QUEM SOU EU? Julian Casablancas

CAPÍTULO 5

( Dia seguinte)

Acordei cedo no outro dia, porém percebi que o café da manhã já estava pronto, olhei pelo apartamento todo e nem sinal da Ashley,— será que ela se chateou e foi embora?
Pensei comigo mesmo.
Como eu estava faminto decidi tomar meu café, bem na metade eu fui surpreendido com a porta abrindo com força.

— Ufaa! Acho que exagerei na distância hoje.
Disse Ashley se apoiando nos joelhos visivelmente cansada.

Fiquei sem reação olhando para ela toda reluzente de suor, os raios de sol vindo do lado de fora moldavam seu corpo, e eu confesso que fiquei paralisado, observando por alguns segundos até ela falar comigo:
— Julian? O que foi?... JULIAAN porque você está me olhando assim?

— Ahh... Eu... Eu achei que você tinha se mandado, mas que bom que não.

— Só fui fazer minha corrida matinal, sempre corro quando estou por aqui.

— Então o que vamos fazer hoje?
Perguntei a ela.

— Você e eu vamos fazer umas comprinhas.

— Comprinhas? Tipo o que?
Perguntei pra ela.

— Julian, não tem nada na sua cozinha, como você sobrevie cara, eu vou comprar algumas coisas e você vai me ajudar.

— Ahh, tudo bem vai.

Depois que terminamos o café e lavamos a louça fomos para o supermercado, a última vez que entrei em um eu era outra pessoa, literalmente, nunca fui um cara de comprar muitas coisas, basicamente eu só deixava pra comprar algo quando acabava tudo, e era a primeira vez que eu levava uma mulher para fazer compras num supermercado.

A Ashley podia ser como uma irmã para o Julian mas não pra mim, e quando eu estava ao lado dela eu esquecia completamente de que eu tinha de agir como se fosse ele, eu só conseguia admirá-la.

— Julian, vem cá.
Disse Ashley sussurrando.

— Tá vendo aquilo lá em cima? Pega pra mim por favor.

— Tá bom, mas o que isso mesmo?

— Você é tão lerdo, não vê que é pra limpeza.

— Eh? Não sabia.
Respondi meio confuso.

— Pega, vai lá pegar alguns enlatados.
Ordenou ela querendo me tirar de perto.

Até que foi divertido aquilo, comprei algumas bebidas para passar uns dias, pelo menos até essa doença acabar, incrível como tudo tava mais difícil e as pessoas com medo, sem mencionar que a banda deu uma pausa e eu não sabia se tinha que produzir músicas para quando voltar.

Mesmo assim eu não queria saber, a única coisa que me importava no momento era ficar com a Ashley, ela me fazia muito bem, tanto que eu nem percebia o tempo passar e logo a noite chegou, eu adormeci assistindo tv, Ashley estava no quarto também se preparando para dormir.

Mais tarde eu levantei para tomar água e fui até a cozinha, estranhei que a porta do quarto estava aberta e com a luz acesa, tomei a água e voltei caminhando lentamente pelo corredor em direção ao quarto, foi quando olhei para dentro e vi a Ashley sentada na cama com a coberta escondendo metade do rosto, então eu perguntei:

— O que foi Ashley? Porque você tá tão assustada assim?
Ela olhou para mim com um semblante de medo nos olhos e disse:

— Você não é o Julian! O que você é?

Eu caminhei em direção à ela até ser interrompido por seu grito.

— NÃÃOO! Não chega perto por favor.

— Calma Ashley, Eu posso explicar o que aconteceu.

— Cadê o Julian verdadeiro?
Perguntou ela com voz de choro.

— Me escuta tá, foi tudo um acidente, eu acabei batendo no carro do Julian e acordei no corpo dele.

— Cadê o Julian?
Repetiu Ashley.

— Ashley, você precisa acreditar em mim, eu não quis vim parar no corpo dele, eu sei... é uma coisa impossível de se acreditar mas, foi isso que aconteceu.

— Você passou todo esse tempo fingindo ser ele, só porque ele é um artista famoso, se aproveitou do ciclo de amizades dele e da vida que ele tem.
Disse ela já com as lágrimas borrando a maquiagem.

— Eu não tive escolha, a carreira dele iria por água abaixo, eu fiz o que achei ser o certo.

— Espera!

— O que?

— Se você ta no corpo dele, então onde tá o seu corpo?
Perguntou Ashley.

— Acho que você não gosta dessa parte.

Expliquei a ela sobre o que aconteceu no hospital e a situação, ela insistiu que fossemos até o hospital, mas aquela hora da madrugada seria impossível entrar lá, depois de muito tentar eu consegui convencê-la a iríamos pela manhã.