Jeongin não retornou mais durante aquele dia, e mesmo que HyunJin não quisesse admitir, ele o esperou como um gato ansioso pela chegada do seu dono.
Sabia que não deveria se sentir dessa forma somente pela ausência de um Solari — ainda mais um que o fazia de prisioneiro —, mas aquela casa não era a mesma sem ele e inevitavelmente sentia a sua falta, não tinha como controlar. Por mais que não quisesse confessar, desejava ouvir as cantorias pelos corredores, os resmungos sem sentido e até mesmo as reclamações bobas — as quais sempre vinham acompanhadas por um sotaque fortíssimo do Reino do Sol —, realmente sentiu a sua falta ao ponto de rondar às janelas à procura da sua silhueta perdida ao lado de fora, mas tudo o que via era uma imensidão de troncos marrons.
Honestamente, queria bater a cabeça repetidas vezes contra a parede, até que todos os pensamentos sobre o Yang sumissem.
Frustrado por passar o dia inteiro se remoendo pela ausência do garoto brilhante, decidiu fuçar os livros das estantes da sala, encontrando alguns livros de culinária dos reinos que existiam antes de serem dominados por seu exército. Encontrou livros sobre a culinária Noxiana, Hanyense, Targonense, Demaciana e até mesmo Lunari, os quais verdadeiramente se interessou para ler
Folheou as páginas do livro de culinária do Reino da Lua, sentindo-se nostálgico a cada capítulo que lia — afinal, aquelas comidas estiveram presentes em todas as fases de sua vida —, mas o seu ápice foi quando parou sobre um capítulo dedicado inteiramente a sua sobremesa favorita na infância: Biscoitinhos amanteigados de lavanda. Pensou que talvez Jeongin pudesse o ajudar a fazer alguns; adoraria prová-los novamente após tantos anos sem comê-los.
Oh, que hilário. Quem diria que um dia o grande Rei das Trevas estaria sentado em uma salinha confortável, lendo livros de culinária e cogitando pedir a ajuda de um solari para cozinhar biscoitinhos que comia em sua infância, não é mesmo?
Sentia-se patético, mas mesmo que se martirizasse internamente por isso, continuou lendo até que o sono o consumisse. Acabou adormecendo no sofá, com as pernas jogadas sobre o encosto, a cabeça escorregando para fora do móvel e livros o rodeando, quase como uma representação perfeita de uma pintura abstrata feita por um artista incompreendido.
Naquela noite, HyunJin sonhou com muitas variantes de Peônias — o tipo de sonho que há muito tempo não tinha — e só acordou na tarde seguinte, não mais torto e envolto por livros pesados, mas coberto com uma manta quentinha e cercado de travesseiros fofinhos.
Não raciocinou que para estar aninhado daquela forma, alguém precisava ter o aconchegado assim, então tudo o que fez foi agarrar um dos travesseiros e continuar confortável, até aos poucos ir despertando e se dar conta de que não havia dormido nem com cobertas e nem com travesseiros.
Precisou de somente um minuto para raciocinar.
Imediatamente sentou no sofá e coçou os olhos para afastar os vestígios de sono, levantando para seguir em direção a cozinha; Normalmente era lá que Jeongin costumava ficar, então claro que lá seria o primeiro lugar que iria procurar.
Para a sua infelicidade, não o encontrou, assim como também não o encontrou nem no banheiro e nem quando olhou através da janela. Não era como se houvesse muitos lugares para procurar dentro daquele casebre, então caminhou diretamente para o único lugar que restava, torcendo para que ele já não houvesse ido embora.
Adentrou o quarto, mas instantaneamente parou de andar, entreabrindo os lábios em mais pura surpresa (ou deleite).
Yang Jeongin estava lá, sem camisa e de costas para a porta. Estava tendo a perfeita visão das suas costas, e não pôde deixar de notar o quanto elas eram bem definidas e o quanto a sua cintura poderia ser perfeitamente envolvida por suas mãos grandes. Nem ia comentar da sua bunda perfeitamente marcada pelo tecido fino da calça, essa foi certamente a parte que mais olhou.
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O Traidor | Hyunin
FanficO Rei das Trevas não era um homem piedoso, muito pelo contrário, ele era a crueldade em sua mais pura forma, a verdadeira personificação do terror e do horror; o único capaz de controlar as trevas e a morte como se fossem simples peças sobre um tabu...