2.(Ex)pulsão

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Jungkook

– Porra, Hoseok! – o idiota gritou, erguendo os braços, enquanto eu sorria extasiado.

– Não tinha o que eu fazer, porra! Se o Namjoon tivesse atento... – Isso, que eles continuem brigando entre eles, enquanto a gente vai marcando.

Corri pra abraçar meu time, aproveitando pra fugir um pouco do campo pra receber minha namorada, que pulou empolgada no meu colo, com as pernas em volta da minha cintura.

– Mais um pra você. – Falei baixo, recebendo um selinho e um sorriso.

– Te amo, meu artilheiro. – Meu sorriso aumentou, dando mais um beijo nela.

– Jeon, aqui não é lugar! Volta agora pro jogo ou vai ser suspenso da partida. – Rolei os olhos, colocando Pam no chão.

– Boa sorte, lindo! – Ela gritou de longe.

– Não preciso de sorte, amor. – Pisquei, me colocando na minha posição, vendo Jimin me engolir com os olhos, fazendo meu sorriso aumentar, enquanto o encarava de volta.

A raiva é um dos melhores combustíveis.

Eu odeio esse filho da puta. Odeio mesmo.

Por causa dele, eu perdi meu posto de capitão.

E eu nunca diria isso em voz alta, mas ele é o único capaz de me tirar de um campeonato, como já tirou antes. Por um lado, isso me faz querer que ele suma, por outro, ele é um combustível pra mim.

Cada vez que olho pra cara de Barbie dele, sinto uma vontade absurda de ser melhor, de vencê-lo, e isso me motiva.

Como eu disse, a raiva é um dos melhores combustíveis.

Ela faz nosso sangue ferver, nos tira do eixo, nos faz ter coragem, força. E pra mim, não é muito difícil sentir raiva. Tenho raiva do Jimin, do Gerard, pai dele, às vezes tenho raiva do meu próprio pai; tenho raiva de como ele e minha mãe nunca estão aqui.

Meu pai só aparece nos meus campeonatos.

Minha história com o futebol vem de longa data. E com Jimin também.

Nós estudamos na mesma escola, mas nunca nos demos bem; jogávamos no mesmo time, eu era capitão dele, mas ele nunca me respeitou, sempre dizia que eu conseguia as coisas por ser filho do meu pai.

Mas o mundo não gira, ele capota.

Ano passado estávamos jogando uma final de campeonato, e se iniciou uma briga entre os dois times. Como eu era o capitão da Rosso e ele da Smeraldo, com o bônus de que a gente nunca se suportou, acabamos brigando eu e ele. A briga saiu um pouco do controle, entre vários caras do time. Quando fui separar alguns, Jimin se enfureceu e veio me peitar; nhora eu fiquei cego de raiva e peitei de volta, mas acabei sendo um pouco brusco demais, e Jimin é um porra de um fiasquento, caiu no chão gritando e fazendo um escândalo. Mas por uma grande e infeliz coincidência do destino, Gerard, o pai de Jimin, é diretor da minha faculdade; ele ficou indignado quando soube e ameaçou até me expulsar. Como isso seria algo drástico demais, ele obrigou o treinador a me tirar de capitão do time, e me deixou sob aviso.

E é mais do que óbvio que ele só fez isso por vingança ao filho dele.

– Falta! – O imbecil gritava, enquanto gesticulava pro juiz, apontando pra um dos seus coleguinhas caídos.

– Levanta daí e para de drama. – Rolei os olhos.

– Isso aqui é futebol, filho da puta! Não UFC. Esse seu descontrole com a raiva já te rendeu seu posto de capitão... – murmurou, chegando perto de mim, me fuzilando com os olhos. Ele fazia isso de propósito, pra me tirar do sério, porque eu sou o mais estourado, pelo menos era o que Pamela me dizia. E no fundo eu sabia que era verdade, ele tava me testando. Mas eu não conseguia não ferver de raiva.

– Seu papaizinho te fazer favor é muito diferente de eu me descontrolar.

– O pai que faz favor aqui não é o meu... afinal, todo mundo sabe que só por isso você sempre fica de capitão.

– E você é capitão da Smeraldo porque eu não estudo aqui. – Sorri debochado. – Né, Barbie?

– Barbie é o olho do seu cu!

– Chega, Jimin! Olha o jogo aí voltando! – Antonio, o treinador do time deles, gritou, e nós nos encaramos enquanto ele se afastava. Ele puto da vida, e eu, dando risada. Não sei se eu realmente sou o mais esquentado de nós dois, Jimin é um porra de um pavio curto.

Jimin

– Cara, já ficou sabendo? – Hoseok perguntou em um tom baixo, olhando pros lados, e eu sabia que faria uma fofoca.

– Desembucha. – Rolei os olhos, rindo.

– Fofoqueiro...

– Você que tá me passando a fofoca. – Tirei a toalha, me vestindo. – Conta logo. – Ele abriu o próprio armário, enquanto secava os cabelos.

– Jungkook pode ser expulso da Rosso... – Arregalei os olhos, parando de me vestir e olhando pro lado.

– Tá me zoando? – Hobi riu, negando.

– A coisa foi feia, talvez seu pai comente algo quando chegar em casa.

– Mano, não é possível. Mas por quê? O que rolou? – Eu ri, voltando a me vestir. – Deve ter agido como um homem das cavernas, que é o que ele faz de melhor.

– Tipo isso. – Deu de ombros. – Não sei direito o que rolou, só sei que foi alguma coisa com um dos caras do time, e que a própria reitora o expulsou. – Abri a boca, surpreso.

– Então ele foi mesmo expulso? Você falou "pode ser expulso"...

– Ele foi, mas sabe como funciona ali né, talvez o pai dele consiga reverter a situação.

– Tomara que não, filho da puta. – Coloquei minha camiseta, e então algo brilhou em minha mente, e eu olhei pro rosto ao meu lado, que se vestia. – Hobi! – Ele me olhou assustado. – Se ele for expulso, não vai mais jogar contra a gente no campeonato! – Hoseok riu.

– É óbvio, cabeção. Por que cê acha que tô feliz?

– Eu tô feliz porque ele se fudeu. – Dei de ombros, fechando meu armário.

– Que isso, Park, é estudo, pô. Não se deseja isso nem pra inimigo.

– Ele já passou da categoria inimigo, ele é a porra da pedra no meu sapato. Se ele se fode, eu fico feliz. – Hobi negava com a cabeça. – O pai dele o enfia em outra faculdade em um minuto, aposta quanto?

Linhas cruzadas • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora