RIGHT WHERE YOU LEFT ME | VKOOK

everybody moved on

comentem bastante, amores. <3

jungkook não sabia ao certo por quanto tempo mais conseguiria continuar naquele ritmo. o bar já não tinha o mesmo cheiro, a luz parecia mais fria, e o silêncio que antes era confortável agora o sufocava. todo dia, sentava-se ali, olhando o prato vazio, esperando. mas ele sabia que, de alguma forma, ele estava se arrastando para um lugar sem volta. ele ainda esperava por taehyung. e isso o destruiu, pouco a pouco, todos os dias.

mas naquela noite, algo mudou.

ele entrou no bar sem nem notar, perdido em seus próprios pensamentos. o som da porta batendo e o leve tilintar de copos nas mesas mal chegaram a fazer diferença para ele. até que ele o viu. taehyung.

o tempo parecia ter parado. o coração de jungkook acelerou no instante em que taehyung entrou, seu olhar tranquilo, mas ao mesmo tempo, carregado de algo que jungkook não conseguia identificar. taehyung estava diferente. mais calmo, mais seguro. os cabelos mais curtos, uma mudança sutil que refletia um crescimento, uma maturidade que jungkook não tinha visto quando o viu pela última vez. a carreira de taehyung como escritor havia finalmente deslanchado, e ele estava, de fato, em outro mundo. um mundo em que jungkook não cabia mais.

mas, ainda assim, ali estava ele.

os cabelos de taehyung estavam diferentes. não estavam mais presos como antes, mas soltos, caindo naturalmente em cachos leves, quase como um pequeno filhote de leão. jungkook não conseguiu evitar a comparação. os fios eram mais claros do que antes, um tom dourado suave que se destacava contra a luz suave do ambiente, quase como se ele tivesse sido tocado pelo sol de algum lugar distante.

ele usava uma jaqueta de couro preta, despojada, mas elegante. seu estilo havia mudado, agora mais refinado, mas ainda mantendo aquela aura única, de alguém que parecia não precisar de muito para ser perfeito. a camisa por baixo da jaqueta, de um tom cinza claro, parecia ter sido escolhida com cuidado, e o jeans escuro completava o visual de alguém que estava em controle, confortável com quem se tornara.

mas o que mais mexeu com jungkook foi a sua pele. taehyung estava mais bronzeado do que ele se lembrava, e de alguma forma isso fazia seu rosto brilhar de uma maneira quase inacreditável. o tom dourado da sua pele parecia ter sido esculpido por algo além do simples sol — era como se o próprio tempo tivesse deixado nele uma marca indiscutível de experiência e autossuficiência.

e naquele momento, jungkook percebeu, com uma dor afiada, o quanto taehyung estava lindo. mais bonito do que nunca.

era como se a saudade, o tempo, o desgaste, tudo isso desaparecesse em um segundo. jungkook sentiu seu peito apertar, um vazio profundo que era preenchido, brevemente, pela imagem de taehyung. mas logo a consciência de que aquele taehyung não era mais o mesmo, que ele não era mais de jungkook, aflorou como uma onda, e o sorriso que subia ao seu rosto foi abruptamente interrompido.

taehyung caminhou até a mesa de jungkook sem hesitar, com aquela mesma suavidade de sempre. os olhos de jungkook brilharam por um segundo, mas logo se apagaram quando ele percebeu o que aquilo significava. era uma visita, mas não uma visita de volta. era a visita de alguém que vinha para dar um fim definitivo a algo que já estava morto.

taehyung se sentou à sua frente, mantendo o olhar em jungkook, mas sem aquela intensidade que costumava existir entre eles. não havia mais calor ali, apenas uma serenidade melancólica. o rosto de taehyung estava tranquilo, quase como se ele tivesse finalmente encontrado a paz que jungkook ainda buscava.

"oi," taehyung disse, a voz suave como sempre, mas com uma certa distância, como se ele já não fosse mais parte daquele mundo.

jungkook, que até então estava perdido no próprio sofrimento, apenas olhou para ele. não sabia o que dizer. não sabia por onde começar. a dor estava tão enraizada em seu peito que tudo o que ele conseguia fazer era respirar fundo e esperar que as palavras de taehyung fizessem sentido.

taehyung suspirou, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo. ele sempre soubera, e isso o fazia sentir-se culpado de alguma forma. mas também, ele sabia que já não havia mais espaço para arrependimentos. "você... tem me enviado muitos e-mails," taehyung começou, com a mesma calma de sempre, como se estivesse falando sobre algo simples, sem importância. mas as palavras caíam pesadas na mente de jungkook, como se o fizessem acordar de um pesadelo do qual ele não queria sair.

