02_ Opa.

19 4 0
                                    


Maria Luiza

Entrei na enorme mansão e já dei de cara com uma Vera vermelha, aparentemente de raiva.

- Malu, minha filha! - suspirou aliviada - Eu já não aguentava mais te defender dos venenos da Lígia - exclamou raivosa. Sorri segurando minha mochila.

Eu já tinha roupas aqui, então só levava pra casa o necessário, como documentos, algumas maquiagens, perfumes, carregador e uma peça ou outra de roupa, por isso só trazia ou levava apenas uma mochila.

- Verinha - me aproximei dela a abraçando de lado - Não gaste seu precioso tempo falando com animal, aliás, um animal vale muito mais do que a nossa queria jararaca Lígia - dei um beijo na lateral de sua cabeça, enquanto a mesma arregalava os olhos.

- Ela apareceu hoje cedo por aqui - me olhou com medo - Antes das sete da manhã ela já estava sentada no sofá esperando, até me assustei pois nem os funcionários tinham chegado ainda

- E onde ela está agora ? - perguntei fitando dona Vera que engoliu em seco

- Conversando com o senhor Bernardo - deu uma pausa pensando se falava ou não. Suspirei impaciente

- Fala meu amor - incentivei a mesma que ponderou novamente

- Ela está falando com ele sobre você e a sua tal noite imprudente - me olhou cabisbaixa - Segundo ela, hoje você seria demitida - essa mulher é maluca da cabeça. Sem conseguir prender, soltei uma longa risada.

- Vera, meu amor, eu não v... - ouvimos passos nas escadas fazendo com que eu me calasse.

Olhei na direção da mesma onde descia o demônio Lígia e o meu chefinho Bernardo.

Lígia tinha uma expressão de quem comeu e não gostou e Bernardo sua famosa cara fechada e neutra de sempre, ele não expressava nada.

- Bom dia Lídia, logo cedo por aqui? - disse o nome dela errado propositalmente, só porque eu gosto de ver o circo pegar fogo. É o meu jeitinho. Ela me olhou furiosa, mais um pouco e eu acho que ela me matava com os próprios olhos.

Ela não respondeu, apenas se virou para o Bernardo que me olhava atento.

- Senhor Bernardo, pense. - tocou no ombro dele - É inadmissível pessoas com má conduta compondo seu grupo de trabalhadores - olhou pra mim. Arqueei uma sobrancelha para a mesma - Eu vou indo - deixou um beijo na bochecha do meu chefe que segurou seu pulso na hora. Foi como se tivesse sido no reflexo e por instinto de defesa sua reação.

Opa.

- Nunca mais faça isso Lígia - sua voz saiu extremamente rouca e ameaçadora. Interessante chefinho - Nunca mais. - tornou a repetir. Ela olhou pra ele assustada engolindo seco e balançou a cabeça lentamente. Bernardo soltou o pulso da cobra e seguiu para a cozinha.

Ui. Até eu me arrepiei.

Nesses dois anos, nunca vi o Bernardo ao menos dando indícios de qualquer mínima reação possível.
Ele é neutro, centrado e frio. Suas expressões são as mesmas. Não sorri, não se exalta, não fica nervoso, não fica feliz, orgulhoso, agradecido, triste, nada. Absolutamente nada.

Lígia passou por mim e dona Vera igual uma bala. Dava pra ver a fumaça saindo de suas orelhas e nariz.

E eu como o cão que sou, não poderia deixar de fazer a minha parte na terra.

- Tchau Lídia, até mais - soltei com deboche e em resposta a porta foi fechada com uma pancada. Dei risada olhando pra dona Vera.

- Bom - sorri sem mostrar os dentes - Acho que não vai ser dessa vez que vou ser demitida em Verinha - passei o braço pelo ombro da mesma que balançou a cabeça negando.

Corrompendo Você Onde histórias criam vida. Descubra agora