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Adrak Mallis, Luxemburgo 
Dia seguinte, Hotel 


  Nunca me imaginei casando. 

  Já faz um tempo que Bill dormiu, mas por algum motivo meu sono não vem. O chato disso é que minha cabeça costuma viajar para milhões de lugares quando isso acontece, e hoje não é diferente. A luz da lua bate na cortina e não ilumina muito bem o quarto, por isso, fico na cama. O chato disso é que não me sinto cansado e nem com pálpebras pesadas, e sim com energia o suficiente para subir e descer as escadas do prédio dez vezes seguidas.   

  Mesmo assim, estava aqui me imaginando no futuro. Gostaria muito de me casar um dia, óbviamente se Bill quisesse também, mas sabe quando você fica pensando tipo "e se eu crescer vendo todos ao meu redor se casando, menos eu?". Sei que esse pensamento é sem fundamento nenhum, mas e se? E se Bill acabar encontrando outra pessoa? E se Bill decidir que não me quer para o resto de sua vida. E se Bill decidir se casar com outro homem? 

  Ele nunca me deixou inseguro para pensar esse tipo de coisa, mas, mais uma vez, e se? 

  Acabo de perceber também que não são muitas pessoas que me conhecem de verdade. Não sei até onde isso é bom, porque tenho certeza de que para muitas pessoas, sou apenas o gêmeo engraçadinho da Aylin e do Adrien. Muitos não conhecem meu passado, meus sentimentos e nem ao menos sabem sobre o verdadeiro Adrak. Talvez, isso me conforte até certo ponto. 

  Quando morava na Grécia, me relacionei de verdade com apenas duas pessoas, um menino e uma menina. Acho que nunca me senti pressionado com a minha própria sexualidade, principalmente porque sempre soube que Aylin, Apollo e Adrien me apoiariam de qualquer forma, então nunca me impedi de experimentar. No ensino fundamental, mais especificamente no nono ano, conheci uma garota chamada Mia. Nós nos demos bem no início, foi bem divertido, ela era muito engraçada e bonita, sua personalidade combinava até certo ponto com a minha. Talvez ela fosse aquele tipo de amor que não se encaixa em certas prateleiras da sua estante, ou talvez eu que tenha confundido uma amizade muito boa com um amor inexistente. As coisas entre nós desandaram quando ela começou a reclamar quase que todos os dias sobre o tempo "exagerado" que eu passava com os meus irmãos e o quão absurdo era eu me recusar a dormir na cama dela. Isso me deixava muito pilhado. Meus irmãos sempre foram meus melhores amigos, então eu realmente era e sou mais colado neles do que o normal, e dormir na sua cama era algo extremamente íntimo que eu não queria fazer, principalmente com ela. Por mais que não pareça, gosto de respeitar o tempo das coisas e dormir na cama de outra garota aos catorze anos era algo que me fazia revirar o estômago só de pensar.

  Lembro que eu terminei tudo quando ela foi desrespeitosa com o acidente de Aylin. Desde aquela noite, nunca mais olhei na cara de Mia. Ela tentou vir atrás de mim por mais alguns meses, mas a ideia de voltar a falar com ela depois de escutar que minha irmã era uma adaptação viva de "Frankenstein" seria demais para mim. 

  Meses depois acabei conhecendo um outro garoto. Liam. Ele era bem fechadão e carrancudo, a primeira vez que trocamos interações foi no pátio da escola enquanto eu corria de Adrien e outros garotos e acabei esbarrando nele sem querer. Ele foi bem grosso comigo, e semanas depois, foi transferido de turma a para a minha e ficou de dupla comigo durante um semestre inteiro. Foi muito estranho dividir mesa com alguém que mal falava, mas ele tinha um jeito quieto que era incomum. Incomum exatamente por não ser desconfortável. Por causa das roupas pretas e estilo bem marcante, sua presença nunca foi ignorada, ela era bem grande na verdade porque Liam era confiante demais até da forma em que olhava pela janela para observar o intervalo das outras turmas.

   Liam odiava a escola, e por isso suas notas eram piores que as minhas (e olha que isso é muito difícil), então Adrien estava dando algumas aulas particulares para ele na nossa casa. Eu ficava no pé da escada olhando os dois, porque achava Liam muito bonito, mas também muito assustador para trocar qualquer interação. Um mês depois, ele me passou uma cartinha no meio da aula de geografia onde ele me pediu desculpas por ter sido grosso. Mais tarde, ele perguntou se eu gostaria de ser amigo dele. 

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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𝐌𝐎𝐎𝐍𝐋𝐈𝐆𝐇𝐓 | Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora