Mar de misterios

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Capítulo III

A sala de visitas da penitenciária era fria e estéril, as paredes de concreto cinza ecoavam os passos de Krystal e Pietro enquanto eram conduzidos até uma mesa de metal no centro da sala. Do outro lado, sob a luz fluorescente que iluminava o ambiente de forma implacável, estava "Thomas Bennet", com o olhar distante e um sorriso que parecia um misto de desdém e diversão. Seu terno preto, que contrastava com o ambiente decadente, parecia fora de lugar, como se ele estivesse mais preparado para uma entrevista do que para encarar uma detetive e um repórter.

Seus olhos, astutos e penetrantes, focaram em Krystal e depois em Pietro, como se já soubesse tudo o que se passava em suas mentes antes mesmo de falarem uma palavra. Bennet ajeitou os cabelos escuros de forma calculada, um gesto que reforçava seu narcisismo, antes de inclinar-se na cadeira de forma relaxada.

— Então... finalmente decidiram me visitar? — disse ele, com uma voz carregada de ironia. — E trouxe companhia, Krystal? — Ele sorriu, um sorriso quase de satisfação. — Deixe-me adivinhar, você ainda está obcecada por entender o porquê. Mas veja, o porquê é algo tão... mundano. Eu soube que você era diferente, especial... e ainda assim está presa a perguntas tão previsíveis.

Krystal manteve a postura firme, os olhos âmbar fixos no homem à sua frente. Pietro, ao seu lado, apertava o maxilar, desconfortável com o ar de controle que Bennet parecia exalar, como se ele dominasse a situação, mesmo sendo o prisioneiro.

— Thomas, você jogava com a vida das suas vítimas. Deixava-as presas em caixões, com um telefone quase sem bateria. Você queria que elas se salvassem ou que fossem consumidas pelo desespero? — Krystal perguntou, mantendo a voz firme, mas seus olhos brilhavam de tensão.

Thomas riu. Uma risada suave, mas cheia de desprezo.

— Ah, Krystal... você ainda acredita que se trata delas? Não. Sempre foi sobre mim. O jogo, o controle... era o que eu gostava. — Ele deu de ombros, como se o destino de suas vítimas fosse irrelevante. — O que importa é o poder. Eu poderia ter dado a elas uma chance... ou não. A verdadeira beleza disso é que elas nunca souberam se eu estava permitindo que vivessem ou condenando-as desde o início. Isso, Krystal, é o verdadeiro controle.

Pietro, que observava tudo em silêncio até então, finalmente interveio, seu olhar endurecendo ao encarar o prisioneiro.

— O que você ganhou com isso? — ele perguntou, sua voz carregada de frustração. — Acha que manipular e torturar pessoas é algum tipo de vitória?

Bennet inclinou-se para frente, seus olhos azuis faiscando de entretenimento.

— Ganhei o que todos querem. Atenção, fascínio. Até mesmo você está aqui, não é? — Ele se dirigiu a Pietro com um sorriso arrogante. — Eu sou a história. E você... você está aqui para contar. Acha que é diferente de mim? Não se engane. Eu alimento as mentes como a sua, que correm para revelar o horror. Somos mais parecidos do que você pensa.

Pietro sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir aquelas palavras. Ele sabia que havia um traço de verdade nelas, e isso o deixava ainda mais perturbado.

Krystal, no entanto, permaneceu firme.

— Chega de jogos, Thomas. O que você ganha com isso agora? Está trancado, e não pode mais manipular ninguém. Por que fez isso? — Ela insistiu, sua voz agora mais fria, impassível.

Thomas observou-a por um longo momento, seus olhos brilhando de satisfação ao ver a frustração nos rostos dos dois.

— Vocês nunca entenderão, porque vocês não são como eu. Vocês são tão previsíveis. Mas vou lhes dar um presente, Krystal. Se quiserem encontrar quem está me imitando, parem de procurar o motivo. Apenas sigam os rastros... como quem caça uma presa.

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