Seventeen|Bad idea!

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O teto branco do meu quarto parecia mais vazio do que nunca

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O teto branco do meu quarto parecia mais vazio do que nunca. Suspirei fundo, como se o ar pudesse levar embora a inquietação que não me deixava em paz. Será que eu realmente deveria sair de casa? Será que deveria atender ao pedido de Billie?

Havia algo no jeito que ela me olhou, na urgência de sua voz, no toque leve de seus dedos contra minha mão. Era como se tudo ainda estivesse acontecendo, uma lembrança tão fresca que mal parecia memória. Eu queria ir. Queria sentir de novo o alívio que só nossas conversas traziam. Mas será que era o certo?

Mais cedo, na igreja, o pastor falou sobre o pecado da mentira. Sobre como ela nos torna sujos, indignos. Suas palavras ecoaram dentro de mim, me puxando para um espelho que eu não queria encarar. Porque, no fundo, eu sabia. Sabia que sair escondida era errado. Sabia que, ao enganar meus pais enquanto dormiam, estava cruzando uma linha que não deveria.

Meus olhos voltaram para a janela, o coração acelerado por um barulho inesperado. Por um momento, gelei. Só depois percebi que era o vento, sacudindo os galhos da árvore contra o vidro. Eu devia ter fechado mais cedo, mas esqueci, como esqueço tantas coisas importantes.

Levanto-me da cama, os pés descalços encontrando o chão frio, e caminho até a janela para fechá-la. Assim que desço o vidro, meus olhos se perdem no céu. As estrelas, espalhadas como pequenos pontos de luz, iluminam o breu da noite. Estava tão lindo. Suspiro, inevitavelmente lembrando de como era observar aquele mesmo céu do terraço onde Billie trabalha.

A memória é vívida, quase palpável. Eu queria voltar lá. Se já fui uma vez, que mal faria ir de novo? Claro, sabia que estava errada, como da última vez. Mas naquela noite, o motivo era diferente. Não era para conhecer uma festa qualquer. Era para encontrar Billie. Uma... amiga?

A palavra soa estranha na minha mente. Não sabia como defini-la. Billie me deixava confortável, mas também curiosa. Eu queria saber mais sobre ela, sobre o jeito que parecia tão segura e ao mesmo tempo tão misteriosa. Amiga era a melhor palavra que consegui encontrar, ainda mais considerando que, de alguma forma, ela já havia me salvado.

Não me permito pensar demais. O tempo que gasto refletindo parece sempre ser um convite para desistir. Abro rapidamente a porta do meu armário e escolho o que vestir: um casaco roxo e uma calça branca. Estava frio demais para algo diferente. Prendo o cabelo em um coque desajeitado e respiro fundo antes de sair do quarto.

Antes de cruzar a porta, deixo um carinho em Luar, que me olha de sua caminha como se entendesse tudo.

Abro a porta do quintal com o maior cuidado possível, cada movimento calculado para não fazer barulho. Assim que estou do lado de fora, corro em direção à bicicleta esquecida no canto. Quase não a uso, mas hoje ela seria minha companheira.

Como decidi ir até Billie em cima da hora, não planejei avisar Inna. Sabia que ela iria me bombardear com perguntas, e eu não estava no clima para dar explicações. E, no fundo, achava melhor ir sozinha mesmo.

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