RIGHT WHERE YOU LEFT ME | VKOOK

the pain was screaming

comentem bastante, amores. <3

jungkook acordou como sempre, mas não era como antes. as manhãs que costumavam ser leves, com os raios do sol invadindo seu quarto e a sensação reconfortante de uma rotina compartilhada com taehyung, agora eram apenas um vazio. ele olhou para o teto por um longo tempo, tentando se convencer de que o silêncio no quarto era apenas temporário, mas sabia que, no fundo, não era. a realidade que ele havia tentado evitar já estava escancarada em sua frente: taehyung não estava mais lá.

ele não sabia exatamente como começou, mas, de alguma forma, se viu rolando pela página inicial de uma rede social qualquer. seus dedos deslizaram sobre a tela do celular, quase em um transe, como se o corpo soubesse o que fazer, mas a mente tentasse se afastar do ato que já sabia ser autodestrutivo. ele estava stalkeando taehyung.

jungkook sabia que deveria parar. ele sabia que ver as fotos era uma forma dolorosa de se afundar mais e mais, mas havia algo dentro dele, algo egoísta e irracional, que o puxava para mais fundo. ele queria ver, queria saber. queria sentir, de alguma forma, que ainda tinha alguma conexão com taehyung, mesmo que fosse apenas através de uma tela fria e distante.

quando o viu pela primeira vez, taehyung parecia... perfeito. ele estava em uma foto recente, com aquele sorriso largo que jungkook adorava, mas que agora parecia distante e irreconhecível. taehyung estava em um café, os olhos brilhando sob a luz suave da manhã. mas não estava sozinho. ao seu lado, alguém — alguém que não era jungkook — estava abraçando sua cintura, os dois sorrindo juntos. jungkook congelou, os dedos tremendo enquanto ele encarava a imagem. a dor era tão intensa que quase o fez vomitar.

"como ele pode estar tão feliz? como ele pode estar com outra pessoa, enquanto eu ainda estou preso nesse pesadelo?"

a dúvida o engoliu, e ele clicou para ver mais. as fotos seguiam, uma atrás da outra, como um filme em que ele era o protagonista, mas não o herói. cada imagem o esmagava mais e mais. taehyung e o novo namorado em um parque, rindo juntos, a proximidade entre eles tão natural, tão confortável. em outra, taehyung estava em uma praia, de mãos dadas com o rapaz, o rosto iluminado pelo pôr do sol. jungkook sentiu o peito apertar. ele se lembrou de um tempo em que ele era a pessoa ao lado de taehyung, caminhando na praia, rindo das pequenas coisas, vivendo uma vida que parecia eterna. como isso havia ido embora tão rápido?

ele desceu mais, sem conseguir parar, como se a tortura fosse a única coisa que o mantinha preso à realidade. taehyung postando fotos de viagens, de jantares, de momentos felizes com o outro. e jungkook ali, sentado em seu quarto, sozinho, com os fones de ouvido no peito, ouvindo as mesmas músicas que costumava ouvir quando estava com taehyung. mas nada mais parecia fazer sentido.

os rostos das pessoas nas fotos estavam borrados, distantes. mas taehyung estava ali, e jungkook o reconhecia em cada centímetro de pele, em cada sorriso sincero. era taehyung. mas não era o taehyung que ele conheceu. não era o taehyung com quem ele construiu uma vida. o taehyung que estava em sua frente agora parecia ser alguém completamente novo. ele não pertencia mais a jungkook. ele não era mais dele.

aquele sentimento de vazio, de abandono, tomou conta de cada célula do seu corpo. ele passou a noite ali, os olhos fixos no celular, os dedos já cansados de tanto deslizar a tela, mas sem conseguir parar. a tela iluminada refletia a tristeza profunda que ele sentia em sua alma. o mundo parecia continuar, enquanto ele, parado, ficava preso no passado, esperando por algo que já não tinha mais.

ele se levantou da cama, cambaleando, os passos lentos, quase como se seu corpo tivesse perdido o sentido de direção. ele passou pela janela, olhou para o céu e sentiu o peso do mundo sobre seus ombros. o céu estava cinza, as nuvens pesadas, como se o próprio tempo estivesse em luto por ele. jungkook fechou os olhos, tentando se forçar a sentir algo, qualquer coisa, que não fosse o vazio.

