Love & Death - cap 03

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O sol começava a se pôr, tingindo o céu com tons vibrantes de laranja e roxo, enquanto Agatha e Rio estavam na cabana, sentadas em um canto aconchegante, cercadas por paredes de madeira escura e o aroma inebriante da terra úmida. Apesar do calor do momento, uma tensão palpável ainda pairava no ar, como uma névoa densa que obscurecia a clareza dos seus pensamentos. Agatha observava Rio com um misto de curiosidade e apreensão, cada palavra que a jovem bruxa proferia parecia carregada de segredos e promessas, como um véu misterioso que escondia uma verdade profunda. A sombra do coven de sua mãe ainda pairava sobre elas, e a jovem sentia que cada instante estava repleto de decisões que poderia mudar o rumo de sua vida, como um rio que se divide em inúmeras correntes, cada uma levando para um destino diferente. "O que realmente aconteceu com o coven? O que a morte de minha mãe significaria para mim?", pensou, enquanto a brisa suave entrava pela janela, trazendo consigo o sussurro das folhas e um chamado para que ela finalmente deixasse suas dúvidas de lado e se entregasse à nova realidade que estava se desenhando diante dela, como um mapa que se revela aos poucos, revelando caminhos desconhecidos.

Rio, percebendo a inquietação de Agatha, estendeu a mão e acariciou o rosto dela. Seus dedos frios, como a pedra da caverna, traziam uma sensação reconfortante, como um toque suave que acalmava a tempestade em seu interior. "Não precisa ter medo, Agatha. Eu estou aqui para te ajudar a entender tudo. Você não está sozinha." Agatha, apesar de sentir um leve tremor em seu interior, se viu buscando a segurança nos olhos escuros de Rio, como um farol em meio a uma noite escura, como se eles pudessem oferecer uma resposta para as perguntas que a atormentavam. Ela se sentia dividida entre a desconfiança que a acompanhava desde a infância e a promessa de uma nova vida que Rio parecia oferecer, como um pássaro que se debate entre a segurança do ninho e a liberdade do voo.

Agatha se lembrou da última vez que sua mãe a havia tocado, a sensação fria e dura de seus dedos, como garras de gelo, a força bruta com que a segurava, como se ela fosse um simples objeto, a voz seca e cruel que lhe sussurrava palavras de ameaça, como um vento gélido que cortava os ossos.  Lembrava-se da sensação de impotência, de ser apenas uma ferramenta, uma extensão da magia de sua mãe, nunca uma pessoa.  Sua mãe a usava para seus próprios objetivos, para alimentar seu poder, para se vingar de seus inimigos. Ela a obrigava a praticar rituais obscuros, a canalizar energias negativas, a se alimentar de sentimentos de raiva e ódio. A lembrança da última vez que sua mãe a havia tocado, a havia usado para um ritual de magia negra, a deixou com um calafrio. A sensação de frio e dor ainda ecoava em seu corpo.

Com um pouco de medo, Agatha se aproximou de Rio e deitou a cabeça no ombro dela. O cheiro de flores silvestres e terra úmida que emanava de Rio a acalmava, como se a própria natureza estivesse a envolvendo em um abraço protetor. Ela fechou os olhos, buscando conforto naquele abraço silencioso, e sussurrou:
- Eu preciso confiar em você, Rio. Mas preciso entender. Preciso saber quem você realmente é. - Rio, em resposta, apenas apertou o abraço, seus dedos frios deslizando por seus cabelos, como se estivesse transmitindo uma força invisível, uma promessa silenciosa de que tudo ficaria bem.

Rio, com um sorriso gentil, disse:
- Eu entendo, Agatha. Você tem o direito de saber. Mas prometo que não vou te machucar. Eu quero te ajudar a encontrar seu caminho, a descobrir quem você realmente é. E para isso, você precisa confiar em mim. - Ela afastou um pouco o rosto de Agatha, olhando para ela com olhos cheios de compreensão. - Você é poderosa, Agatha. Mais poderosa do que imagina. E esse poder pode ser usado para o bem ou para o mal. Eu quero te ajudar a escolher o caminho certo.

Agatha, ainda hesitante, mas sentindo uma ponta de esperança, respirou fundo e disse:
- Eu quero saber. Quero saber tudo sobre você, sobre o que aconteceu com o coven, sobre o meu poder... sobre tudo. - Ela olhou para Rio, seus olhos cheios de uma mistura de medo e curiosidade. - Mas prometo que não vou te julgar. Vou tentar entender.

Rio assentiu, seus olhos brilhando com uma luz suave.
- Então vamos começar pelo começo. Você precisa saber quem eu sou, Agatha. Eu não sou apenas a Morte, como muitos acreditam. Eu sou a guardiã das almas, a que guia os espíritos para o outro lado. Mas também sou muito mais do que isso. Eu sou a força da natureza, a energia que pulsa por todas as coisas. E eu escolhi te ajudar porque vi em você algo especial, algo que me chamou atenção.

Agatha franziu a testa, confusa.
- Algo especial? O que você quer dizer?-  Rio sorriu, um sorriso misterioso que a fez sentir um arrepio percorrer sua espinha.

Love & Death - AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora