Após o toque, o mundo realmente pareceu parar para Noah e Anne. O tempo ao redor se diluía enquanto seus corações batiam em sincronia. Noah, sem conseguir se conter, se inclinou ligeiramente para mais perto de Anne, inalando suavemente o perfume delicado dela. O gesto era quase inconsciente, mas cheio de curiosidade e admiração. Ele sorriu, sentindo o cheiro suave que ela exalava, algo reconfortante e natural.
Anne, percebendo a proximidade, soltou uma risada leve, inclinando a cabeça para o lado.
— Isso faz cócegas! — disse ela, rindo, suas bochechas corando levemente.
Noah também riu, relaxando ao ouvir o som de sua risada. Aquilo que começara como um momento de tensão havia se transformado em algo mais leve, quase inocente. No entanto, o que eles não sabiam era que estavam sendo observados de longe.
Liah, que os seguira escondida desde que haviam se afastado do acampamento, estava escondida atrás de uma árvore. Com seu celular em mãos, ela registrava cada movimento, tirando fotos do que parecia ser um momento íntimo entre Noah e Anne. Um sorriso vitorioso se formou no rosto de Liah. Ela já podia prever o impacto que essas imagens teriam quando todos vissem.
Assim que Noah e Anne voltaram para o acampamento, Liah não perdeu tempo. Ela mostrou as fotos para suas amigas, e logo elas começaram a espalhar a notícia pelo acampamento. As fotos de Noah se inclinando para perto de Anne, com as mãos dela em seu rosto, circularam rapidamente entre os alunos.
— Vocês viram isso? Noah e Anne estão de romance! — uma das meninas zombou.
— Quem diria que o Noah teria queda por uma cega! — outro garoto disse, rindo com desdém.
As risadas começaram a ecoar por todo o acampamento, e logo todos estavam comentando sobre o "romance" inesperado. Quando Noah e Anne voltaram, a recepção foi imediata: olhares zombeteiros, sorrisos maliciosos e risadinhas abafadas.
— Ei, Noah! Como foi o encontro com a princesa? — gritou um garoto, cheio de sarcasmo, apontando para Anne.
Noah parou no meio do caminho, confuso. Ele percebeu rapidamente o que estava acontecendo ao ouvir mais pessoas rindo e cochichando. Suas mãos se apertaram ao lado do corpo, e ele sentiu o rosto esquentar de raiva e constrangimento. Anne, ao seu lado, não entendeu de imediato, mas percebeu a mudança na atmosfera ao ouvir os cochichos e risadas ao redor.
— Noah, o que está acontecendo? — Anne perguntou, sua voz baixa e hesitante.
Antes que Noah pudesse responder, Liah surgiu no meio do grupo, com um sorriso malicioso no rosto.
— Oh, Anne, querida, parece que você se deu muito bem no acampamento, não é? — Liah zombou, exibindo as fotos no celular. — Quem diria que Noah tem um lado... sensível.
As risadas aumentaram ao redor deles, e Noah sentiu o peso do olhar de todos. Seu peito se apertou de frustração e humilhação, mas o que mais o incomodava era a maneira como Anne poderia estar se sentindo. Ele olhou para ela, preocupado.
Anne, sem poder ver as fotos, apenas sentia a tensão ao seu redor. As risadas, os comentários e a súbita mudança no comportamento de todos a fizeram entender que algo ruim estava acontecendo, e que ela era o alvo. Ela apertou o violino contra o peito, sentindo-se exposta e vulnerável.
Noah, percebendo o desconforto de Anne, deu um passo à frente, agora decidido a agir.
— Chega, Liah! — ele disse, sua voz firme. — Isso não é engraçado. Você passou dos limites.
Liah o olhou com desprezo, cruzando os braços.
— Ah, sério, Noah? Achei que vocês estavam adorando o momento especial. Agora está todo defensivo?
— Sim, eu estou defendendo, porque o que você está fazendo é cruel — Noah rebateu, olhando diretamente para Liah. — Isso não é sobre diversão, é sobre humilhar as pessoas, e isso não te faz melhor do que ninguém.
O grupo ao redor ficou em silêncio, a tensão crescendo. Ninguém esperava que Noah confrontasse Liah daquele jeito, e as risadas cessaram.
Anne, ainda sem saber exatamente o que estava acontecendo, sentiu um aperto no peito, mas o tom de voz de Noah a tranquilizou de certa forma. Mesmo sem poder ver o que estava acontecendo, ela sabia que algo importante havia mudado.
Liah, percebendo que a situação não estava indo como planejado, revirou os olhos e deu de ombros.
— Tanto faz, Noah. Você pode ficar aí defendendo ela. Só saiba que todo mundo viu.
Com isso, Liah se afastou, deixando Noah e Anne no meio do grupo que agora começava a se dispersar. Noah se aproximou de Anne, hesitante.
— Anne, eu... — ele começou, sua voz mais suave agora. — Eu sinto muito. Elas tiraram fotos nossas e... espalharam. Mas eu não me importo com o que estão dizendo. Só quero que você esteja bem.
Anne respirou fundo, absorvendo as palavras de Noah.
— Eu não posso ver o que elas fizeram, mas posso sentir. E sei que, para elas, eu sou só um alvo fácil — disse Anne, a voz firme, mas com um toque de tristeza.
Noah segurou a mão dela, gentilmente.
— Eu estou com você, Anne. Não vou deixar que ninguém te machuque mais.
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A Garota Cega e o Filho da Diretora
RomanceAnne não teve uma vida fácil. Cega desde os três anos e órfã aos cinco, sua jornada foi marcada pela dor e solidão. Aos 17 anos, ela é adotada pela família Salles, uma das mais ricas da cidade, mas com segundas intenções: eles a usaram para impulsio...