Sinais

Teia nas sombras

Capítulo VI

Pietro encarou a parede com informações dispersas, fotos de Thomas Bennet ao lado de interrogações, e frases soltas que ele havia escrito na tentativa de organizar o caos. Havia tantas peças desconexas, tantas pistas que pareciam não se entrelaçar. Era como se tudo estivesse à vista, mas os nós permanecessem desamarrados, e sua mente já estava sobrecarregada.

Ele aproximou-se do quadro e murmurou para si mesmo: — Vamos ver...

Escreveu algumas frases enquanto tentava fazer as conexões. Uma delas ecoava em sua mente desde o início: "Eu sou aquela que vê a morte antes que aconteça". Krystal havia dito isso em um dos primeiros momentos em que se encontraram, mas desde então, era Pietro quem tinha experimentado as visões. Ele sabia que havia algo mais profundo naquele enigma.

Ele suspirou fundo e escreveu uma nova anotação: "Visão estranha com o Dr. Jacob". A imagem do legista se jogando de um prédio continuava a perturbá-lo. Não fazia sentido. Assim como as "Mensagens anônimas", que apareciam misteriosamente em momentos críticos. Pietro não conseguia identificar a origem dessas mensagens, e isso apenas alimentava sua desconfiança.

Por fim, ele escreveu mais uma frase: "Homem do galpão"  A figura misteriosa.

A única coisa óbvia naquela confusão toda era a ligação entre Thomas Bennet e seu irmão Richard. Mas todas as outras peças pareciam impossíveis de encaixar. E, em algum nível, Pietro sentia que essas respostas estavam conectadas a Krystal.
No silêncio da sala, Pietro se perdeu em pensamentos. A frase de Krystal o intrigava desde o começo, e agora, ele começava a se questionar se havia subestimado o que ela realmente quis dizer.

Krystal entrou na sala sem fazer barulho, observando o quadro de anotações que Pietro estava tentando montar. Seu olhar percorreu as palavras e as interrogações, antes de parar na frase que ele havia escrito sobre a "visão estranha" com o Dr. Jacob.

— Você ainda está pensando nisso? — perguntou Krystal, sua voz baixa, mas perceptivelmente cansada. Ela sabia que Pietro estava cada vez mais próximo de descobrir algo importante.

Pietro se virou lentamente, encarando-a com um olhar questionador. — Eu ainda não entendo o que você quis dizer... quando disse que vê a morte antes que aconteça. Desde que começamos isso, sou eu quem tem visto as mortes. Então... o que você realmente quis dizer, Krystal?

Ela cruzou os braços, parecendo refletir por um momento. Pietro percebeu que ela estava pesando suas palavras, como se decidisse o quanto revelar. Finalmente, ela deu um passo à frente, encarando o quadro.

— Você não está errado em perguntar isso — disse Krystal, seus olhos âmbar brilhando com uma intensidade contida. — O que eu vejo não é como o que você experimenta, Pietro. Você tem visões claras, detalhes exatos do que está para acontecer. Mas eu... sinto a morte se aproximando, além disso, meu último presságio foi o sonho onde eu vi você,. Como se estivesse passado para você . Mas você... você está vendo o fim. E isso nos torna diferentes, mas conectados.

Pietro franziu o cenho, tentando absorver o que Krystal estava explicando. "Ela sentia a morte, mas não a via com os mesmos detalhes que ele." Isso explicava por que ela havia dito aquelas palavras no início, mas também levantava novas perguntas. Se Krystal podia prever a presença da morte, por que ela precisava dele para enxergar o que acontecia de fato?

— E por que eu? — perguntou Pietro, a voz carregada de dúvida. — Por que eu consigo ver essas mortes?

Krystal desviou o olhar por um instante, como se estivesse pesando uma verdade que era difícil de dizer. Quando seus olhos voltaram a encontrar os de Pietro, havia uma sinceridade perturbadora neles.