the weight of emptiness

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os dias seguintes pareciam mais um borrão de emoções desencontradas. a dor do término ainda não havia diminuído, mas havia se tornado algo mais suportável, uma sensação de peso constante que ele carregava, mas não sem esforço. jungkook acordava todas as manhãs com um nó na garganta, como se o simples ato de respirar fosse um lembrete da ausência de taehyung. e, quando finalmente levantava da cama, a sensação de que o mundo ao seu redor seguia como se nada tivesse mudado só aumentava a solidão que ele sentia.

o apartamento continuava o mesmo: as paredes ainda cheiravam a café, a mesa ainda estava coberta com as marcas de suas conversas noturnas, as roupas jogadas no canto do quarto pareciam gritar o nome de taehyung, mas ele não estava mais lá para ouvir.

jungkook caminhava pelos corredores como um estranho em sua própria casa. o silêncio agora o sufocava de um jeito que antes ele não percebia. ele sentia falta de tudo – das risadas, dos momentos de conforto, da segurança que ele encontrava nos olhos de taehyung. o que fazer quando a pessoa que você mais ama se torna algo distante, uma lembrança que você não sabe como guardar?

no trabalho, tudo parecia insuportavelmente monótono. a fotografia, que antes trazia tanto prazer e significado para ele, agora parecia apenas um passatempo vazio. ele não estava mais inspirado, não se sentia mais conectado com a câmera ou com o mundo que via através das lentes. as imagens que antes capturavam sua essência agora não faziam sentido. talvez, se ele tentasse olhar para o lado bom, tivesse algum tipo de clareza, mas a verdade é que não havia nada bom ali.

foi em um desses dias de frustração que ele recebeu uma mensagem de jimin. o texto era simples, direto, mas de alguma forma, as palavras de seu amigo pareciam um pequeno respiro em meio ao caos em que ele estava se afundando.

"oi, jungkook. você está bem? faz tempo que não nos falamos. queria te ver essa semana, se puder. me avisa."

jungkook olhou para a tela do celular por um momento, hesitando. ele não queria sair, não queria enfrentar mais um dia fora de casa, mas algo em seu coração, uma vontade distante de se conectar, o fez responder.

"eu... não sei, jimin. não estou me sentindo muito bem, mas talvez a gente possa se encontrar amanhã."

jimin sempre fora uma presença constante e reconfortante em sua vida. enquanto ele e taehyung se conheciam, jimin se tornou um tipo de porto seguro para jungkook quando ele mais precisava. talvez fosse por isso que, mesmo em meio ao turbilhão de emoções que ele estava vivendo, jungkook sentisse uma leve esperança ao pensar em se encontrar com o amigo. ele não sabia o que esperar, mas sabia que precisava tentar sair da bolha de tristeza que o envolvia.

no dia seguinte, jungkook chegou ao café onde havia combinado de se encontrar com jimin. o cheiro familiar do café moído e o som suave das conversas ao redor quase lhe deram uma sensação de normalidade. mas, ainda assim, ele não conseguia deixar de sentir o vazio que estava se alastrando dentro de si, como uma maré constante.

— e aí, jungkook. — jimin sorriu ao vê-lo, mas seus olhos estavam atentos, como se percebessem a dor que ele tentava esconder. — eu sabia que você não estava bem.

jungkook se sentou, tentando devolver um sorriso, mas não conseguiu esconder o peso que estava sobre seus ombros.

— eu não sei o que estou fazendo, jimin. — a voz dele saiu baixa, quebrada. — eu sinto que estou perdendo todo o controle. não consigo nem sair da cama, e quando saio... parece que estou fazendo tudo errado.

jimin ficou em silêncio por um momento, observando seu amigo com um olhar que misturava preocupação e compaixão. ele sabia que palavras poderiam não ajudar, mas ainda assim tentava encontrar uma maneira de aliviar um pouco o fardo de jungkook.

— olha, cara, sei que nada que eu diga vai tirar a dor de você agora, mas não se abandone. você tem que começar a fazer coisas que te fazem bem, sabe? mesmo que seja pequeno. uma coisa de cada vez. o mundo não vai parar só porque você está se sentindo assim, e talvez você também não possa parar. mas você tem que se permitir, mesmo que seja difícil.

jungkook olhou para jimin, sentindo um aperto no peito. ele não queria falar sobre taehyung, não queria pensar nele naquele momento, mas a imagem do rosto de taehyung, dos olhos que ele amava, estava presente em cada palavra que ele tentava dizer. mas jimin estava certo. ele não podia ficar parado. o mundo não ia esperar.

— eu só... — ele suspirou, olhando para sua xícara de café, a mão tremendo ligeiramente. — eu não sei como seguir sem ele. não sei o que fazer sem ele, jimin.

jimin o observou atentamente antes de falar, as palavras vindo devagar, como se ele estivesse tentando reunir o que precisava dizer para aliviar a dor de jungkook.

— às vezes, a gente acha que precisa de alguém para completar a nossa vida, mas, no final, a gente só precisa de si mesmo para começar de novo. o tempo vai ajudar, e você vai encontrar a força que está dentro de você. mas não se perca no que você não pode mudar. não se perca no que ficou para trás.

jungkook assentiu lentamente, sentindo uma leve mudança dentro de si, uma leve sensação de esperança. talvez não fosse muito, mas era o suficiente para dar o primeiro passo. o resto viria com o tempo, ele sabia.

naquele momento, ele não sabia o que o futuro lhe reservava, mas, pela primeira vez em dias, ele sentiu que talvez, só talvez, houvesse uma possibilidade de reconstruir algo. talvez fosse tarde demais para taehyung, mas talvez ainda houvesse tempo para ele. para jungkook. para a pessoa que ele ainda não tinha descoberto completamente.

o resto do encontro foi mais leve, as conversas fluindo de forma mais natural, embora sempre com uma leve sombra de melancolia. mas, ao se despedir de jimin, jungkook sentiu uma pequena chama de esperança acender dentro de si. ele ainda estava longe de entender tudo o que estava sentindo, mas ele não estava mais tão perdido.

quando voltou para casa, o silêncio ainda estava lá. mas, ao menos, ele já sabia que estava começando a dar pequenos passos em direção àquilo que ele mais temia: a vida sem taehyung. e, mesmo que ainda doesse, ele sabia que esse era o único caminho.

RIGHT WHERE YOU LEFT ME | VKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora