O rugido da cachoeira ecoava na caverna, um som constante que parecia querer abafar os pensamentos de Agatha. Ela se encolheu no chão frio e úmido, seus olhos fixos na água que caía, um turbilhão incessante que espelhava a confusão em sua mente. A promessa de Rio ecoava em seus ouvidos: "Eu quero que você confie em mim." Mas como poderia confiar em alguém que surgiu do nada, que conhecia sua mãe e seus segredos, e que falava de perigos que ela não conseguia entender? A desconfiança era um nó apertado em seu peito, e a cada momento que passava, a dúvida se tornava mais forte. Será que Rio era mesmo quem dizia ser? Ou seria mais uma armadilha, uma nova forma de manipulação que sua mãe usava para controlá-la?O cheiro de terra úmida e musgo impregnava o ar, misturado ao aroma de flores silvestres que, inexplicavelmente, floresciam na sombra da caverna. Agatha se levantou, sentindo a umidade fria grudar em suas roupas. A cachoeira, antes um rugido que a enchia de apreensão, agora soava como um sussurro distante. Ela se aproximou da entrada da caverna, buscando o sol que se espreitava entre as árvores.
A floresta parecia diferente, mais viva, mais intensa. Os tons de verde se intensificavam, as sombras se alongavam, como se a própria natureza estivesse em sintonia com a presença de Rio. Ela estava ali, sentada em um tronco caído, os cabelos negros emolduravam um rosto sereno, e seus olhos escuros, como a noite, a observavam com uma calma que a desconcertava.
- Você está bem? - perguntou Rio, sua voz suave como o vento que soprava entre as folhas. Ela se levantou, estendendo a mão para Agatha. - Eu sei que tudo isso é muito para processar. Mas eu estou aqui para te ajudar.
Agatha hesitou, a desconfiança ainda a dominava. Mas algo em seu olhar, uma promessa silenciosa, a fez hesitar. Ela colocou a mão na dela, e o toque, frio e firme, a fez sentir uma corrente de energia percorrer seu corpo.
- Quem é você, Rio? - perguntou, sua voz tremendo. - O que você quer de mim?
Rio sorriu, um sorriso que não alcançava seus olhos.
-Eu quero te mostrar o mundo, Agatha. Um mundo que você nunca imaginou.Agatha sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O que ela estava escondendo? O que a esperava além daquela floresta? Ela não conseguia deixar de se sentir atraída por ela, mas também não conseguia ignorar o medo que a rodeava.
- E você é mesmo quem diz ser? - perguntou, tentando decifrar o enigma que era Rio.
- Eu sou quem você precisa que eu seja - respondeu Rio, seus olhos brilhando com uma intensidade que a deixava inquieta. - Eu sou a única pessoa que pode te ajudar a encontrar o seu caminho.
Agatha se viu dividida entre a desconfiança e a promessa de algo novo, algo que a atraia e a amedrontava ao mesmo tempo. Ela sabia que precisava tomar uma decisão, mas a dúvida ainda a assombrava.
- Eu preciso de tempo - disse, sua voz fraca, mas firme. - Preciso entender o que está acontecendo.
Rio assentiu, sua expressão impenetrável. - Eu esperarei. Mas não se esqueça, Agatha, o tempo é um luxo que nem todos podem se dar.
Ela se virou e desapareceu na floresta, deixando Agatha sozinha, com a cachoeira a cantarolar em seus ouvidos e a dúvida a corroer por dentro.
Agatha se sentou no chão frio da caverna, as mãos tremendo. Onde Rio havia ido? O que ela estava escondendo? A floresta parecia mais escura agora, as sombras mais ameaçadoras. O rugido da cachoeira soava mais alto, como se estivesse zombando de sua fragilidade.
De repente, uma sombra se projetou na entrada da caverna. Rio estava de volta, seus olhos brilhando intensamente. Ela se aproximou de Agatha, seus dedos frios tocando o rosto dela.
- Não tenha medo, Agatha - sussurrou Rio.- Eu estou aqui para te proteger.
Agatha se encolheu, a desconfiança se intensificando. Ela não conseguia confiar em Rio, mas também não conseguia se livrar da sensação de que estava sendo puxada para um abismo, um abismo que a atraia e a amedrontava ao mesmo tempo.
- Sua mãe não está mais por perto, acho que já podemos sair daqui. Agatha, não muito longe daqui tem uma cabana onde podemos ficar até você decidir se confia em mim ou não.
Agatha olhou para Rio com uma mistura de alívio e insegurança.
— Você realmente acha que é seguro? — perguntou Agatha, hesitante.
— Eu prometo que sim. A cabana está protegida, longe dos olhos do coven e da sua mãe. Podemos ter um tempo para nós, longe da magia e dos conflitos — respondeu Rio, estendendo a mão.
Agatha hesitou por um momento, mas a determinação nos olhos de Rio e a promessa de proteção a encorajaram. Ela entrelaçou os dedos na mão dela e, juntas, seguiram por um caminho coberto de folhas secas e sombras dançantes.
Enquanto caminhavam, Agatha sentiu a energia ao seu redor mudar. A natureza parecia vibrar, em sintonia com a presença de Rio. As árvores sussurravam segredos antigos, e o ar estava carregado de uma expectativa mágica. Agatha não conseguia deixar de pensar em tudo que havia acontecido, no poder que ela havia despertado e na fúria do coven.
Após alguns minutos de caminhada, elas chegaram à cabana. O lugar era simples, mas tinha um charme rústico. A madeira era escura e os janelões deixavam entrar a luz suave do sol. Rio a conduziu para dentro, onde um cheiro de madeira e terra molhada preenchia o ar.
— Aqui estamos — disse Rio, fechando a porta atrás delas. — Podemos ficar aqui o tempo que precisar.
Agatha se virou para ela, a confusão ainda visível em seu olhar.
— Rio, eu… eu preciso entender tudo isso. O quem você é, o que aconteceu com o coven e por que você decidiu ficar comigo?
Rio respirou fundo, os olhos dela refletindo a intensidade de suas emoções.
— Eu sou a Morte Agatha, mas também sou mais do que isso. Eu escolhi ficar com você porque vi em você uma luz, uma força que eu nunca conheci. E, mesmo que meu papel seja guiar almas, eu não conseguia deixar você ir. O que aconteceu com o coven foi resultado do seu poder, e eu só queria proteger você.
Agatha sentiu uma onda de emoções. Havia medo, confusão e uma profunda conexão entre elas. Ela sabia que precisava fazer escolhas difíceis, mas, por agora, a segurança daquela cabana e a presença de Rio a faziam se sentir um pouco mais leve.
— Vamos descobrir isso juntas — disse Agatha, determinada. Ela sabia que o caminho à frente seria complicado, mas com Rio ao seu lado, sentia que poderiam enfrentar qualquer desafio.
As duas se aproximaram, e naquele momento, o passado deu lugar a um futuro incerto, mas cheio de possibilidades. Elas estavam prontas para enfrentar o que viesse, lado a lado.
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Love & Death - Agathario
FanfictionAmor e Morte Agatha, uma jovem bruxa de 15 anos, morena e ainda aprendendo magia, foge de casa e encontra uma mulher na floresta chamada Rio Vidal.