Capítulo 09 - Corrida contra o tempo

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Simone se encontra sozinha em seu escritório na delegacia, no final de mais um dia sem respostas claras. A sala está parcialmente escura, iluminada apenas pela luz de um abajur, criando sombras que parecem refletir seu estado de espírito. Diante de um quadro com fotografias das vítimas e notas de investigação, a delegada sente uma onda de frustração e impotência. Ela passa os dedos pelo rosto, tentando afastar o peso que parece afundá-la em uma espiral de dúvidas.

Enquanto observa os rostos das vítimas, o sentimento de responsabilidade a atinge em cheio. Para ela, cada olhar é um lembrete do dever que tem, não apenas como policial, mas como alguém que jurou proteger pessoas como Rebeca e outras mulheres vulneráveis de um inimigo tão próximo e, ao mesmo tempo, intangível. Simone sente a pressão apertar em seu peito, uma sensação sufocante de que está ficando sem tempo. O assassino é engenhoso, mais escorregadio do que ela imaginava, e cada pista parece evaporar antes que ela possa alcançá-la. As lacunas na investigação fazem Simone questionar o próprio julgamento: Será que ela está se deixando levar por alguma pista falsa? Ou pior, será que ele está manipulando tudo desde o início?

A tensão interna se reflete fisicamente. Simone sente os músculos dos ombros endurecidos, as mãos tremendo ligeiramente enquanto tenta se concentrar. Ela fecha os olhos por um momento, respirando fundo, buscando forças. Imagina o impacto que o assassino pode ter sobre as vidas de outras mulheres inocentes — algo que a move profundamente, transformando sua dúvida em uma decisão: ela não pode se permitir errar.

Em um esforço para reorganizar seus pensamentos, Simone começa a revisar cada detalhe do caso minuciosamente. Ela espalha os arquivos sobre a mesa, revisitando cada peça de evidência, tentando encontrar um elo que tenha passado despercebido. Com determinação renovada, ela anota possibilidades alternativas, procurando padrões que o assassino possa estar escondendo por trás de ações aparentemente desordenadas.

É como se o assassino tivesse criado um beco sem saída para ela, manipulando as pistas, iludindo a equipe de investigação e obscurecendo sua verdadeira identidade. Mas Simone possui uma determinação feroz, ela não permitirá que ele escape, mesmo que precise rever toda a investigação desde o início.

POV Simone

Ontem fiquei até tarde na delegacia, e hoje estava aqui bem cedo novamente. Eu estava sentada na minha mesa, os papeis espalhados como um quebra-cabeça sem resolução, e o peso de cada rosto ali olhava para mim, como se me cobrassem uma resposta. Perdi a conta de quantas vezes revisitei as mesmas pistas, as mesmas anotações. A angústia me apertava o peito, e eu sentia a cabeça latejando, mas não podia parar.

Quando ouvi passos suaves na porta e vi Rebeca, meu coração acelerou — não de uma maneira que admitiria a ela, mas de um jeito que me deixava alerta, querendo protegê-la. Esgotada, mas determinada, ela entrou na sala e fechou a porta atrás de si, respirando fundo antes de se aproximar.

"Não consigo parar," ela disse, com a voz baixa, quase um sussurro. "Toda vez que penso nisso... é como se eu sentisse que tudo isso é minha culpa. Essas mulheres, Simone... elas morreram só porque parecem comigo. É como se a vida delas estivesse em risco pelo simples fato de se parecerem com alguém que ele odeia e... não sei lidar com isso."

Eu a observei por um momento, vendo a dor nos olhos dela, uma mistura de culpa e tristeza que transparecia em cada palavra. Saber que ela carregava isso, que ela se culpava por algo tão fora do controle dela, me partia por dentro. Como eu poderia aliviar aquele peso? Eu, que carregava uma carga tão parecida, uma frustração tão semelhante?

"Rebeca," comecei, tentando manter a voz firme, mas suave o suficiente para ela ouvir o que eu realmente queria dizer. "Você não tem culpa de nada disso, vou repetir quantas vezes forem preciso.. Nós duas sabemos que é ele, e apenas ele, quem é responsável por cada uma dessas mortes."

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