06 ̶ ̶ ̶ "Nascimento O-"

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❝ I know heaven's a thing
I go there when you touch me, honey ❞
- False God, Taylor Swift
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POV: ALICE

Roupas jogadas no chão do quarto, o sol entrando por uma fresta da cortina branca e meu corpo parecendo estar em coma. Ainda sonolenta, me levanto e não reconheço o quarto, me dou conta de como fui parar ali quando olho meu reflexo no espelho.

A única roupa que vestia era uma camiseta do BOPE, a farda pertencia a Roberto, e eu sabia disso por conta do "Nascimento O-" escrito em cima do peito. Minhas teorias se confirmam quando ele apareceu na porta do banheiro, com um sorriso cínico e uma xícara de café.

— "Bom dia, Alice." - Sua voz me dando um choque de realidade sobre a noite anterior.

— "Vamos, por favor"
— "Já falei que não, Laura."

Respondi pela terceira vez quando minha amiga Laura, professora de colégio infantil, me pedia para a acompanhar naquela noite.

— "Você nunca sai, sua vida é aquele batalhão." - Ouvi as reclamações da loira enquanto ela secava a louça que eu terminava de lavar.

— "Meu trabalho é mais puxado, a culpa não é minha." - Tentei me explicar, recebendo um revirar de olhos da parte de Laura.

— "É só um barzinho com música ao vivo, o que tem de mais?" - Laura disse, fazendo uma cara de cão sem dono. - "Eu nunca te pedi nada."

— "Nunca?" - Ri. - "Eu poderia escrever a saga Harry Potter só com pedidos que você já me fez."

— "Tanto faz." - A loira disse, colocando o pano de prato no ombro, e me encarando. - "Uma noite não vai te custar nada."

Bufei e joguei a água que estava na ponta dos dedos no rosto dela, recebendo um tapa em troca.

— "Tá bom..." - Disse e vi a loira comemorar, balançando o pano de prato como uma louca.

Geralmente Laura vinha me visitar nos fins de semana e ficávamos juntas, bebendo, festando e acabando a noite comendo sorvete no chão da cozinha. Ela era minha confidente, Laura era minha melhor amiga. E melhores amigas sabem de tudo, mesmo sem saber.

Laura estava me ajudando a não pensar em Nascimento, no conflito interior que estava tendo, na missão do papa, e me fazendo sair de todo aquela confusão de farda preta e fuzil. Ela só não sabia disso.

Conforte as horas passavam, eu achava que ia morrer de tanto rir com ela. Eu estava tentando me encaixar dentro de um dos vestidos de Laura. Era sábado à noite e, por algum motivo, havia uma lei social que dizia que quanto mais curta a roupa para esse dia, mais atraente você fica. Obrigada sociedade.

— "Você tá linda." - Ouvi Laura dizer e, pelo que pude ver por cima do ombro, ela sorria como uma mãe olhando seus filhotes. - "E sem roupa preta."

Olhei o meu reflexo, sorrindo de canto. Não me reconhecia, não via a Sargento Oliveira ali.
Estava com um vestido azul marinho, solto e com alças tão finas que pareciam que iam estourar a qualquer minuto, com um salto baixo nude e os cabelos caídos pelos ombros, como se tivesse acabado de sair de um jornal desses de rua. Laura terminava de passar o rímel, me agoniando de uma maneira torturante, antes que pegássemos nossas coisas e saíssemos do meu pequeno apartamento.

Sob o comando || CAPITÃO NASCIMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora