futuro próximo | cap. 22

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Dois dias após a luta intensa contra Kakashi, Naruto mal teve tempo de respirar antes de ser surpreendido pelo inesperado. O pedido de Tsunade para um intervalo de quatro dias, prontamente concedido pelos Daimyos, ofereceu a ele uma breve pausa, mas mesmo assim ele não pretendia permanecer em Konoha além do essencial. Já havia retornado a Uzunamikagure, sua verdadeira casa, onde encontrava refúgio.

O destino, porém, tinha outros planos. Contra todas as previsões, Naruto entrou em trabalho de parto, embora seus bebês estivessem previstos para nascer apenas um ou dois meses depois. A surpresa foi tamanha, mas Naruto, mesmo num momento tão inesperado, manteve-se firme. Em meio a esse evento tão grandioso, ele estava na ala hospitalar, especialmente preparada para esse momento. Tudo fora planejado com cuidado, e Naruto estava rodeado pelas pessoas mais próximas e que ele mais amava.

Ao seu lado, segurando sua mão, estava Kurama. A presença do marido era sua âncora, sua força. O calor da mão de Yōgan em contraste com o frio das paredes era tudo que Naruto precisava para saber que estava seguro e amparado. Era uma conexão indescritível, onde o toque de Yōgan comunicava força, amor e o compromisso de atravessar qualquer tempestade ao seu lado. Naruto sabia que, com ele ali, qualquer dor seria suportável, qualquer medo dissipado.

Oshieru, sempre uma figura de apoio e tranquilidade, mantinha-se por perto. Seus olhos, observadores e amorosos, transmitiam a calma que Naruto precisava. Iruka, que o acompanhara desde seus primeiros passos, estava a poucos metros. Seu olhar materno estava carregado de emoção — orgulho, ansiedade, e, acima de tudo, um amor genuíno que só uma verdadeira família poderia oferecer.

Ao lado, os três padrinhos das crianças: Gaara, Itachi e Orochimaru, estavam em silêncio respeitoso, mas profundamente emocionados. Gaara, com seu semblante firme e determinado, lançava olhares de proteção para Naruto, como se estivesse pronto para intervir a qualquer momento, caso algo ameaçasse a segurança de seu amigo — e, apesar de seu semblante nulo de emoções, as lágrimas de emoção que fluiam de seus olhos o traiam. Itachi mantinha um sorriso quase imperceptível. Ele sabia o valor de cada momento, e naquele instante, parecia gravar cada segundo, absorvendo a grandiosidade do nascimento dos filhos de Naruto — seu amigo, irmão e salvador. Orochimaru, por sua vez, observava atentamente, e seus olhos, geralmente enigmáticos, revelavam uma rara ternura. Apesar de seu histórico marcado por mentiras e segredos, naquele momento, ele parecia outra pessoa. Ele era outra pessoa.

A sala estava em paz, permeada por um silêncio quase sagrado, interrompido apenas pelos sons suaves da respiração de Naruto e das máquinas que monitoravam seu progresso. Ele, no entanto, estava focado em uma única coisa: o nascimento de seus filhos. Cada contração, cada dor, era suportada com uma força monumental, e ele sabia que cada segundo o aproximava mais do que sempre desejou — uma família.

Naruto, sentindo-se exausto, mas determinado, fixou seu olhar em Yōgan. Com um sorriso fraco, sussurrou, quase como um segredo entre eles.

— Vamos conhecer nossos filhotes.

E, naquele instante, soube que todo o sofrimento, cada batalha e cada escolha difícil valeram a pena. Ele estava prestes a trazer ao mundo as partes mais preciosas de si, e estava cercado das pessoas que mais amava.

[...]