"eu sei," jungkook murmurou, os olhos baixos, fixos no prato vazio. ele não sabia como mais pedir perdão. não sabia como pedir por mais uma chance. ele só sabia que ainda o amava, que ainda esperava por ele. mas tudo parecia em vão. taehyung já havia se afastado tanto.

taehyung continuou, sua voz ainda suave, mas com uma firmeza que jungkook nunca havia ouvido antes. "eu preciso que você pare de me procurar, jungkook. não é saudável para você... e nem para mim. você precisa seguir em frente."

as palavras atingiram jungkook como um soco. não era o que ele queria ouvir. ele queria ouvir que havia uma chance, que ainda havia algo ali, algo que pudesse ser salvo. mas a realidade, cruel como sempre, estava ali, bem na frente dele. taehyung tinha encontrado alguém. taehyung havia se afastado completamente, e jungkook era apenas uma lembrança distante, uma lembrança que ele precisava deixar para trás.

"não posso," jungkook disse, a voz baixa, quase como um sussurro. ele queria lutar, queria dizer que ainda havia amor ali, que ainda havia algo entre eles, mas as palavras não saíam. ele sentia como se estivesse sendo consumido pelo próprio medo de perder taehyung para sempre.

taehyung olhou para ele com uma tristeza silenciosa, quase como se estivesse sentindo a dor de jungkook, mas ainda assim sabendo que precisava seguir em frente. "jungkook..." ele começou, e a maneira como disse o nome de jungkook fez o coração dele apertar. "eu conheci alguém. você sabia disso, não sabia?" ele perguntou, seus olhos se encontrando com os de jungkook pela primeira vez de uma maneira diferente.

jungkook ficou imóvel. seu corpo congelou por um momento, e a dor que sentiu foi tão aguda que parecia que ele tinha sido esfaqueado. "você conheceu alguém." a frase parecia soar como um fim definitivo, como se fosse a última verdade que ele precisava ouvir.

taehyung sorriu levemente, mas o sorriso não tinha alegria. ele estava triste, mas sabia que aquilo era necessário. "ela... ele, na verdade," taehyung corrigiu, com um leve brilho nos olhos. "ele é uma pessoa incrível, jungkook. e eu... eu realmente me sinto bem agora. mais leve."

as palavras de taehyung ecoaram na mente de jungkook, e ele sentiu um aperto no peito, como se estivesse sendo esmagado. o homem que ele amava havia encontrado alguém. o homem que ele esperava com todo o coração, havia seguido em frente, e ele, jungkook, ainda estava ali, parado no passado, incapaz de se mover.

jungkook fechou os olhos, imaginando o som do vidro quebrando, a forma como tudo se despedaçou dentro dele. a vida de taehyung havia seguido em frente, e a sua, a dele, tinha ficado para trás. "todo mundo seguiu em frente," ele pensou, sentindo uma dor que parecia nunca terminar.

"eu nunca quis te magoar, jungkook," taehyung continuou, quase com um suspiro. "eu só... eu só acho que chegou a hora de você seguir em frente também. a vida de todos nós segue em frente, e a sua também precisa seguir. você tem tanto para oferecer, tanto para viver ainda."

jungkook não respondeu. ele queria dizer algo, mas não havia palavras suficientes. ele olhou para taehyung uma última vez, sentindo a perda de tudo o que haviam sido. "eu nunca mais vou ser o que fui para você," ele pensou, mas não conseguiu dizer. taehyung levantou-se lentamente, com um último olhar para jungkook, e antes de sair, ele disse apenas:

"tchau, jungkook. eu espero que você encontre a paz."

e então ele se foi.

jungkook ficou ali, no silêncio. o bar estava agora vazio, as luzes mais fracas, e o prato vazio à sua frente parecia mais pesado do que nunca. o eco das palavras de taehyung ainda ressoava em sua mente, mas ele sabia que já não havia mais como voltar atrás.

ele estava sozinho. mas talvez, pela primeira vez, ele sabia que precisava aprender a viver com isso.