Eram três famílias para visitar, seria um dia longo. Ouvir depoimentos de parentes das vítimas sempre era difícil, quando eram pais que haviam perdido seus filhos, pior ainda.Estávamos na frente da casa de Larissa Collins, a primeira vítima, onde os pais dela já nos esperavam. Entramos, eu já conhecia eles, pois estava presente nos primeiros depoimentos. Carlos e Helena eram um casal bem sucedidos, era perceptível que Larissa como filha única, teve todo o apoio e suporte de seus pais durante a sua vida. Eles pareciam ter uma relação muito próxima, era algo perceptível em todas as três vítimas, a ótima relação com os pais.
- Larissa chegou aqui quando era apenas um bebê, e a conexão foi tão grande que parecia que eu tinha gerado, ela foi minha filha desde o primeiro encontro, nunca tive dúvida disso. - a fala de Helena me chamou atenção, era uma informação que não tinha me atentado tanto no primeiro depoimento, quando viemos conversar com eles, Rebeca não tinha entrado na "jogada" ainda, e a conexão da adoção não era tão relevante na época.
- Ela foi adotada quando ainda era recém nascida? - eu questionei, enquanto anotava para confirmar isso nas próximas famílias.
- Ela tinha um ano. - Carlos confirmou. Mesma idade de Rebeca quando foi adotada, mais uma conexão.
Comecei a levar a conversa para outro lado, tentar descobrir algo que ajudasse a identificarmos o modus operandi do suspeito, entender como ele chegava até essas mulheres era imprescindível para evitarmos novas vítimas.
- A Larissa demonstrava preocupação com segurança, ou mencionou sentir-se observada antes do incidente?
- Ela tinha uma certa preocupação pela sua profissão, a área que ela atuava dentro do direito a deixava mais "exposta", eram casos grandes que ela costumava defender, mesmo estando no início da sua carreira. Mas não teve nada específico, nada que ela tivesse compartilhado com a gente pelo menos. - Carlos afirmou e eu assenti, seguindo minhas anotações.
- Ela frequentava algum lugar regularmente, como uma academia, um clube ou eventos específicos?
- Ela ia a eventos ligados a sua profissão, frequentava muitas palestras e congressos. E também ia à academia regularmente, mas a academia aqui do condomínio mesmo. - Helena contou e eu segui anotando.
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Já tínhamos terminado a segunda visita, e estávamos indo para a última com algumas novas informações. Assim como Larissa, Luísa também havia sido adotada quando era apenas um bebê, era um caminho para analisarmos.
Estávamos no final do depoimento dos pais de Marcela, havíamos confirmado que ela também foi adotada com um ano de idade. Todas as três vítimas, mesmo de profissões diferentes, tinham uma vida muito semelhante, assim como a de Rebeca.Todas muito reconhecidas dentro da sua área, frequentavam muitos eventos e tinham um lar amoroso, com uma vida financeiramente confortável e recebendo todo o apoio e carinho dos pais adotivos durante toda a sua vida.
POV REBECA
- Vocês notaram alguma mudança de comportamento da Marcela antes do crime? Alguma preocupação ou episódio que ela tenha comentado? - ouvi Simone questionar
- Não, nossa filha era uma pessoa que se relacionava bem com todo mundo, ela sempre foi muito tranquila, rodeada de amigos e muito focada em sua carreira. Marcela estava sendo cada vez mais reconhecida pelos seus projetos, tinha tantos sonhos e tantos planos ainda não realizados... - A mãe de Marcela parou de falar, ao desabar no choro. Eu estava me sentindo mal por tudo isso. Não parava de pensar que essas vítimas, eram todas parecidas comigo, foram mortas justamente por essa semelhança.
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Conexões Perigosas
Misterio / SuspensoHomicídios frequentes e de uma violência extrema assolam a cidade de São Paulo. O Departamento de Homicídios da Polícia Civil monta uma força tarefa para investigar e solucionar esses crimes, antes que uma crise seja estabelecida. A jornalista inves...