🍁CAPÍTULO 25🍁

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As pernas de Louis queimavam. Cada passo era mais um esforço além do que ele achava ser capaz. O coração batia descontrolado, não apenas pela corrida exaustiva, mas pelo pânico que o consumia. A adrenalina ainda pulsava em suas veias, mas, mesmo assim, ele continuava correndo. Não olhava para trás. Não podia.

Quando finalmente alcançou uma praça esquecida no coração da cidade, ele parou. O lugar estava imerso na escuridão, iluminado apenas pela luz fraca de um poste quebrado. Os bancos estavam sujos, as árvores, secas pelo frio do outono. Era um canto abandonado, como ele.

Louis se jogou no chão úmido e encostou-se a uma das árvores. Seu corpo tremia, não apenas pelo cansaço, mas pelo medo que ainda não o deixava. Ele abraçou os joelhos e enterrou o rosto nas mãos, tentando controlar a respiração, mas era inútil.

Ele odiava os policiais. Desde criança, eles eram a personificação do abuso e do controle. Eles o viam como menos do que um ser humano, como um peso para a sociedade, e sempre fizeram questão de lembrar disso. Cada grito, cada golpe, cada risada cruel — tudo isso havia deixado cicatrizes profundas em sua alma.

E agora Edward.

Ver Edward o jogou de volta àquele passado que ele tentou enterrar. Como se as memórias de abandono, de dor e de traição tivessem sido desenterradas de uma só vez. Louis pressionou a testa contra os joelhos, tentando afastar o rosto de Edward de sua mente. Mas era impossível. Ele podia ouvir a voz de Edward, grave e firme, chamando seu nome. Podia sentir o olhar dele, penetrante, como se tentasse decifrá-lo.

“Por que ele tinha que aparecer agora?” Louis pensou, o peito apertando.

As lágrimas começaram a cair, silenciosas, mas implacáveis. Ele não queria chorar. Não queria sentir nada. Queria apenas desaparecer, ser engolido pelo chão frio daquela praça e nunca mais ser visto. Mas as emoções transbordaram como uma represa quebrada.

— Por que... — ele murmurou, a voz baixa e rouca. — Por que eu?

O cansaço finalmente tomou conta de seu corpo. Ele sentiu as pálpebras pesarem, mas o medo ainda o mantinha alerta. Cada som da noite parecia um passo, cada sombra parecia um policial vindo para pegá-lo. Ele olhou ao redor, buscando sinais de perigo, mas a praça estava deserta.

Aos poucos, seu corpo cedeu. Ele se deitou no chão duro, usando a mochila como travesseiro. O frio da noite era cortante, mas ele já estava acostumado. Seus olhos começaram a fechar, e, mesmo relutante, o sono o venceu.

Enquanto dormia, os pesadelos vieram.

Ele estava novamente na prisão, o som das portas de ferro ecoando. Os gritos dos guardas, o cheiro de umidade, as risadas dos outros detentos. Ele se encolhia em um canto, tentando se proteger, mas eles vinham, sempre vinham.

E então Edward estava lá, mas não como antes. Ele usava a farda, os olhos cheios de julgamento.

— Você falhou — disse Edward no sonho, sua voz fria como gelo. — Você é só um peso.

Louis tentou gritar, mas sua voz não saía. Ele caiu no chão, impotente, enquanto Edward se afastava, desaparecendo na escuridão.

Ele acordou com um sobressalto, o coração batendo acelerado. A praça ainda estava deserta, mas o frio parecia ainda mais intenso. Ele esfregou os braços, tentando se aquecer, mas sabia que o frio dentro dele era pior.

O dia ainda não havia amanhecido, mas Louis sabia que precisava se mover. Ficar ali era perigoso. Ele se levantou, o corpo dolorido e pesado, e começou a andar sem rumo pela cidade silenciosa. Mais uma noite havia passado, mas o peso de tudo o que ele carregava parecia apenas aumentar.

DOIS ALFAS UMA BARRIGA DE ALUGUEL [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora