O grito de Naruto atravessou os corredores do hospital como um trovão, anunciando a intensidade da batalha interna e física que ele enfrentava. Em um parto que se estendia por doze horas, a esperança de que tudo se resolveria rapidamente havia dado lugar à exaustão, ao desespero. Cada segundo era uma eternidade marcada por uma dor lancinante, uma dor que parecia desafiar os limites do corpo e da alma. Ele queria acreditar que, em breve, teria seus bebês em seus braços, mas o sofrimento o arrastava para um estado onde até mesmo essa esperança começava a se desfazer.
Kurama estava ao lado dele, apertando sua mão e mantendo uma expressão firme, mas em seus olhos havia um medo impossível de esconder. Seu rosto, geralmente tão neutro, estava tenso, e as caudas que apareceram involuntariamente denunciavam sua própria luta para conter o medo e proteger Naruto com sua presença.
— Vamos, amor. Você consegue — ele disse, sua voz rouca pela preocupação, um esforço constante para manter a calma e tranquilizar o amado.
Iruka, com seu jeito sempre carinhoso e maternal, inclinou-se sobre Naruto, enxugando o suor que escorria de sua testa, tentando proporcionar algum alívio em meio ao caos.
— Não desista, filhote — ele sussurrou, as palavras carregadas de afeto e preocupação. — Seus filhotes estão esperando por você. Eles precisam de você!
Ao lado deles, Oshieru tentou oferecer a serenidade que Naruto tanto precisava. Sua voz era uma âncora em meio à tempestade de dor e incerteza.
— Hime, estamos todos aqui. Vai dar certo. Estamos com você, agora e sempre!
Mas, mesmo cercado pelo apoio e amor de sua família, Naruto sentia o peso esmagador da dor e do desespero. Sua respiração era pesada, o peito subia e descia em um ritmo irregular.
— Eu... Eu não vou conseguir! — ele chorou, a voz trêmula, as lágrimas molhando seu rosto já tão marcado pelo esforço. — Está doendo... E-está doendo muito! E-eu vou morrer!
Era mais do que a dor física; era o terror de perder o controle. Naruto sabia que seu lado demônio, a energia avassaladora que residia em seu ser, estava à espreita, ameaçando tomar o controle a qualquer momento. E ele temia o que poderia acontecer se essa força emergisse sem limites. Em sua mente, a visão do passado voltava como um pesadelo. Ele sabia que, se perdesse o controle, poderia pôr em risco a vida dos próprios filhos e também destruir uma parte significativa de sua vila. Ele não podia permitir que esse cenário se concretizasse. Ele precisava ser forte, não por si mesmo, mas pelos pequenos que esperavam dentro de si, pela família que acreditava nele.
E então, uma esperança cintilou quando o médico anunciou um progresso. — Estou vendo uma cabeça!
As palavras ecoaram como um raio de luz em meio à escuridão, trazendo uma nova força a Naruto. Mesmo com os músculos exaustos e a mente cambaleando entre o desespero e a esperança, ele reuniu cada fragmento de força que ainda possuía. Com um último esforço, apertou as mãos de Kurama e Iruka com força, usando a presença deles como âncoras. Ele empurrou com cada pedaço de sua alma, sentindo cada centímetro de dor, mas também sentindo a determinação que crescia dentro de si.
O silêncio repentino na sala foi como o prelúdio de uma nova vida, e então o choro de um bebê encheu o ambiente. Era um som frágil e ao mesmo tempo forte, um primeiro grito que parecia conter o poder de todo um novo mundo. Todos prenderam a respiração por um momento, absorvendo o que testemunhavam. Kurama, Oshieru e Iruka sentiram a emoção em seus corações; o primeiro bebê de Naruto, o fruto de sua força e perseverança, estava entre eles.
Naruto olhou para o pequeno ser colocado em seus braços, um menininho com cabelos avermelhados, herdados de Kurama, e sentiu uma emoção que ultrapassava qualquer dor que ele havia sentido. Ele soube, naquele instante, que cada lágrima, cada grito, cada segundo de luta havia valido a pena. Ali estava seu filho, seu Koichi*.
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consequência | kuranaru
FanfictionAcusado injustamente de tentar assassinar Sasuke Uchiha, o último membro da prestigiada família Uchiha, Naruto Uzumaki foi banido de Konohagakure e da Capital do Fogo. Sem direito a defesa ou julgamento justo, ele foi expulso, abandonado por aqueles...