Capítulo 12: A Carta Não Escrita

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ALERTA DE GATILHO: estará em negrito.

Boa leitura!

Ahyeon point of view

Eu saí do banheiro sentindo o peso do meu próprio corpo, a mente girando como se estivesse prestes a desabar. Eu mal conseguia acreditar no que tinha feito. Deixei Ruka ali, sozinha, depois de tudo... Como pude ser tão cruel? Mas, ao mesmo tempo, sabia que era o que eu precisava fazer. Era o melhor para ela, certo? Eu não queria machucá-la, mas o medo de perder minha família, de perder tudo, me corroía por dentro. Eu sentia raiva de mim mesma, mas também sabia que tinha feito isso com um propósito. Para protegê-la. Para me proteger.

Eu olhei ao redor da festa, meu coração batendo descompassado. Jinwoo estava lá, bebendo com os amigos, rindo alto, e aquilo me fez sentir um vazio na barriga. A visão turva que me tomava não ajudava. Eu me forcei a olhar em outra direção, em busca de algo que fosse mais suportável, mais... eu. E então, vi Pharita e Rora.

Rora estava dançando com Asa de forma tão íntima que me fez sorrir de canto. Era bom ver algo genuíno, algo que não fosse carregado de mentiras ou manipulações. Eu queria estar naquele lugar, em um mundo onde as coisas fossem simples e sinceras, mas a realidade me puxava de volta para a escuridão.

Os olhos de Pharita se encontraram com os meus, e ela não perdeu a expressão. Ela viu. Ela sabia o que estava acontecendo, mesmo sem eu dizer uma palavra. E quando ela percebeu, sem hesitar, ela desceu para puxar Rora de volta para mim.

Rora deu um beijo rápido na Asa, um gesto simples, mas cheio de carinho. Ela se aproximou de mim, o olhar determinado, e disse:

— Ahyeon, vamos pra minha casa. Você não pode chegar em casa com resquício de álcool, e definitivamente não pode voltar nessa condição.

Eu respirei fundo, tentando engolir o nó que se formava na minha garganta. Aquelas palavras de Rora eram como um alicerce firme, me puxando para a realidade, me afastando da tempestade de emoções que eu não sabia mais como controlar.

Fora da festa, meu peito apertava como se fosse quebrar, e, finalmente, as lágrimas começaram a cair. Pharita me envolveu com um abraço de lado, me guiando até o carro. Ela não disse nada, mas seu gesto era mais do que suficiente. Era como se ela estivesse dizendo: "Você não está sozinha."

O caminho até a casa de Rora foi silencioso, mas meu cérebro não parava de funcionar. Pensamentos em um turbilhão. Jinwoo. Ruka. Meus pais. O futuro. Tudo se misturava dentro de mim, e eu não sabia mais o que fazer. Eu tinha a sensação de que qualquer passo errado poderia destruir tudo ao meu redor, e eu não queria ser a responsável por isso. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim gritou que eu não podia mais continuar vivendo assim, com esse peso.

Ahyeon estava sentada na cama, os olhos ainda vermelhos, e sua respiração era irregular, como se estivesse tentando conter um choro que não queria sair. Pharita estava ao lado dela, com uma expressão séria, e Rora, que estava de pé na porta, parecia prestes a explodir. O clima estava pesado. Ahyeon sabia que não havia mais volta. Tinha que contar tudo. Não dava mais para guardar essa dor dentro de si.

Pharita olhou para ela, a preocupação estampada no rosto. Rora não dizia uma palavra, mas seu corpo estava tenso, como uma corda prestes a estourar.

Ahyeon engoliu em seco, tentando reunir forças para falar. Mas as palavras ainda estavam presas, presas pelo medo e pela vergonha.

— Eu... preciso contar a verdade. — A voz dela falhou. Ela limpou a garganta antes de continuar, como se cada palavra fosse um peso. — Desde quarta-feira... depois que vi a Ruka no treino, não consegui mais esconder. Eu estava completamente fora de mim. Eu escrevi uma carta para ela... Me declarei. Falei tudo o que estava sentindo.

The Edge of Us - RUYEONOnde histórias criam vida. Descubra agora