Após saírem da universidade, Christy e Marquesa caminham pela cidade, agora com roupas mais discretas e confortáveis: moletons pretos, calças largas, e tênis surrados. As ruas ainda estão movimentadas, com algumas pessoas indo para casa após um dia longo, mas o clima no ar está mais leve, sem a pressão das aulas.
As duas conversam descontraidamente, os passos ecoando suavemente pelo calçamento. Christy, como sempre, parece impassível, mas há uma leve tensão em sua postura, talvez pela próxima reunião com Clara. Marquesa, por outro lado, está mais relaxada, o sorriso leve em seu rosto.
— Então, quando a gente finalmente conseguir realizar o plano contra a família Bispo, o que você acha que vai mudar? — pergunta Christy, sem desviar os olhos do caminho à frente.Marquesa dá uma risada baixa, quase divertida.
— Muita coisa. Mas não se preocupe com isso ainda. Vamos ver como as coisas se desenrolam.Enquanto caminham, a cidade parece se transformar lentamente à medida que se afastam da universidade, entrando em uma área mais silenciosa e residencial. Ao virar uma esquina, elas avistam uma oficina ainda com luzes acesas, indicando que algo está acontecendo ali. O local parece simples, mas bem cuidado, uma pequena construção de tijolos vermelhos com uma placa metálica que mal reflete a luz da rua.
Dentro, três figuras estão trabalhando: um homem de meia-idade, cabelos grisalhos e vestindo um avental manchado de óleo, um jovem alto e magro, com o rosto sério e concentração total no trabalho, e uma garota pequena com cabelos castanhos curtos, sua postura mais hesitante. A oficina, apesar de simples, exala uma sensação de aconchego e intimidade, como se fosse o coração pulsante de uma família muito unida.
Clara, a menina de cabelos castanhos, olha com surpresa ao perceber a aproximação de Marquesa e Christy. Ela fica parada por um instante, como se soubesse que esse momento estava prestes a acontecer, mas ainda assim hesita, a ansiedade tomando conta de seu rosto. Seu olhar é misturado com uma pontada de receio, mas também de curiosidade.
Marquesa e Christy chegam até a porta da oficina, que se abre com o som de uma campainha leve. Os três dentro do local levantam os olhos simultaneamente, alguns com a expressão de quem reconhece as duas, mas outros com uma desconfiança visível.
— Podemos conversar? — pergunta Marquesa, o tom suave, mas firme. Ela sorri, mas é um sorriso calculado, como se estivesse oferecendo uma trégua. — Dessa vez, sem luta.
Clara, ainda reticente, responde com relutância:
— Claro... Mas vou precisar entender se isso é verdade. Não posso deixar que nada nos atrapalhe. Afinal, é uma ótima oportunidade para fazer justiça por minha mãe.
Ela se vira para o homem e o jovem na oficina, dando um rápido aceno de cabeça para garantir que está tudo bem. Eles a observam, mas não dizem nada, e Clara começa a seguir Marquesa e Christy, já saindo pela porta.
Enquanto caminham pelas ruas silenciosas, o ambiente da cidade parece mudar. As construções começam a ficar mais distantes e o cenário se transforma em um beco estreito que segue pela periferia. As ruas, antes movimentadas, agora estão vazias, e os prédios ao redor estão em construção, mas algo está claramente errado: as obras parecem abandonadas, com buracos nos muros e materiais jogados sem qualquer organização. O cheiro de concreto e poeira no ar é inconfundível.
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Raro Diamante
TerrorA linha tênue entre a sanidade e a insanidade. O que reside além do véu da realidade? São as vozes que ecoam em nossas mentes frutos de uma mente perturbada ou sussurros de um mundo oculto? A história se repete: relatos de possessões, visões e exper...