Anne ficou sem entender nada, mas para ela era natural não acreditar muito nas pessoas. Se perguntava o se com Noah seria diferente?
No dia seguinte, mais um dia normal na escola e ela já estava se acostumando com as piadinhas sem graça por onde ela passava.
Até que o professor entrou na sala e anunciou que irá ter uma competição para a equipe de teatro da escola.
- Olá, turma! Está aberta as inscrições para a peça teatral de final de ano. A garota que souber tocar algum tipo de instrumento e cantar poderá concorrer e na audição quem for melhor ganhará o título de protagonista.
Liah quase desmaiou porq não sabia tocar nenhum instrumento e queria ser a protagonista.— Cega não pode participar, né? — Liah havia dito com desdém, atraindo risos de suas amigas.
O professor, para surpresa de Anne, a havia repreendido na hora, dizendo que todos tinham o direito de participar da audição para a peça. Mas aquilo não havia sido o suficiente para afastar o veneno de Liah. Depois que a aula acabou, Anne tentou se misturar aos demais alunos e sair da sala sem ser notada, mas Liah e suas amigas a cercaram no corredor.
— Você acha mesmo que tem alguma chance de ser protagonista? — Liah sussurrou com malícia, aproximando-se demais de Anne. — Você é um estorvo aqui, ninguém quer te ver no palco.
— Melhor nem tentar, Anne. Vai ser humilhante — acrescentou uma das amigas de Liah, rindo.
Anne sentiu o coração acelerar, mas continuou andando, ignorando as provocações, até que Liah agarrou seu braço, impedindo-a de seguir adiante.
— Ei! Estou falando com você! Não adianta fingir que não nos ouve! — Liah disse, a voz cheia de raiva.
Antes que Anne pudesse responder, Matteo apareceu, interrompendo o grupo. Ele tinha um sorriso despreocupado no rosto, mas havia algo calculado em seus movimentos.
— Deixa ela em paz, Liah — disse ele, calmamente. — Vocês estão exagerando. Que tal darem um tempo?
Liah pareceu desconcertada por um momento, mas sua expressão logo mudou para algo mais provocador.
— Ah, olha só, Matteo, o cavaleiro salvador — zombou Liah, revirando os olhos. — Vai ajudar a coitadinha agora?
Matteo ignorou o comentário, estendendo a mão para Anne, que estava confusa com a situação.
— Vem, Anne, vamos sair daqui — disse ele, com um tom suave.
Anne hesitou por um momento, mas aceitou a ajuda. Ela sentiu o alívio de se afastar de Liah e suas amigas enquanto Matteo a guiava para longe. Eles caminharam em silêncio por alguns minutos até chegarem ao jardim da escola, onde ele parou e soltou o braço dela gentilmente.
— Você está bem? — perguntou Matteo, olhando para ela com uma expressão que parecia genuína.
Anne deu um pequeno suspiro e assentiu.
— Estou. Eu... já me acostumei com isso — ela respondeu, tentando minimizar a situação, embora seu coração ainda estivesse batendo acelerado.
— Não deveria ter que se acostumar com essas coisas — Matteo disse, cruzando os braços e observando o movimento dos alunos ao longe. — Liah é insuportável. Não entendo como a diretoria não faz nada contra ela.
Anne ficou surpresa com a atitude dele, mas algo a deixava desconfortável. Matteo sempre havia sido parte do grupo de garotos que vivia tirando sarro dela, e agora, de repente, ele estava agindo como um cavalheiro.
— Por que está me ajudando? — perguntou Anne, direta.
Matteo pareceu ligeiramente surpreso com a pergunta, mas logo sorriu, fingindo despreocupação.
— Ah, eu só... não gosto de ver injustiça. E, quem sabe, talvez a gente pudesse ser amigos, não acha? — disse ele, dando de ombros.
Anne continuava desconfiada. Havia algo na maneira como ele falava, algo que parecia ensaiado, como se ele estivesse tentando ganhar sua confiança por outro motivo.
— Amigos? — repetiu Anne, pensativa. — Por que agora?
Matteo deu uma risada leve.
— Eu sei que não fui o melhor exemplo de amigo antes, mas... as pessoas mudam, certo? — Ele sorriu de um jeito que poderia parecer sincero, mas Anne sentia que algo estava errado. — E, bom, eu ouvi sobre a competição de teatro. Achei que você poderia precisar de um aliado.
Anne assentiu, mas permaneceu cautelosa. Ela sabia que não podia confiar tão facilmente em quem antes fazia parte do grupo que a atormentava. No fundo, a menção da competição a fazia pensar em algo maior. Ela começava a se perguntar se Matteo tinha uma intenção oculta ao se aproximar dela.
Mesmo assim, ela decidiu não confrontá-lo diretamente naquele momento.
— Vou pensar sobre isso — respondeu Anne calmamente. — Mas obrigada por me tirar de lá.
Matteo sorriu de novo, mais largamente desta vez.
— Claro. Estou por aqui se precisar de algo, Anne. E boa sorte com a audição — disse ele, antes de se afastar, deixando Anne sozinha no jardim.
Enquanto ele se distanciava, Anne sentiu um arrepio de desconfiança. Por mais que Matteo tivesse agido como um salvador, algo dentro dela lhe dizia que não era tão simples assim.
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A Garota Cega e o Filho da Diretora
Любовные романыAnne não teve uma vida fácil. Cega desde os três anos e órfã aos cinco, sua jornada foi marcada pela dor e solidão. Aos 17 anos, ela é adotada pela família Salles, uma das mais ricas da cidade, mas com segundas intenções: eles a usaram para impulsio...