Jangma

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Olá pessoal.
Como estão? Espero que estejam bem e saudáveis.
Gostaria de agradecer imensamente a todos que estão lendo, votando e inserindo a fic em suas bibliotecas. Apenas sinto falta dos comentários de vocês, de interagir com vocês, saber o que vocês estão achando.
Quem já leu algumas fics minhas, sabe que gosto muito de inserir metáforas e analogias ou coisas que acho que irá casar com o enredo da história. Muitas vezes posso citar um acontecimento, uma lenda, algo específico de um país ou uma história. Essas coisas. Nesse capítulo vai acontecer isso.

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Nova York, 26 de junho de 2024

Na Coreia do Sul, há um fenômeno natural chamado jangma. Trata-se da estação das monções, um período anual de chuvas intensas que ocorre durante o verão, geralmente entre o final de junho e o final de julho. Nessa época, a umidade trazida pelo oceano enche os céus de nuvens espessas, resultando em dias, e às vezes semanas, de precipitação constante.

Essas chuvas não apenas regulam a temperatura e preservam a umidade do solo, essenciais para o ecossistema, mas também trazem desafios significativos. As rotinas precisam ser adaptadas, as ruas ficam perigosas devido a enchentes e deslizamentos de terra, e há frequentes quedas de energia devido aos ventos fortes. Além disso, as constantes interrupções e a necessidade de buscar abrigo nas tempestades geram um desgaste físico e emocional, aumentando a sensação de impotência e frustração ao longo do período.

Por outro lado, o jangma também revela sua beleza e promove momentos de conexão. Esse fenômeno influencia a cultura local, onde guarda-chuvas coloridos enfeitam as ruas, formando uma paisagem vibrante que contrasta com o cinza do céu e simboliza a resiliência e a unidade da população. Ele também impacta no comportamento das pessoas, que buscam abrigo em cafés aconchegantes para escapar da chuva, criando espaços propícios para conversas prolongadas e para o fortalecimento do sentimento de comunidade.

A solidariedade se manifesta no gesto de compartilhar um guarda-chuva ou oferecer ajuda a alguém que está enfrentando dificuldades. Essas interações revelam um laço mais profundo entre as pessoas. Cada ato de bondade, por mais simples que seja, contribui para a construção de um ambiente mais acolhedor, onde a compreensão mútua floresce em meio às adversidades.

Muitos afirmam que o jangma, embora desafiador, também é uma bênção. A chuva possui a extraordinária capacidade de limpar tudo o que toca, como se lavasse o mundo e revelasse uma versão mais clara e autêntica da realidade. Esse fenômeno está intrinsecamente ligado à ideia de transformação inevitável, na qual tudo o que está acumulado, estagnado ou oculto finalmente vem à tona.

Em um nível profundo e espiritual, as pessoas veem o jangma como um convite à introspecção, um momento propício para refletir sobre suas próprias vidas e desapegar do que não lhes serve mais. Essa prática de deixar ir abre espaço para novas perspectivas e energias. Assim como o solo absorve a água das chuvas para dar origem a uma nova vida, o fenômeno é considerado um chamado para que os indivíduos aceitem as mudanças e busquem clareza em meio ao caos.

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Antes do amanhecer, a madrugada tornou-se ainda mais escura, intensificada por uma leve garoa e relâmpagos esparsos, que logo evoluíram para uma chuva torrencial, permeada por trovoadas que rugiam incessantemente, como se o céu estivesse a um passo de se romper, desabar.

Parecia que o jangma havia deixado a Coreia do Sul para trás e se instalado nos EUA, trazendo consigo sua força avassaladora.

O estrondo dos trovões ecoava entre as casas e prédios, fazendo as janelas tremerem. Cada retumbar rompia o silêncio do crepúsculo, assustando aqueles cujo sono era abruptamente interrompido. Os raios iluminavam as paredes por um instante, criando sombras fantasmagóricas que dançavam pelos cômodos. A cidade parecia se encolher sob a fúria da tempestade, como se buscasse proteção contra a cólera incontrolável da natureza.

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