capítulo 39

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_Lobo_

O maior erro do ser humano é a ingratidão, a traição contra quem um dia te tirou do fundo do poço. E no mundo do crime, isso é o que mais tem: gente querendo subir nas suas costas, independentemente do que você tenha feito por ela.

Mas pra cada um desses, sempre tem um maluco pronto pra contra-atacar e derrubar o traíra. A favela tá cada vez mais sinistra. A cada dia que passa, os perigos aumentam, e o clima de desconfiança só cresce.

Marcola tá com um plano grande em mente, e dessa vez o alvo é pesado: o delegado. A palavra que corre é que alguém da nossa própria boca entregou informações pra ele. O homem agora só anda com colete à prova de balas e um exército de seguranças ao redor. Ele sabe que estamos no encalço, mas tá preparado.

Um dos X9, a gente já descobriu quem é: o Bruninho. O moleque sumiu da favela antes de conseguirmos dar o bote nele. Desapareceu como fumaça, rápido demais pra não ser suspeito. Mas o que preocupa mais é que parece que tem outro dedo-duro entre nós.

Marcola tá louco, virou a boca de cabeça pra baixo pra tentar descobrir quem é o segundo X9. A tensão só cresce, e a pressão tá sufocante. O reforço nos plantões aumentou, mas eu, por sorte, ainda me mantive no meu plantão regular. Jasmine, é o motivo de eu continuar nesse mesmo esquema. Eu cuido dela, e se algo acontecer com ela, eu tô morta.

Minha sorte é que Jasmine não dá muito trabalho. Só sai pelo morro, e quando vai pra pista é por causa da faculdade. Mas mesmo assim, é uma responsabilidade que pesa. Qualquer deslize e o preço vai ser alto.

_Vou falar só uma vez. Não sou papagaio pra repetir nada._ A voz do Marcola ecoou pelo barraco.

Ele tava passando as diretrizes do plano pra pegar o delegado. Mas como eu já disse, não vai ser fácil. O cara tá cercado de segurança, e o único jeito de chegar nele é atacando seu ponto fraco.

Na facção, quando queremos derrubar um peixe grande, vamos atrás dos filhotes. E não é diferente agora. Marcola tá de olho na família do delegado. Ele sabe que o homem é cuidadoso, mas todo cuidado tem uma brecha.

Além disso, tem o Roni, que tá na jogada junto com os canas. Ninguém ainda sabe o motivo dessa aliança, mas isso não vai ficar assim por muito tempo. Porque quando queremos matar uma árvore, a gente arranca pela raiz. Se o Roni tá do lado do delegado, ele vai pro micro-ondas da mesma forma. O fim dele já tá escrito.

_Eu achando que tomar banho de sal grosso ia me livrar de problema..._ murmurou o Foguinho do meu lado, com uma ironia pesada na voz.

_Da onde tu tirou isso?_ perguntei, já sabendo que vinha de alguma bobagem que ele viu na internet.

_Vi no TikTok, mas parece que não funcionou, né? Olha onde eu tô: me preparando pra matar um delegado. Digo mais nada _

Mal deu tempo de rir, e a voz do patrão cortou o ar pesado do barraco.

_ As maricotas já terminaram o papo ou vou ter que esperar?_

O silêncio foi instantâneo.

_Foi mal aí, chefe_ Foguinho falou, botando a mão no bolso e calando a boca na hora.

Passamos o resto do dia todo ali, estudando cada movimento do delegado. O Marcola decidiu que o alvo principal vai ser o filho do homem. Pelo que soubemos, o moleque mora com a avó em Santa Catarina, bem escondido. Nem registro O menino tem, pra dificultar a vida dos inimigos.

Mas não adiantou. Nada vai impedir o que tá pra acontecer.


...

Ritmo do crime (romance sáfico)Onde histórias criam vida. Descubra agora