Honeymoon Avenue

As razões

Olá mais uma vez.

Como vocês estão?

Espero que vocês estejam bem.

Este capitulo será dividido em duas partes.

*****

Ao entrar no quarto, Camila acendeu a luz e fechou a porta atrás de si, apoiando-se no batente de madeira. Uma leve tontura a envolveu, como se o mundo girasse em câmera lenta. As paredes pareciam se curvar, distorcendo a realidade ao seu redor. Ela se sentia presa em um sonho nebuloso, onde ilusão e verdade se entrelaçavam de maneira confusa.

Suas mãos tremiam e sua boca estava ligeiramente seca. Nem mesmo o perfume suave de lavanda que preenchia o ambiente conseguia amenizar a ansiedade que a consumia, pulsando em seu peito como um tambor. Cada batida ecoava as dúvidas que a atormentavam, transformando o espaço em um refúgio de inquietude.

Na tentativa de acalmar o coração que palpitava desenfreadamente, ela respirou lenta e profundamente—uma, duas, três vezes—mas o ar parecia escasso em seus pulmões. Piscou os olhos repetidamente, buscando um ponto de ancoragem, clareza e estabilidade em meio à tempestade de emoções.

À medida que as sensações avassaladoras diminuíam, Camila tentava organizar seus pensamentos, procurando explicações para o tumulto que a dominava. Talvez fosse o resquício de álcool ainda correndo em suas veias. Ou a pressa com que se dirigira até ali, cada passo se assemelhando a uma fuga desesperada. Ou, quem sabe, a culpa fosse de Lauren.

Ao considerar que tudo o que sentia poderia ser resultado da recente mudança de comportamento de Lauren, um nó se formou em sua garganta, e seu estômago despencou como um elevador quebrado.

"O que diabos está acontecendo com Lauren?", Camila pensou.

Primeiro, foram as flores inesperadas; depois, a crise de ciúmes exacerbada. Agora, o pedido para que conversassem—junto com a tentativa de impedir que Camila entrasse no outro quarto— Como se a ida dela ao outro cômodo fosse demais para se suportar.

Por que?

Como se tivesse perdido todas as forças, o corpo da artista deslizou até o chão, onde se sentou, apoiando a cabeça nos joelhos. Camila se via incrédula, completamente em choque, questionando-se:

"Por que Lauren está agindo assim, quando há tanto tempo parou de demonstrar qualquer interesse, sentimento ou curiosidade sobre mim? O que mudou?"

Por que?

Quando uma tragédia as arrebatou há dois anos, Camila silenciosamente quebrou o pacto estabelecido no início do casamento: que jamais dormiriam sem um beijo de boa noite, tampouco em quartos separados.

Mas a artista praticamente mudou-se para outro cômodo, deixando a esposa para trás em meio ao caos que começava a se instalar em suas vidas.

Por vezes e incansavelmente, Lauren tentou conversar, impedir, chegou até a implorar que Camila não fosse dormir em outro lugar, mas foi em vão. A artista era irredutível, inflexível, uma rocha impermeável.

Meses depois, diante das atitudes de Camila, de sua constante tentativa de se afastar, de toda a sua revolta e mágoa direcionada, Lauren erroneamente interpretou-se como a principal causadora do mal-estar e das rachaduras que acometia o casamento.

Por mais ferida que também estivesse, optou por se distanciar, respeitar os desejos de Camila. Achou que era melhor parar de questionar as decisões de sua esposa e invadir o espaço alheio. Precisava dar a Camila o tempo necessário para ela se curar, sem ter constantemente em seu encalço alguém que ela não queria que estivesse lá.