Eigtheen|Who is she

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A culpa é sua

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A culpa é sua.

Meu punho atinge o saco de pancadas com força, e a dor percorre meu braço, mas não paro.

Pessoas como você...

Outro soco. Mais forte. A cada impacto, sinto a fúria se espalhar pelo meu corpo. Eu não podia dar espaço para as vozes na minha cabeça. Não queria. Mesmo assim, elas permanecem lá, sussurrando, zombando, ecoando como fantasmas que não sabem a hora de partir.

O erro que cometi... Elas não me deixam esquecer.
O apito de John corta o ar, trazendo-me de volta.

— Tempo. -dou um passo para trás, o peito arfando, os nós dos dedos latejando. — Você vai acabar se destruindo antes da luta desse jeito. — A voz dele é firme, mas carregada de preocupação.

Não respondo. Apenas pego a garrafa d'água que ele me estende e desço do ringue, ignorando o olhar que me segue.

— Vou pegar gelo pra você quando terminar. — Ele avisa antes de sair, mas só balanço a cabeça em silêncio.

Me sentei no banco de madeira, deixando o corpo cair com um peso que parecia dobrar a gravidade ao meu redor. Bebi um gole da água, deixando o líquido gelado acalmar a garganta seca, e joguei o resto no rosto, tentando me refrescar, tentando apagar o calor da raiva.

Tirei as luvas, uma de cada vez, com cuidado. Um murmúrio escapou dos meus lábios quando a dor nas mãos se fez presente. Olhei para os dedos avermelhados, quase pulsantes sob as fitas, e sabia que, se as removesse, veria os estragos.

Fazia quase um mês. Um mês desde que achei que seria uma boa ideia beijar Angelina. Um mês sem vê-la, mas ainda assim, suas palavras continuavam a me corroer. Eu me perguntava, incessantemente, o que tinha me levado a fazer aquilo. Não foi impulso. Eu realmente queria. Por alguns segundos, eu jurei que ela queria também.

Lembrava do toque de sua mão na minha, do arrepio que subia pela minha espinha cada vez que ela se aproximava. Do jeito que meu coração acelerava quando ela me olhava. Por mais que eu tentasse entender, ainda parecia errado. Errado porque, no fim, eu estava enganada.

As palavras dela foram como facas, não as piores que já ouvi, mas as que mais doeram. Talvez porque vieram de Angelina. Talvez porque, de alguma forma, eu esperava que fosse diferente.

Mas não foi. E agora tudo o que restava era essa dor surda nas mãos... e outra, mais profunda, que não sabia como calar.

Eu podia sentir a raiva que ela sentia de mim naquela noite, como se o peso da culpa tivesse ficado gravado na minha pele. E, mesmo agora, ainda sinto a dor no estômago ao lembrar de suas palavras. Ela se achava imunda, pecadora... por minha causa.

Pensei que ela fosse gostar, que me beijaria de volta, mas, como sempre, eu estava enganada.

Houve momentos em que considerei procurá-la, mas a lembrança do que disse — que nunca mais queria me ver — ecoava alto demais. Mesmo que eu quisesse consertar o que fiz, sabia que não havia solução. Ela me odiava agora, e o que restava era aceitar isso.

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