Aos dez anos, Louis foi transferido para uma nova instituição, um lugar onde a ordem e a disciplina pareciam substituídas por uma luta constante pela sobrevivência. Era um orfanato maior, com mais crianças, e logo nos primeiros dias ele percebeu que o ambiente ali era frio e implacável, muito diferente do pequeno orfanato onde crescera. Não havia a ternura das freiras, nem o silêncio da biblioteca onde ele se escondia; tudo ali era barulhento, áspero e, de certa forma, selvagem.
O ambiente era dominado por uma hierarquia rígida e implícita. Louis logo percebeu que algumas crianças exerciam um tipo de autoridade não dita sobre as outras. Eles eram os “alfa”, aqueles que pareciam sempre tomar o que queriam, que impunham suas vontades através do medo e da força. E então havia aqueles que eram, como Louis, mais frágeis, mais solitários, e que, por não terem uma voz forte ou a presença intimidadora dos outros, eram vistos como alvos fáceis — eles eram os “ômega”. Louis sabia, logo ao entrar, qual seria seu lugar naquela estrutura: ele era um ômega, alguém que, aos olhos dos alfas, estava ali apenas para ser dominado e subjugado.
Na primeira semana, ele tentou se isolar, manter-se fora do radar. Passava as horas livres tentando encontrar um canto silencioso, onde pudesse ler ou simplesmente refletir em paz. Mas os alfas logo perceberam sua tentativa de evitar o grupo, e aquilo despertou neles uma curiosidade predatória. Não tardou para que ele fosse “notado”. No início, eram apenas comentários, risadas abafadas, apelidos cruéis murmurados quando ele passava. Mas, com o tempo, as provocações foram escalando. Alguns o empurravam quando ele passava pelos corredores, outros escondiam seus pertences ou danificavam seus poucos objetos pessoais.
Louis começou a perceber que o mundo, de fato, podia ser muito mais cruel do que ele jamais imaginara. E aquilo o afetava profundamente, pois ele sempre tivera esperança de que a bondade pudesse prevalecer, de que o amor e a compreensão fossem, de alguma forma, mais fortes do que a violência. Agora, ele sentia que a realidade era outra: ele estava num lugar onde os fortes mandavam, e os fracos obedeciam.
A rotina passou a ser uma prova de resistência. Louis acordava cada dia com um peso no peito, sabendo que, a qualquer momento, poderia ser humilhado, empurrado ou ridicularizado pelos alfas. Ele tentava, em sua maneira tímida e silenciosa, não mostrar sua dor, mas por dentro, sentia o coração apertado e uma angústia constante. Era como se todas as preces e esperanças que cultivara fossem, agora, tragadas por uma escuridão fria e insensível. As noites em que conseguia ficar sozinho e olhar para as estrelas eram seu único consolo, uma lembrança distante de sua inocência perdida.
Apesar da dor e do medo, Louis resistia. Ele não deixava que seu espírito fosse totalmente corrompido por aquela atmosfera hostil. Mesmo quando era obrigado a ceder e a fazer o que os outros mandavam, em seu coração ele mantinha acesa uma pequena chama de esperança. Nos momentos mais difíceis, lembrava-se das histórias que lera, dos personagens que resistiam contra todas as adversidades, e de alguma forma isso lhe dava força para continuar.
Aos poucos, ele começou a perceber que, para sobreviver, teria que adaptar-se, encontrar formas de lidar com os alfas sem ceder completamente. Ele aprendeu a se esgueirar pelos corredores sem chamar atenção, a manter a cabeça baixa quando passava pelos garotos mais agressivos, e a evitar confrontos diretos. Ele se tornou uma sombra, alguém que tentava, acima de tudo, ser invisível. Não era uma vida fácil, e o fazia sentir-se menor a cada dia, mas, por ora, era a única maneira de sobreviver.
Mas, embora ele sofresse em silêncio, havia algo em seu olhar que os alfas não conseguiam apagar completamente. Uma quietude, uma resistência velada, como se dentro dele houvesse uma força invisível que os outros não conseguiam compreender. Essa força era sua fé silenciosa, sua crença de que o mundo ainda poderia, um dia, ser um lugar onde os fortes não precisassem oprimir os fracos, onde o amor e a gentileza pudessem crescer como uma árvore que ninguém poderia derrubar.
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DOIS ALFAS UMA BARRIGA DE ALUGUEL
FanfictionLouis Tomlinson busca recomeçar a sua vida e decide ser barriga de aluguel. Harry um policial e Edward um bombeiro buscam um filho, e se? Uma fic Larry Original