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❝ Você deságua em mim, e eu, oceano❞
- Oceano, Djavan.
────────────────────POV: NASCIMENTO
Desde que havia me separado de Roseane não tinha tido um sentimento tão perturbador quanto esse. Tinha tesão, vontade, desejo. Mas nunca, nem mesmo com Rose, tinha tido paixão. E não precisava ter agora, porquê ela era paixão. Alice era paixão.
Inteligente suficiente para se formar em direito na UFRJ, corajosa o dobro para entrar para o BOPE. E gostosa tanto de farda preta, quanto de blazer.
A atração não começou quando a vi, nem quando pesquisei sua vida no banco de dados da PMERJ. Ao longo do tempo, com Alice dentro do meu batalhão, fui percebendo que a presença dela causava uma espécie de conflito interno em mim. De certa forma, Alice me fazia questionar até que ponto eu conseguia manter a frieza e o controle em todas as situações.
A vida no BOPE é uma constante luta pelo controle. Cada missão, cada operação, é um jogo de estratégia e nervos. A pressão é uma sombra que nunca sai de perto, e, se você vacilar, a consequência é a morte—não só a sua, mas de quem está ao seu redor. O BOPE não oferece margem para fraqueza, e eu aprendi isso cedo. O treinamento me moldou, me fez entender que não há espaço para falhas. Cada decisão deve ser precisa, fria. Nada mais importa além do objetivo, e quem não se adapta, desaparece.
Porém, a cada missão, ela demonstrava um equilíbrio entre bravura e humanidade que me deixava confuso. Ambos carregávamos bagagens que nos tornávamos insensíveis, mas ela tinha uma empatia diferente.
Empatia que me custaria caro.
No fundo, existe um peso que eu carrego silenciosamente. As noites em claro, as lembranças dos que perdi, das escolhas que fiz. Era difícil equilibrar trabalho, paternidade, sanidade e sossego. E quase 100% do tempo me dedicava ao trabalho, esquecendo a paternidade e quase não tendo sossego. E sempre que estava no trabalho tinha Alice, que tirava o resto da minha sanidade.
No mesmo nível que ela me intrigava, ela me irritava. Teimosa demais para aceitar as decisões de primeira, e cabeça quente o suficiente para me causar problemas. Nossa última afronta havia sido por causa da minha escolha de por Alves, o amiguinho dela, para comandar as forças táticas.
— "A sargento das forças táticas sou eu. Se alguém precisa ficar responsável por passar o plano, deveria ser eu, não acha?" - As palavras dela ecoavam dentro de mim, eu sabia que a minha decisão era precipitada. Os olhares dos meus companheiros sobre meu silêncio era frustrante e o ódio ferveu em meu sangue. Enfrentava um puta de um estresse diário a mais de 8 anos para uma sargento qualquer achar que tem o direito de me enfrentar na frente dos meus inferiores, era só oque faltava.
Não foi difícil encontrá-la após o expediente, no estacionamento, conversando com seu amiguinho Alves. O homem tá a quase 5 anos n BOPE e ainda age como uma moça? Pelo amor de Deus.
Com um breve assobio, chamei sua atenção. A partir do momento que seus olhos irritados se fixaram nos meus, não atendi por mim.
E agora, dias depois, estava a beijando em cima da mesa de equipamentos do BOPE, sem saber como o fim de semana havia se passado e como tinha aguentado dois dias longe desses lábios.
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Sob o comando || CAPITÃO NASCIMENTO
FanficNo BOPE, onde disciplina e respeito às hierarquias são essenciais, o Capitão Nascimento e a Sargento Oliveira formam uma dupla imbatível no campo de batalha. No entanto, fora das operações, seu relacionamento é um campo minado. O que começou como um...