A noite da festa havia acabado para Noah de maneira inesperada. Assim que a porta do quarto de Anne se fechou com a raiva da mãe dela, ele saiu sem se despedir de ninguém, o coração apertado. Ao sair da casa, Noah não conseguia parar de pensar no que precisava fazer. Ele não poderia deixar Anne ir embora assim, não sem lutar por ela.— Amanhã eu vou falar com ela. Vou lutar pelo nosso amor — murmurou para si mesmo, enquanto caminhava pela rua deserta.
Noah sabia que enfrentaria a ira de sua mãe, de Lívia, e possivelmente de toda a escola, mas nada disso importava. Ele queria Anne ao seu lado, e desta vez não fugiria de seus sentimentos.
No dia seguinte, a escola estava em polvorosa. Liah, inconformada com tudo o que aconteceu na festa, decidiu que era hora de sua vingança. Durante o intervalo, ela circulou entre os alunos e espalhou o maior segredo que ela guardava: a aposta dos meninos sobre quem conquistaria Anne.
— Vocês sabiam que o Noah, Matteo e os outros apostaram em quem ficaria com a ceguinha? — Liah sussurrou para um grupo de garotas. Os boatos rapidamente se espalharam como fogo em pólvora, e logo a escola inteira estava comentando o escândalo.
Noah, ao chegar na escola, sentiu o peso dos olhares e dos sussurros. Ele sabia que algo estava errado, mas seu foco era encontrar Anne. Quando a viu passando pelo corredor, ele foi atrás dela imediatamente.
— Anne! — chamou Noah, a voz um pouco hesitante, mas determinada.
Anne, que caminhava em direção à secretaria, parou por um segundo ao ouvir a voz dele. Seus olhos encheram-se de dor, mas ela não se virou. Continuou caminhando com a cabeça erguida.
— Anne, por favor, me escuta! — Noah gritou, correndo para alcançá-la. Ele a segurou pelo braço suavemente, mas firme o suficiente para tentar fazê-la parar. Ela se virou lentamente, os olhos frios e distantes.
— O que você quer, Noah? — perguntou Anne, a voz vazia, sem o calor que ele estava acostumado.
— Eu sei o que aconteceu. Eu sei que você ouviu sobre a aposta... mas não foi assim! — Noah falou rapidamente, as palavras atropelando-se em seu desespero. — No começo, eu cometi um erro. Eu me deixei levar, mas depois... tudo mudou. Eu mudei. Anne, eu te amo, e vou lutar por nós.
Anne soltou um suspiro profundo e fechou os olhos por um momento, tentando controlar as emoções que estavam prestes a transbordar.
— Você só percebeu agora? — disse ela, com uma amargura que Noah nunca tinha ouvido. — É tarde demais, Noah.
Ela se desvencilhou da mão dele e continuou em direção à secretaria.
— Não, não é tarde! — Noah insistiu, seguindo-a novamente. — Eu vou enfrentar tudo, minha mãe, a escola, qualquer um. Eu quero você ao meu lado, Anne.
Ela parou na porta da secretaria, virou-se uma última vez e olhou para ele com uma expressão resignada.
— Minha mãe já cuidou de tudo, Noah. Minha transferência está agendada. Não só de escola... mas de país. Eu vou embora.
Noah ficou estático, como se o chão tivesse sumido sob seus pés.
— Você... vai embora? — Ele mal conseguiu pronunciar as palavras.
Anne assentiu, os olhos se enchendo de lágrimas que ela se recusava a deixar cair.
— Sim. Está decidido. Isso é o melhor para mim... para todos.
— Anne, por favor, não... — Noah tentou falar, a voz embargada. — Não posso deixar você ir assim.
Ela deu um passo à frente, colocando a mão no peito dele, como se quisesse acalmá-lo.
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A Garota Cega e o Filho da Diretora
RomanceAnne não teve uma vida fácil. Cega desde os três anos e órfã aos cinco, sua jornada foi marcada pela dor e solidão. Aos 17 anos, ela é adotada pela família Salles, uma das mais ricas da cidade, mas com segundas intenções: eles a usaram para impulsio...