"talvez, eu também tenha sido deixado para trás," ele pensou, a dor crescendo como uma onda dentro dele. "talvez, tudo o que eu seja agora é o cara que ficou. o que ficou esperando."

ele sabia que estava sendo ridículo, que ele precisava seguir em frente, mas não conseguia. ele se via estagnado, preso no passado. o tempo seguia para todos os outros, mas não para ele. ele estava congelado. o momento de felicidade com taehyung ainda estava em sua mente, mas ele não conseguia mais reviver aquilo. ele não conseguia mais se lembrar de como era estar com ele sem a dor, sem o peso de saber que não havia mais "eles".

com as mãos trêmulas, ele pegou o celular novamente, deslizou para mais uma foto. dessa vez, era um retrato do novo namorado de taehyung, de mãos dadas com ele na rua. o sorriso de taehyung estava lá, mas algo tinha mudado. algo que jungkook não conseguia identificar. era um sorriso vazio, como se ele estivesse sorrindo para outra coisa. como se ele estivesse sorrindo para uma mentira. mas, então, jungkook sentiu vergonha. vergonha de si mesmo por estar olhando, por estar sentindo aquilo.

"eu já fui tão importante na vida dele. como tudo isso desapareceu tão rápido?" ele pensou, com uma dor que o fez quase perder o ar.

a escuridão parecia invadir o ambiente. a dor que ele sentia agora não era mais só pela perda de taehyung, mas pela perda de si mesmo. ele não sabia mais quem era sem ele. não sabia como continuar, como respirar sem o peso da sua presença. ele se sentia esquecido, jogado para o lado, como uma peça que não servia mais para o jogo.

ele se lembrou de algo que taehyung disse uma vez, no começo de tudo: "se um dia nós dois nos separarmos, eu espero que você se lembre de como foi bom, e não de como foi ruim."

mas agora, depois de tanto tempo, a única coisa que jungkook conseguia se lembrar era a dor. a dor de ver taehyung feliz com alguém que não era ele, a dor de saber que não havia mais lugar para ele na vida de taehyung. ele se sentia esquecido, jogado para o lado, como uma peça que não servia mais para o jogo.

e a verdade era que, no fundo, ele sabia que não importava o quanto ele olhasse para as fotos de taehyung. não importava o quanto ele tentasse reviver o passado. o passado já tinha se ido, e não havia mais nada a fazer além de seguir em frente. mas a tristeza, a dor e o arrependimento não o deixavam, e ele se viu preso em um ciclo interminável de solidão e desespero.

e no fim, ele percebeu. ele nunca seria capaz de seguir em frente. ele jamais deixaria taehyung ir. porque, no fundo, ele ainda estava preso, esperando, como uma sombra, naquele mesmo lugar onde taehyung o havia deixado. ele ficou ali, parado por um momento, os olhos fixos na tela, absorvendo o último fragmento da dor. ele sabia que, apesar da dor ainda apertar seu peito, havia uma parte de si que não queria se perder ali, naquele lugar escuro de sofrimento e lembranças. talvez a dor fosse um lembrete de que ele ainda era capaz de sentir, de que, mesmo depois de tudo, havia vida além da perda. 

com um suspiro profundo, jungkook fechou os olhos e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma centelha de esperança — uma possibilidade vaga de que, um dia, ele poderia encontrar a paz, talvez até o amor, fora do alcance das sombras de taehyung. e, por mais doloroso que fosse, ele estava começando a entender que, mesmo sem taehyung, ele ainda poderia aprender a viver de novo.