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Parte 4: Laços nas Cicatrizes

Na manhã seguinte, Harry organiza um encontro silencioso no Largo Grimmauld. Ele sabe que Draco não se sente confortável com a ideia, mas acredita que esse encontro possa ser um ponto de apoio para todos. Ele convida Hermione, Ron, Pansy e Blaise, sem muitos detalhes, mas o suficiente para que eles entendam a importância de estarem lá.

Hermione é a primeira a chegar. Ao ver a expressão séria de Harry, ela se aproxima e coloca a mão no ombro dele, tentando encontrar algum consolo. Logo depois, Pansy e Blaise chegam, suas expressões preocupadas e cautelosas, mas com uma determinação silenciosa. Ron chega por último, o rosto carregado de ansiedade, mas, ao ver o grupo reunido, ele respira fundo e entra no salão.

Quando Draco chega, ele para na entrada, claramente desconfortável com a situação. Todos o observam, mas ninguém diz nada. Pansy dá um passo à frente, com um brilho de preocupação genuína nos olhos. Ela tenta oferecer um sorriso de apoio, mas sua expressão também revela o medo que sentiu ao saber do surto de Draco.

“Você está bem?” Ela pergunta, a voz tão baixa que mal passa de um sussurro.

Draco desvia o olhar, incapaz de sustentar o peso daquela pergunta. Ele sabe que a resposta é não, mas também sabe que não é o único que se sente assim. Finalmente, ele balança a cabeça, admitindo a vulnerabilidade que sempre tentou esconder. “Não... mas talvez não precise estar, não agora.”

Harry observa a cena, sentindo que algo fundamental está mudando entre eles. Ele olha para Hermione e Ron, que trocam um olhar de compreensão e assentem, como se finalmente entendessem a dimensão do que estão enfrentando.

“Eu também não estou bem,” Hermione admite, quebrando o silêncio. Ela encara o chão, os olhos marejados. “Eu... perco noites de sono pensando em tudo o que poderíamos ter feito diferente. Todos que perdemos...”

Ron coloca a mão nas costas de Hermione, o olhar sombrio enquanto completa, “Às vezes, parece que nunca vamos voltar a ser nós mesmos.” Ele se dirige a Blaise e Pansy, surpreendendo a si mesmo. “Vocês também sentem isso?”

Blaise assente lentamente, a máscara de frieza habitual dando lugar a uma vulnerabilidade visível. “Eu sempre achei que depois da guerra seria só... liberdade. Mas parece que estou preso na minha própria cabeça. Como se tivesse sobrevivido fisicamente, mas uma parte de mim tivesse ficado para trás.”

Pansy desvia o olhar, suas mãos tremendo levemente enquanto fala. “Eu tento ignorar, agir como se fosse algo distante. Mas quando estou sozinha... o medo volta. As memórias vêm de repente, e tudo parece pior do que era.”

Harry observa cada um deles, notando que, apesar de serem tão diferentes, todos estão ligados pelo mesmo sofrimento. Ele respira fundo, sabendo que, para realmente curar, eles precisam enfrentar isso juntos. “Eu sei que talvez não possamos apagar o que aconteceu... mas acho que, se nos apoiarmos, podemos pelo menos diminuir o peso.”

Draco olha para Harry, uma gratidão silenciosa em seus olhos. Nunca imaginou que estaria ali, dividindo suas dores com pessoas que, anos atrás, considerava inimigos. Mas, de alguma forma, essa aceitação mútua de suas fraquezas traz um alívio inesperado, como se finalmente estivesse em um lugar seguro.

“Então... o que fazemos agora?” Pansy pergunta, ainda insegura.

Hermione responde, sua voz firme e decidida. “Nós continuamos tentando. E, sempre que um de nós sentir que não aguenta mais, vamos lembrar que temos uns aos outros. Que podemos pedir ajuda sem vergonha.”

Draco abaixa a cabeça, murmurando em voz baixa, mas clara o suficiente para que todos ouçam. “Obrigado. Eu... achei que nunca diria isso, mas... obrigado.”

E, naquele pequeno salão do Largo Grimmauld, seis almas danificadas pela guerra encontram um começo de cura. Não através de poções ou feitiços, mas na força inesperada de estarem juntos, de carregarem suas cicatrizes como uma lembrança de sobrevivência – e de que, talvez, ainda exista um futuro, por mais sombrio que o presente pareça.

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