Sombras do passado

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Capítulo VII

Pietro estava sentado na sala de conferências, encarando a parede em branco à sua frente. As imagens da última cena ainda dançavam em sua mente, vívidas e perturbadoras. Nicole havia sido a última vítima, e o sangue ainda parecia fresco em sua memória. Mas havia algo mais. Algo que ele havia visto no galpão, durante a sua visão, e que não conseguia afastar.

Krystal entrou na sala em silêncio, seguida de Dean, ambos com expressões de preocupação no rosto. Pietro sabia que eles esperavam por respostas, e ele também sabia que a visão que teve podia ser a chave para finalmente encontrar Richard.

— Então, o que você viu exatamente? — perguntou Krystal, com a voz baixa, mas firme. Ela se sentou à frente de Pietro, cruzando os braços sobre a mesa.

Pietro respirou fundo, tentando organizar as imagens confusas em sua mente. Ele fechou os olhos por um momento, deixando a cena se formar em sua memória.

— Depois que encontramos o corpo de Nicole... — começou ele, a voz mais grave do que esperava. — Eu tive outra visão. Não foi como as outras. Foi... mais real, mais intensa.

Dean se inclinou ligeiramente, os olhos fixos em Pietro. — O que você viu?

Pietro passou a mão pelo rosto, sentindo o peso da cena que estava prestes a descrever. — Eu vi o galpão onde encontraram o corpo dela, mas havia mais. Havia algo que não estava lá quando chegamos. Vi um homem de costas, com uma jaqueta escura, andando pelo lugar. Ele estava falando sozinho, ou talvez estivesse sussurrando algo. Mas o que chamou minha atenção foram os detalhes ao redor dele.

Krystal se inclinou para frente, sua curiosidade aguçada. — Detalhes? Como o quê?

— Pedaços de madeira — respondeu Pietro. — Pedaços grandes, com arranhões. Pareciam restos de caixotes ou algo assim, como se ele tivesse construído algo ali. Também vi caixas, várias delas, empilhadas contra a parede. Algumas delas tinham celulares descartáveis dentro. Caixas e mais caixas de telefones, todos embalados de maneira meticulosa. Como se ele estivesse se preparando para descartar evidências.

O silêncio na sala era opressor. Krystal trocou um olhar rápido com Dean antes de voltar a atenção para Pietro.

— E esse homem... — continuou Krystal, tentando reunir o máximo de informações possíveis. — Você o viu claramente?

Pietro balançou a cabeça, frustrado. — Não. Ele estava de costas. Mas havia algo na maneira como ele se movia, como se estivesse calmo, controlado. Ele sabia o que estava fazendo.

Dean deu um passo à frente, com uma expressão sombria. — Isso pode ser a pista que estamos procurando. Ele estava escondendo algo no galpão, talvez preparando tudo antes de escapar.

Krystal concordou, já pegando o mapa da cidade sobre a mesa. — E esse galpão que você viu na visão, é o mesmo onde encontramos o corpo de Nicole?

Pietro hesitou por um segundo, mas assentiu. — Sim, mas eu lembro de mais uma coisa. Havia uma marca na parede, uma inscrição... era como se fosse um símbolo, algo desenhado à mão. Pode ser importante, como um tipo de sinal.

Krystal se levantou imediatamente, com um brilho de determinação nos olhos. — Isso é suficiente. Vamos voltar ao galpão e verificar tudo, especialmente esse símbolo. Se ele deixou pistas, temos que segui-las agora.

A noite havia caído quando Krystal, Pietro e Dean chegaram ao galpão, a escuridão engolindo as ruas ao redor. O lugar parecia ainda mais desolado agora, com o ar frio e pesado. A sensação de que algo sinistro havia acontecido ali era quase palpável.

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