_Jasmine_
Desliguei o celular e joguei ele na cama, sentindo aquele aperto no peito, uma angústia que não soltava. Três dias. Três dias desde que a Lobo saiu pra missão e, até agora, nada dela. Nenhuma notícia direito. O pouco que eu sei é o que o Foguinho fala de vez em quando, mas sempre assim, uma coisa rápida, sem muito detalhe. Como se fosse pra não me preocupar mais.
Ela tinha me avisado que o lugar era complicado, que o sinal lá era quase zero e que o trampo ia ser corrido. E eu tentei me preparar, sabe? Só que o coração parece que não entende. Minha mente não se aquieta, só quer saber se ela tá bem, se tá viva. Nem que fosse um "oi" rápido. Só isso já ia bastar, mas até agora, nada. E parece que cada hora que passa, mais a ansiedade cresce.
Tô sem comer. Dormir então, nem se fala. Só tô conseguindo trabalhar porque sei que, no fim, o dinheiro cai na conta e eu tenho que pagar as contas. Mas fora isso? Nada presta. Eu tô só o bagaço, tentando achar uma distração. Me vejo pensando nela o tempo todo, lembrando do rosto dela, das últimas palavras que ela disse antes de sair. E é como se o mundo ao redor tivesse parado.
Fui pro quarto e liguei a TV, achando que, se colocasse um filme, ia conseguir distrair a cabeça um pouco. Peguei o controle e fui direto abrir a Netflix. Mas, antes mesmo de escolher qualquer coisa, a tela travou num plantão de jornal. Aquele som de plantão já me deu um frio na barriga. Fiquei ali, paralisada, olhando o que parecia ser ao vivo.
"Atualmente, ocorre um dos maiores confrontos entre criminosos e autoridades policiais. Na madrugada de hoje, uma das instituições bancárias mais renomadas de Santa Catarina foi alvo de um assalto. A polícia chegou ao local no momento exato em que os infratores estavam deixando o estabelecimento. Embora tenham tentado evadir-se, as autoridades conseguiram localizá-los. Neste momento, um intenso confronto está em curso entre as duas partes. Mais informações serão divulgadas oportunamente durante o nosso plantão de notícias."
Quando ouvi aquilo, o mundo deu uma escurecida. Minha visão ficou turva e, por um segundo, era como se o corpo todo tivesse desligado. Desliguei a TV no mesmo instante, sem nem querer saber de mais nada do repórter. Me joguei de novo na cama, fechei os olhos com força e só conseguia pedir, em pensamento, que nada de ruim acontecesse com ela. Que alguma coisa, alguma força divina, protegesse a Natália.
Sentia as lágrimas descendo sozinhas, e não fiz esforço nenhum pra segurar. Só queria que ela voltasse, que estivesse bem. Fiquei ali, com a mente cheia de orações e pedidos, sem saber se ia adiantar alguma coisa. Mas era tudo o que eu tinha. No fundo, era como se, em pensamento, eu pudesse proteger ela de alguma forma.
Eis que o telefone toca. O toque alto me fez dar um pulo, eu quase caí da cama de tão rápido que levantei pra atender. Olhei a tela: era o Foguinho. A mão tremia quando levei o celular ao ouvido, já imaginando o pior, mas na esperança de ouvir uma boa notícia.
•Ligação on•
Foguinho: Fala tu, patroinha, tá de boa aí?
Jasmine: E a Lobo, Foguinho? Pelo amor de Deus, me fala que tá tudo certo com ela!
Do outro lado, ele deu aquele suspiro pesado, que me fez congelar por um segundo.
Foguinho: Calma, patroinha. Relaxa que a Lobo tá bem. O negócio lá tá pegado, mas ela tá inteira. Ela não pode pegar no telefone agora, ainda tão no meio do corre, mas ela me pediu pra te ligar, avisar que logo mais vocês vão se falar.
O "tá viva" que ele disse foi tudo o que eu precisava ouvir naquele momento. Era como se um peso gigante tivesse saído das minhas costas. Mas mesmo assim, não consegui sentir o alívio completo. Só ouvir que ela tava bem já ajudava, mas não resolvia tudo. Tentei não deixar o Foguinho perceber o quão abalada eu tava. Agradeci rápido e desliguei.
•Ligação off•
Depois disso, desabei no chão do quarto, encostada na cama. Não dava pra segurar as lágrimas, e elas começaram a descer sem controle. Ela tava viva, mas parecia que isso ainda não era suficiente. Eu precisava ver ela, saber que ela tava realmente inteira. Esse medo de perder a Natália de verdade me consumia cada vez mais, eu sabia que não era uma boa ela ir pra essa missão.
Fiquei ali, encostada, me perguntando por que ela tinha que escolher um caminho tão perigoso. Eu só queria que ela estivesse comigo, aqui, na paz. Mas, ao mesmo tempo, sabia que era inútil pensar nisso. A personalidade dela é assim, destemida, sem medo de encarar o perigo, e talvez fosse esse jeito dela que me fazia refém a ela.
As horas foram passando, e eu já tava sem forças de tanto chorar. Fui pra cozinha, fiz um café com leite bem forte e sentei na bancada. Fiquei ali, sozinha, olhando a fumaça subir da xícara. Cada gole parecia que me trazia de volta à realidade, mas a mente não parava. Pensava nela, em tudo que a gente viveu nos últimos tempos, e no medo que tinha de ela não voltar dessa vez.
E enquanto o tempo ia passando, eu pegava o celular a cada cinco minutos, na esperança de alguma coisa, qualquer sinal. Quando o aparelho ficava mudo, era como se me desse mais um soco. Mas sabia que não adiantava, era questão de esperar. A ansiedade só crescia, e a madrugada virou dia. Lá fora, a luz começava a entrar pela janela, mas eu continuava ali, sozinha, com aquele vazio enorme.
Sei que o dia vai ser longo, mas, de alguma forma, tenho fé. Ela vai voltar.
...
Notas da autora; Não gostei da versão da Lobo sobre a missão, e resolvi publicar a Jasmine narrando mesmo.🫠
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Ritmo do crime (romance sáfico)
Roman d'amour[+16] Duas almas destinadas a serem uma da outra,mas,não será tão fácil, na caminhada de ambas terão várias pedras para separar as duas. será que vale a pena arriscar tudo por um amor? 1°lugar na tag romance sáfico.🥇 1°lugar na tag ficção 🥇 2° lug...