RIGHT WHERE YOU LEFT ME | VKOOK

what a sad sight

comentem bastante, amores. <3

jungkook não sabia como havia chegado até ali, naquele ponto em que a vida se tornava uma repetição constante de erros e tentativas. o tempo tinha passado — um ano e meio, para ser exato — e ele ainda estava no mesmo lugar. ainda preso na lembrança de taehyung, ainda esperando que algo, em algum lugar, se mexesse. ele havia tentado seguir em frente, procurado respostas em todos os lugares errados, mas o único lugar onde ele se sentia parcialmente vivo era aquele maldito bar.

o bar onde costumavam ir toda sexta-feira, a cada pequena vitória ou fracasso. onde riam de forma irreverente e falavam sobre tudo, desde banalidades do dia a dia até os maiores sonhos que carregavam. taehyung adorava aquele lugar. sempre sorria, com aquele olhar desafiador, como se soubesse que a vida poderia ser mais do que eles estavam vivendo. mas, agora, tudo o que jungkook via quando passava pela porta era um vazio irremediável, o eco de um passado que não voltaria.

ele entrava naquele bar todos os dias — ainda mais agora, nos últimos meses, quando a angústia se tornava insuportável. não era como antes, quando ele estava cheio de esperança e energia. agora, cada passo até aquela mesa parecia um peso. o garçom já o conhecia, sorria sem muito entusiasmo e o guiava até o canto onde jungkook sempre se sentava. o mesmo lugar. a mesma cadeira. o mesmo prato vazio na frente dele, esperando por algo que nunca viria.

não era uma decisão consciente. ele sabia que estava preso, mas ainda assim, como um reflexo, ele voltava. as mensagens e e-mails enviados para taehyung se acumulavam em sua caixa de saída, mas as respostas nunca vieram. e, mesmo assim, jungkook não podia parar. toda vez que ele pegava o celular, mandava mais uma mensagem. "você ainda quer voltar para mim? estou esperando por você. por favor, volte." as palavras pareciam tão pequenas diante da dor que ele sentia, mas ele não conseguia se impedir. era um impulso que vinha de dentro, uma esperança que se recusava a morrer.

e todo dia, ele mandava. mais uma vez. mais uma. todas as tentativas de recomeço, todas as palavras que falavam de arrependimento, de esperança, de algo que talvez ainda pudesse existir entre eles. mas nenhuma resposta. nada. o silêncio de taehyung estava se tornando mais alto que qualquer palavra.

no bar, jungkook olhava para o prato vazio à sua frente, sua mão repousando sobre o garfo, como se ele esperasse que, ao olhar fixamente, as coisas voltassem ao seu devido lugar. como se ele pudesse fazer com que taehyung simplesmente aparecesse, com aquele sorriso travesso e aquele olhar que parecia ser tudo o que ele sempre precisou.

as pessoas ao seu redor, talvez por pena ou por algum tipo de compaixão silenciosa, o observavam. elas podiam ver a dor nos olhos de jungkook, o vazio em seu gesto. ele não comia, nem falava. apenas olhava para aquele prato como se fosse a última coisa que o mantinha ancorado em uma realidade que se desfez. ele podia sentir os olhares, as palavras não ditas. uma pena que ele odiava, mas que não conseguia afastar.

ele ficava ali por horas, olhando a comida esfriar diante de si, como se esperasse que, por algum milagre, as coisas voltassem a ter sentido. a comida esfria, os garçons trocam os pratos, as mesas se enchem e se esvaziam, e jungkook ainda está lá, em sua fantasia, esperando por algo que ele sabia que não viria. ele queria poder se convencer de que estava se permitindo seguir em frente, mas não conseguia. e tudo o que restava era aquele maldito prato vazio, um lembrete constante de tudo o que ele perdeu. ele olhou em volta, notando as pessoas se movendo rapidamente ao seu redor. risos, conversas, encontros e despedidas. para todos ali, a vida continuava como sempre. mas para jungkook, era como se o mundo tivesse parado. e ali, naquele canto, no fundo do bar, ele estava imerso em um silêncio profundo.

ele fechou os olhos por um momento, tentando se afastar da dor. mas, quando os abriu, a realidade o atingiu como um soco no estômago. taehyung não estava ali. taehyung nunca mais voltaria. e jungkook, preso naquela ilusão, não conseguia deixar de se sentir pequeno, vazio. "eles esperavam que eu encontrasse algum lugar para ir," ele pensou, sentindo o peso das expectativas em seus ombros.

ele sabia que as pessoas ao seu redor estavam esperando que ele seguisse em frente. alguns com olhares de pena, outros com olhares impacientes, como se dissessem: "não podemos fazer nada por você, você tem que se mover." mas como ele poderia se mover se ainda estivesse ali? ainda esperando por taehyung, ainda preso naquele amor que o consumia por dentro.

o tempo passou, e a noite foi se arrastando. a última bebida foi servida, e as mesas começaram a se esvaziar, mas jungkook ainda estava lá. sentado, encarando o prato vazio, como se ele pudesse, de alguma forma, fazer com que as coisas voltassem a ser como antes. o silêncio parecia opressor. ele podia ouvir o som de um cabelo caindo no chão, tamanha era a quietude. nada mudava.

ele tentava não pensar que estava vivendo no passado. tentava não acreditar que ele ainda era aquele garoto de 27 anos que amava taehyung com uma intensidade avassaladora, aquele que acreditava que o amor podia salvar qualquer coisa. mas a cada mensagem não respondida, a cada olhar de piedade, ele sentia que estava vivendo em um loop interminável. ele não estava mais em 2024. ele ainda estava no mesmo ponto de quando taehyung saiu. "você já não me ama mais, taehyung," ele sussurrava para si mesmo enquanto olhava para o prato. "eu sei disso. mas eu ainda amo você."

o telefone vibrava em sua mão e seu coração batia mais rápido, mas era apenas uma notificação qualquer. nada de taehyung. mais uma decepção silenciosa que ele guardava para si. ele respirou fundo, tentando afastar a sensação de que estava ficando mais e mais distante da pessoa que um dia acreditou ser. era como se ele estivesse se dissolvendo aos poucos, tentando forçar um futuro que ele sabia que não existia. o tempo continuava a passar, mas ele permanecia imóvel, esperando que, de alguma forma, taehyung voltasse para ele.

quando ele se levantou para pagar a conta, o garçom, com um olhar de piedade não disfarçado, perguntou se ele queria algo para levar. jungkook apenas balançou a cabeça, os olhos cansados, a mente ainda tão distante. ele não queria mais levar nada. não queria mais nada que não fosse taehyung. mas taehyung não estava mais ali. e ele não sabia o que mais fazer além de se sentar na mesma mesa, no mesmo lugar, esperando por algo que já tinha se perdido.

pegou o casaco e foi até a porta. a chuva caía lá fora, fria e constante. ele respirou fundo, mas não sentiu alívio. o ar estava pesado. ele olhou para o céu escuro, os raios de luz da cidade se refletindo nas poças de água ao seu redor, e soube, com uma dor quase palpável, que estava ainda mais longe de taehyung do que nunca. mas ele continuava ali, esperando. esperando por algo que não viria.

ele estava perdido. perdido no passado. e o futuro? o futuro era apenas um eco distante, que ele não conseguia alcançar.