Louis não estava acostumado a noites tranquilas. O frio do banco de madeira fazia seus ossos doerem, mas ele já havia se acostumado. Enquanto o mundo girava à sua volta, ele permanecia imóvel, perdido em pensamentos. Até o som estridente de pneus cantando o tirou do torpor.
Ele se sentou rapidamente, o coração batendo forte. Olhou em volta, os olhos se ajustando à escuridão. Não muito longe, ouviu algo mais: um choro abafado. Curioso e preocupado, ele se levantou da sua improvisada cama de papelão e seguiu o som.
A poucos metros, encontrou um jovem encostado em uma árvore, com o rosto enterrado nas mãos. Mesmo na penumbra, Louis conseguiu ver os tremores que percorriam o corpo do rapaz. Ele parecia da mesma idade que ele, talvez um pouco mais novo.
— Ei, cara, você tá bem? — Louis perguntou, se aproximando devagar.
O jovem levantou o rosto, revelando olhos inchados e um corte no lábio. Ele recuou, erguendo a mão como um escudo.
— Fica longe! — gritou, a voz trêmula.
Louis parou, levantando as mãos em um gesto de rendição.
— Calma, eu só quero ajudar. Não vou te machucar.
O rapaz balançou a cabeça e voltou a chorar. Louis sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele conhecia aquele olhar. Era o mesmo olhar que ele via no espelho todas as manhãs depois de acordar na prisão, um olhar de medo e humilhação.
— Eu sei que tá doendo. — Louis deu um passo à frente, mantendo a voz baixa. — Você não precisa me contar nada. Só deixa eu te ajudar.
O rapaz respirou fundo, tentando conter o soluço, mas não respondeu. Louis se sentou a uma distância segura, sem forçar nada. Alguns minutos de silêncio se passaram antes que o jovem finalmente murmurasse:
— Meu nome é Liam.
— Sou o Louis. Prazer... Apesar das circunstâncias. — Ele tentou um sorriso, mas o ambiente era pesado demais para que funcionasse.
Liam olhou para ele, os olhos ainda brilhando de lágrimas.
— Eles... eles me machucaram. — Sua voz quebrou no meio da frase. Ele tocou o próprio braço, onde havia marcas de dedos e hematomas. — Eu só queria fugir, mas... eu não sei pra onde ir.
Louis sentiu o estômago revirar. Ele se inclinou um pouco mais perto, sem assustar.
— Eu sei como é isso. Não precisa falar mais se não quiser. Mas a gente precisa cuidar disso, tá bom? Você tá ferido.
Liam balançou a cabeça, os olhos cheios de pânico.
— Não quero ir pra hospital. Eles vão fazer perguntas. Vão saber o que aconteceu. Eu... eu não posso.
— Ninguém vai saber se você não quiser. — Louis tentou suavizar a voz. — Mas você precisa de ajuda médica. Tem coisas que... que você precisa fazer logo. Pra se proteger, entende?
Liam olhou para ele, os lábios tremendo. Ele parecia um animal acuado, sem saber em quem confiar.
— Eu... eu só quero que isso acabe. — Ele deixou escapar um soluço doloroso. — Eu não quero mais sentir isso.
Louis sentiu o peito apertar. Ele se inclinou mais perto, desta vez com um olhar firme.
— Ei, escuta. Você ainda tá aqui. Você tá vivo. Isso é o que importa agora. — Ele colocou a mão no próprio peito, apontando para si mesmo. — Eu passei por coisas ruins também. E olha só: ainda tô aqui. Se eu consegui, você também vai conseguir, tá bom?
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DOIS ALFAS UMA BARRIGA DE ALUGUEL [CONCLUÍDO]
FanficLouis Tomlinson busca recomeçar a sua vida e decide ser barriga de aluguel. Harry um policial e Edward um bombeiro buscam um filho, e se? Uma fic Larry Original