O quarto permanece mergulhado no silêncio da madrugada quando, de repente, as primeiras notas de "A Primavera" de Vivaldi ecoam pelos alto-falantes ocultos nos corredores da Universidade. A melodia vibrante invade os dormitórios, suave mas inevitável, arrastando as cinco jovens para fora do mundo dos sonhos.
Marqueza é a primeira a se mexer, resmungando algo incompreensível enquanto enfia o travesseiro sobre a cabeça.
— Eu odeio essa universidade — murmura, com a voz abafada pelo tecido.
Do outro lado do quarto, Beatryz já está sentada na cama, impecavelmente acordada, como se a música fosse um despertador natural. Ela puxa o lençol de cima do corpo e se levanta com um suspiro.
— Não tem nada de errado em começar o dia com disciplina e boa música. Vocês deviam aprender — comenta, dirigindo-se principalmente à irmã.
Marqueza resmunga mais alto, mas Beatryz a ignora e segue para o banheiro.
Beatryz é meticulosa e rápida no banho, mas o barulho constante da água parece interminável para quem ainda está se revirando na cama.
— Só pode estar depilando cada fio do corpo — reclama Christy, esfregando os olhos. — Anda logo, Beatryz!
— Não tenho culpa se vocês são desorganizadas. Estou quase terminando — responde Beatryz, com um tom severo.
Quando finalmente sai, a expressão de Beatryz é de quem já venceu o dia. Laryssa levanta, pega sua toalha e segue em silêncio. Assim que fecha a porta, o som de água recomeça.
— Aposto que a princesa agora vai gastar toda a água quente — resmunga Gabryela, ainda deitada, sem pressa para se levantar.
Enquanto isso, Christy aproveita para arrumar a cama, mas não sem lançar olhares irritados na direção do banheiro. Laryssa demora um pouco mais do que Beatryz, e quando sai, olha para Christy com uma sobrancelha arqueada.
— Reclama de mim, mas vai ver você demora mais que eu — diz Laryssa, grossa, antes de voltar para o lado de Beatryz.
Finalmente, Christy se levanta e vai para o banho, jogando uma toalha no rosto de Marqueza para acordá-la de vez.
— Sua vez depois de mim, dorminhoca — provoca Christy.
Gabryela continua enrolando até ser a última a tomar banho. Quando finalmente sai, seus cabelos ainda úmidos, olha para as demais e comenta com um tom seco:
— Isso foi horrível. Quero café.
No refeitório, o clima reflete a divisão entre as meninas. O trio — Beatryz, Laryssa e Gabryela — senta-se em uma mesa afastada, organizadas e em silêncio, discutindo entre si o que esperam do dia. Enquanto isso, Marqueza e Christy escolhem uma mesa perto da janela, onde conversam descontraídas.
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Raro Diamante
HorrorA linha tênue entre a sanidade e a insanidade. O que reside além do véu da realidade? São as vozes que ecoam em nossas mentes frutos de uma mente perturbada ou sussurros de um mundo oculto? A história se repete: relatos de possessões, visões e exper...