Six| Magnet eyes

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Soltei a fumaça que estava presa na minha boca, lentamente, observando enquanto ela se dissipava sem pressa no ar

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Soltei a fumaça que estava presa na minha boca, lentamente, observando enquanto ela se dissipava sem pressa no ar. Coloquei o cigarro de volta entre meus lábios, e repeti o processo, como um ritual já conhecido. Era madrugada. As ruas estavam desertas, e o único som que quebrava o eram os carros passando pela rodovia. Distante.

Do meu quarto, eu observava a cidade pela janela. Era algo que eu adorava fazer. O silêncio da madrugada me trazia uma paz difícil de encontrar em qualquer outro momento do meu dia. Não havia nada melhor do que a tranquilidade da noite.

Minhas madrugadas geralmente era preenchidas pelo trabalho, sempre corridas, mas quando conseguia um momento de folga, saía de moto, sem destino. Às vezes encontrava com uma garota bonita, passava um tempo com ela, e depois voltava pra casa , as vezes acompanhada ou não. Terminando a noite fumando, enquanto assistia a cidade adormecer lá fora. Como eu estou fazendo agora.

Pode parecer uma vida vazia para alguns mas, na verdade, eu encontrei minha felicidade nesse caos silencioso. Depois que meus pais e meu irmão morreram, precisei aprender a viver sozinha. Não havia mais espaço para depender de ninguém. Hoje, sou só eu e Shark, e as vezes quando têm tempo, Zoe.  Meus únicos amigos. Eles são os únicos seres vivos com quem me importo de verdade e tenho amor.

Eu nunca tive muitas pessoas na minha vida. E depois que minha família se foi, o círculo foi se fechando até que, um dia, simplesmente não existia mais ninguém. Com o tempo, me acostumei a essa solidão, e agora, a verdade é que eu amo passar a maior parte do tempo sozinha- só eu e o Shark e as vezes Zoe- Não tenho grandes preocupações, nem me importo com muita coisa. Vivo do meu jeito, e isso é suficiente.

O som de passos me tira do devaneio. Viro-me e vejo a garota ruiva, cujo nome já me escapou, caminhando devagar em minha direção, o rosto ainda inchado por conta do sono. Ela para na minha frente, os braços magros cruzando sobre o corpo nu, e o cenho frazido. Não parecia nenhum pouco constrangida com a própria nudez. E também não deveria, já vi muito mais do que isso essa noite.

-O que você tá fazendo?- a voz dela sai rouca, carregada de sono.

Viro-me de volta para a janela, trago o cigarro, e sinto a aproximação dela. Ela para ao meu lado, perto o suficiente para sentir a sua presença sem precisar olhar em seu rosto.

-Só observando a vista. -dou de ombros -Por que você não volta a dormir? Já está tarde.

-Senti sua falta na cama e perdi o sono- diz ela, colocando uma mão em meu ombro e levando a outra o meu cigarro, dando uma tragada -Quando vamos nos ver de novo?

Essa era a pergunta que eu mais odiava ouvir. Detestava quando chegava nessa parte, porque parecia que sempre tinha que haver uma segunda vez. Nunca fui de relacionamentos. Todos os meus casos são casuais e passageiros, não me envolvo duas vezes com a mesma pessoa. Gosto de manter as coisas simples, sem apego, sem falsas expectativas.

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