletes grudados. E como eu estava de trança seria muito mais difícil de sair.

Eu explodo.

- Por que você fez isso? O que eu te fiz seu idiota? - Eu praticamente cuspo tudo pra fora.

Sinto meu rosto queimando.

- E quem disse que fui eu? - Ele sorri de lado.

Ele acha que eu acredito esse sorriso fingido?!

- Você é o único que poderia ter feito! - O acuso cerrando os olhos.

- Não fui eu, larga de ser otária! - Eu me levanto.

Otária? Quem é o otário é ele!

- Se não foi você, quem foi?! - Eu aponto o dedo para ele.

Ele coloca  a mão no peito de forma dramática.

Hollywood está perdendo esse ator.

Eu sinto as lágrimas deslizarem pelo meu rosto.
Eu tento segurar, mas elas são teimosas.

Estou furiosa.

Não acredito que estou chorando na frente desse babaca!

Esse ridículo não merece uma lágrima minha.

- A bebezona vai chorar? - Ele imita uma cara de choro.

Eu juro que vou socar esse babaca.

No fundo da sala uma outra pessoa ri, eu nem havia visto mais ninguém ali.

Ele e essa voz desatam a rir de mim.

Vou ter que socar mais um.

Minhas lágrimas borram minha visão, não sei como ou quando. Mas, saio correndo.

Pelo menos peguei a minha bolsa.

Vou até o banheiro para ver o estrago do meu cabelo.

Quando abro a porta e me encaro no espelho, sinto vontade de socar a cara daquele babaca de novo.

Meu cabelo estava um nojo.

Em um ato de furia tiro uma tesoura da minha bolsa.

Não penso muito.

Corto meu cabelo na parte que estava com chiclete, me encaro de novo.

Sorrio, eles acham que isso vai me afetar?

Burros, eu vou mostrar pra eles...

Estou me sentindo a própria Sakura, aquela do Naruto.

Se bem que esse foi o único momento foda dela....

Que merda. Meu cabelo está horrivel.

O que eu fiz...

Fecho meus olhos, sei que fiz burrada.

Arrumo meu cabelo e corto o que acho que está torto.

A porta se abre e a coordenadora entra.

- O que está acontecendo aqui? - Ela arregala os olhos em minha direção.

Talvez por eu estar com o rosto molhado e com fios grudados na pele.

Ou o fato de o chão estar com mechas do meu cabelo, ou o fato de tudo isso estar na frente dela.

Ela me olha espantada, como se o cabelo fosse dela.

Sinto que vai vir bronca...

- Para a minha sala agora Julietta.


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