Hanabi Abernathy é filha do vencedor da 50ª edição dos Jogos Vorazes. Sua mãe, incapaz de criá-la, a deixou ainda recém-nascida na porta da casa de Haymitch. Apesar de ser jovem e inexperiente, Haymitch aprendeu a cuidar da pequena e, com o tempo, d...
Eu estava deitada em uma sala tranquila, quando fui surpreendida pela acompanhante do Distrito 4. Eu nem sabia seu nome até aquele momento. Ela tinha longos cabelos castanhos, olhos claros — talvez verdes ou azuis, era difícil dizer —, pele clara e vestes simples, nada comparado ao estilo extravagante de Effie Trinket. Ela parecia jovem, talvez da minha idade ou até mais nova.
— Oi! — disse ela, com uma animação que me fez sentar para prestar atenção. — Eu me chamo Kyra Summers Plinth! — continuou, estendendo a mão. Sem entusiasmo, retribuí o gesto.
— Hanabi Abernathy — falei de forma breve e seca.
Ela ficou me olhando, provavelmente esperando que eu continuasse a conversa ou dissesse algo mais.
— Bom… Finnick pediu para eu te mostrar o seu quarto — disse ela, quebrando o silêncio e me fazendo levantar para segui-la. — Estou me sentindo muito honrada em te conhecer. Sou, de certa forma, uma grande fã. — Kyra sorriu, mas a ideia de alguém ser minha fã parecia tão absurda que me fez rir.
— Minha fã? Não tenho fãs, só pessoas que preferiam nunca ter me conhecido — falei, com uma risada amarga.
Ela me olhou confusa, depois começou a falar em um tom mais baixo:
— Acho que você não entendeu. Não sou fã dos Jogos, muito menos da Capital, como deve estar pensando. Eu sou do Distrito 2 e fui enviada pelo seu pai. — Minha expressão confusa a encorajou a continuar. — Você não sabe? Estamos com um plano para desbancar Snow. Meu trabalho é garantir que você compareça à reunião amanhã à noite, na Capital. Achei que seu pai tivesse te contado, pelo menos sobre o plano.
— Não falo com meu pai há um ano, desde a turnê do Peeta e da Katniss. Não temos uma boa relação — respondi, ainda processando a ideia de um plano contra Snow. Parte de mim queria acreditar, mas parecia improvável. Snow sempre está à frente de todos.
— Ah… achei que vocês fossem próximos. Desculpe por tocar nesse assunto — disse ela, mexendo no cabelo, visivelmente envergonhada.
— Não tem problema. — Ofereci um sorriso breve. — Quantos anos você tem, Kyra? Você parece jovem. E como conseguiu virar acompanhante do Distrito 4? Achei que a Capital tivesse um processo seletivo bem rigoroso.
— Tenho 18 anos. Fiz aniversário no mês passado. Bem, eu não nasci no Distrito 2. Na verdade, sou da Capital. — Isso chamou minha atenção, e me concentrei nela enquanto explicava. — Meu bisavô, Strabo Plinth, trouxe minha família para a Capital durante a Primeira Rebelião. Ele vendia armas e conseguiu muito dinheiro para se mudar. Meu avô, Sejanus Plinth, morreu jovem, mas teve um filho com uma mulher chamada Layla Frost. Esse filho é meu pai, Erick Frost Plinth. Só muito depois ele foi reconhecido como herdeiro da fortuna Plinth.
A história era surpreendente. Eu sabia quem era Sejanus Plinth, mas não sabia que ele tinha tido um herdeiro.
— É uma história impressionante. Nunca imaginaria… — Eu estava no meio da frase quando passamos por uma sala de jantar e vi Finnick. Ele parou de comer, levantou-se e veio até nós.
— Preciso falar com você — disse ele, interrompendo a conversa. Kyra deu um passo para trás, e eu revirei os olhos.
— Não quero falar com você. Não hoje. — Tentei me afastar, mas ele insistiu.
— Acho que você não entendeu. Eu não quero falar, preciso falar com você — ele enfatizou. Relutante, decidi ouvir.
Afastei-me de Kyra e me aproximei da mesa de jantar. Peguei um bolinho de chocolate e me apoiei na mesa, esperando que ele começasse. No entanto, por um momento, me perdi em seus olhos outra vez.
— Por que você tenta me odiar? — perguntou ele, com um olhar quase desesperado, como se buscasse respostas que nunca encontrei para mim mesma.
— Eu não tento. Eu te odeio — falei, firme, sustentando seu olhar. Dizer aquilo fez meu coração apertar, mas não podia demonstrar fraqueza. Finnick deu um sorriso de canto, aquele que sempre faz quando está irritado.
— Então me diga, Hanabi, me diga, florzinha: por que me odeia? Se nunca fiz nada para você, qual é o motivo?
A pergunta me pegou desprevenida. Não era algo que eu soubesse responder. Não odiava Finnick por algo que ele tenha feito. O ódio vinha de algo mais profundo. Talvez da culpa que carreguei por nunca poder ajudá-lo, mesmo quando sabia o que Snow fazia com os vencedores. Mas isso não era algo que eu admitiria, nem para mim mesma.
— Está demorando tanto para responder que parece que nem tem motivo, né, florzinha? — disse ele, sarcástico. Empurrei seu ombro levemente e saí andando.
— Mantenha distância de mim, Odair — falei, voltando para perto de Kyra.
— Com todo prazer, Abernathy — respondeu ele, com seu tom debochado de sempre.
O caminho até meu quarto foi silencioso. Kyra parecia hesitante em dizer algo, mas permaneceu calada. O quarto era simples e semelhante ao que eu já conhecia dos trens da Capital. Deitei-me de bruços na cama e olhei pela janela.
Foi quando a vi: uma hanabi, a flor de fogo, desabrochando na estrada. Talvez, só talvez, a sorte esteja finalmente ao meu favor.
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O próximo capítulo vai ser no passado, especificamente nessa reunião que a Hanabi falou.
Espero que vocês gostem do capítulo, e se não for pedir muito, comentem e marquem a estrela.
Também me sigam no tiktok, aonde temos muitos vídeos da Hanabi. @nerdy_lady
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