O grito de Naruto cortou o silêncio do hospital como uma lâmina, ecoando de forma assustadoramente intensa pelos corredores e deixando claro que o momento havia chegado. Todos no prédio ouviram e entenderam o que aquele grito significava. O anúncio da chegada dos trigêmeos reverberou e trouxe um sentimento de ansiedade, tensão e, ao mesmo tempo, de esperança. A notícia não tardou a alcançar os ouvidos daqueles que aguardavam ansiosamente do lado de fora e também alertou os médicos que haviam sido escolhidos cuidadosamente para essa ocasião, os quais entraram rapidamente na sala, devidamente vestidos e equipados para o momento.

Quando os médicos se posicionaram, a cena era singular e solene. Naruto estava deitado na maca, que fora posicionada estrategicamente no centro da sala para o parto. E, de maneira que poderia parecer incomum para alguns, seus braços estavam contidos por correntes grossas e pesadas, ancoradas ao chão. Essa contenção não era um capricho; era uma precaução que ele havia pedido de forma expressa. Conhecendo a própria natureza de sua energia, Naruto sabia que, em um momento de tanta intensidade, sua parte demoníaca — a essência das Bijuu que habitavam nele — poderia emergir incontrolavelmente, manifestando poderes que ele talvez não fosse capaz de conter.

As correntes, a cúpula de chakra ao redor da sala, os selos de contenção espalhados pelo prédio e até o andar totalmente evacuado... Tudo era parte de uma rede de segurança que ele havia arquitetado com meticulosidade. Naruto estava determinado a não reviver incidentes do passado, a não permitir que a intensidade do seu poder colocasse qualquer um de sua vila em risco. Para ele, era uma questão de honra e autoproteção, pois a ideia de machucar inocentes lhe era intolerável.

Alguns minutos depois, o silêncio foi novamente rompido pelo barulho das portas se abrindo com força, marcando a entrada de Kurama, Oshieru e Iruka. A expressão no rosto dos três era de uma mistura complexa de apreensão e cuidado. Estavam todos preparados, vestindo os equipamentos hospitalares — toucas, máscaras, luvas —, não apenas por segurança, mas também em respeito à solenidade e à delicadeza da ocasião.

Do lado de fora, embora tivessem a permissão de Naruto para estarem dentro da sala desde o início, Gaara, Itachi e Orochimaru optaram por observar pelo vidro. Gaara, sempre o pilar de autocontrole, surpreendentemente hesitava. A responsabilidade e o medo do que poderia acontecer, da sua presença alterar o fluxo natural das coisas, eram pesados demais para ele. Não confiava em suas próprias reações e, sem conseguir expressar totalmente suas razões, encontrou na cautela uma saída. Em um ato de amizade, convenceu — ou melhor, obrigou, ameaçou — tanto Itachi quanto Orochimaru a ficarem com ele do lado de fora. A decisão era baseada em proteção, e os três entenderam que, embora suas presenças fossem importantes para Naruto, naquele instante, estarem lá fora era a melhor forma de apoiar seu amigo.

O que Gaara, Itachi e Orochimaru viam do vidro era um espetáculo emocionante e assustador. A sala estava preparada, os profissionais alinhados e Naruto, em sua força e fragilidade, estava pronto para dar à luz. Cada segundo parecia uma eternidade. A atmosfera era carregada, e as camadas de chakra e proteção em volta da sala só aumentavam a solenidade do momento.

Enquanto Iruka, com o olhar protetor de uma mãe, observava Naruto em seus esforços, Oshieru mantinha-se próximo, sua calma irradiando como uma força estabilizadora para todos ali. E Kurama, como sempre, estava ao lado de Naruto, fornecendo-lhe força em todos os sentidos. Ele mantinha uma mão firme sobre o ombro de Naruto, sussurrando palavras de conforto e encorajamento. Sabia que esse era o momento de redenção e felicidade que ambos esperavam, um recomeço tão esperado e finalmente real.

O hospital, agora silencioso em respeito ao nascimento, testemunhava um dos momentos mais marcantes e belos da história de Uzunamikagure.

consequência | kuranaruWhere stories live. Discover now