SARAH PIMENTEL
Acordei com o som de um pássaro insistente cantando do lado de fora da janela. Levei alguns segundos para me situar, os olhos ainda pesados do sono, enquanto o teto branco do quarto se tornava a primeira coisa que eu via naquele novo dia. A luz suave do sol passava pelas cortinas entreabertas, iluminando os móveis de madeira e o piso, que parecia impecavelmente polido. Tudo ainda estava meio bagunçado, com caixas empilhadas nos cantos e roupas que eu ainda não tinha tido coragem de guardar espalhadas pela poltrona. Não era exatamente como o meu quarto na casa da minha mãe, mas tinha potencial. Era o meu espaço, pelo menos pelos próximos seis meses.
Espreguicei-me lentamente, sentindo o tecido macio do pijama deslizar contra minha pele. Suspirei e me levantei, arrastando os pés até o banheiro que ficava dentro do quarto. Ao abrir a porta, o cheiro de limpeza tomou conta do ambiente. O banheiro era pequeno, todo revestido em azulejos brancos, com um box de vidro e uma banheira que, para minha surpresa, parecia nova. A pia branca tinha um espelho simples logo acima dela. A luz fria que vinha do teto iluminava cada detalhe do meu rosto refletido no espelho.
Os cabelos estavam uma bagunça, como sempre, e meus olhos azuis, inchados pelo sono, deixavam claro que ainda estava longe de estar apresentável. Inclinei-me para frente, analisando minha expressão cansada antes de abrir a torneira e deixar a água fresca escorrer pelos meus dedos. Com as mãos em concha, lavei o rosto, sentindo a pele despertar sob o toque gelado. Peguei a toalha pendurada ao lado e sequei o rosto, dando leves batidinhas.
Deixei o pijama cair até o chão e dobrei-o com cuidado antes de colocá-lo sobre a pia. Entrei no box e liguei o chuveiro. A água quente começou a escorrer, envolvendo-me em uma névoa reconfortante. Fechei os olhos, deixando a sensação tomar conta de mim enquanto a água levava embora a preguiça e qualquer resquício de cansaço. Passei o shampoo pelos cabelos, massageando o couro cabeludo com movimentos lentos e circulares. O perfume fresco do produto parecia tomar conta do banheiro, e senti meu humor começar a melhorar.
Depois do banho, me sequei com a toalha macia e a enrolei ao redor do corpo, prendendo-a firmemente. Peguei uma menor para os cabelos, torcendo-os antes de deixá-la repousar no topo da cabeça. Era a minha rotina, quase um ritual. Com a pele seca, apliquei creme hidratante com movimentos rápidos e precisos, deixando um perfume suave que sempre me fazia sentir mais confiante. Passei uma camada de óleo no cabelo molhado e sequei com cuidado, fazendo questão de desembaraçar cada mecha antes de deixá-lo solto.
Olhei para o armário improvisado e escolhi um vestido florido, justo e um pouco decotado. Não era algo que eu usava para seduzir ninguém; era simplesmente uma peça que me fazia sentir bem. O tecido abraçava minhas curvas de um jeito que eu gostava, e o estampado floral era alegre sem ser exagerado. Ajustei o vestido no corpo, dei uma última olhada no espelho, calcei sandálias confortáveis e decidi que estava pronta para enfrentar o dia.
Quando desci as escadas, o aroma de café fresco já invadia a casa. Segui o cheiro até a cozinha e parei na porta por um instante, absorvendo a cena. Rafael estava de costas para mim, mexendo em algo na bancada. Ele vestia apenas um calção preto e estava descalço, sem camisa. A luz suave do início da manhã fazia cada linha de seus músculos se destacar, desde os ombros largos até as costas bem definidas. Por um momento, eu fiquei ali, estática, sentindo meu rosto esquentar antes de conseguir me mover.
— Bom dia — disse, a voz um pouco hesitante enquanto entrava na cozinha.
Ele se virou para mim e, ao perceber minha presença, arregalou os olhos por um segundo antes de dar um pequeno sorriso.
— Desculpa, Sarah. Esqueci que você tava aqui — disse ele, com um tom quase constrangido, enquanto pegava um pano de prato e jogava no ombro, como se isso fosse compensar a falta de uma camisa.
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PECADO OBSCURO [TRISAL]
RomanceSarah descobre que Rosana, sua chefe e mulher que sempre a tratou como uma filha, a incluiu em seu testamento, deixando-lhe uma herança significativa. No entanto, há uma condição inusitada: ela deve passar seis meses morando com os filhos gêmeos de...