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Lina estava deitada na cama, com o celular pressionado contra a orelha

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Lina estava deitada na cama, com o celular pressionado contra a orelha. A voz da mãe ecoava no viva-voz, uma mistura de preocupação e exigência.

— Mei Lin, não quero que pense que estou te pressionando, mas você sabe o quanto trabalhamos para te dar essa oportunidade. Não deixe isso escapar, ok?

Lina fechou os olhos, respirando fundo para conter a irritação que subia à superfície.

— Eu sei, mãe. Eu tô dando o meu melhor.

— Não parece, querida. — A voz do pai surgiu ao fundo, firme como sempre. — Nós vimos os resultados, e essa derrota... Não é o que esperamos de você.

— Foi uma luta. Eu tô bem classificada. — Ela tentou manter a calma, mas a ponta de frustração na voz era evidente.

— Não é só sobre ganhar, Mei Lin. — A mãe interveio novamente, o tom de quem queria consolar, mas acabava aumentando o peso em seus ombros. — É sobre manter o nome da família. Você sabe como isso é importante.

Lina não respondeu de imediato. Sua garganta apertava, mas ela não queria dar o gostinho de parecer fraca.

— Eu preciso ir. Tenho treino. — Ela desligou antes que pudessem protestar, jogando o celular na cama.

O quarto, que parecia tão espaçoso e solitário antes, agora parecia sufocá-la. Lina sentiu o nó na garganta crescer e apertou os punhos, como se quisesse esmagar o peso invisível que os pais colocavam sobre ela. Mas, antes que pudesse ser engolida por esse turbilhão, a imagem de Kwon apareceu em sua mente. Ela lembrou-se de como ele sorria para ela, com um olhar que parecia dizer que tudo ia ficar bem. Aquele pensamento a acalmava, mesmo que só por alguns segundos.

Ainda assim, ela precisava de algo mais tangível para liberar o peso que sentia. Sem pensar duas vezes, calçou os tênis e foi direto para o dojo improvisado no hotel. Cada golpe, cada movimento, era uma tentativa de dissipar a pressão. Não havia perfeição naquele treino, apenas força bruta e intensidade.

O tatame estava silencioso, exceto pelo som de sua respiração e golpes rápidos. Lina estava no centro, suada, com a testa franzida em concentração enquanto repetia os movimentos de ataque e defesa com precisão quase obsessiva.

— O que você tá fazendo? — A voz de Falcão ecoou pelo espaço, quebrando o foco de Lina.

Ela se virou para encará-lo, os olhos estreitos e o peito subindo e descendo com o esforço. Não era o momento para socializar.

— Você é cego ou só quer fazer uma pergunta idiota?

Falcão riu, cruzando os braços enquanto caminhava para mais perto.

— Ah, entendi. Alguém tá com o humor maravilhoso hoje.

— Se você não percebeu, eu tô treinando. — Ela voltou à posição inicial, ignorando o comentário.

— Jura? Achei que você tava dançando. — Ele arqueou uma sobrancelha, o sorriso debochado brincando em seus lábios. — Posso me juntar a você?

Lina parou por um momento, como se fosse dispensá-lo, mas então deu de ombros.

— Se não atrapalhar, por que não?

— Atrapalhar? Eu? — Ele soltou uma risada enquanto começava a se alongar. — Vou te mostrar como se treina de verdade.

— Tá, Falcão. Mostra aí. — Lina cruzou os braços, lançando um olhar desafiador.

Ele entrou na posição de combate, mas antes mesmo de começar, Lina deu um chute certeiro no ar perto dele, rápido o suficiente para fazê-lo saltar para trás.

— Ei! Eu nem tava pronto! — Ele reclamou, mas o riso em sua voz mostrava que ele estava se divertindo.

— Acha que seu oponente vai esperar? — Ela deu um meio sorriso. — Vamos, ou vai ficar aí reclamando?

Falcão entrou no ritmo e, por alguns minutos, os dois trocaram movimentos, risadas ocasionais quebrando o clima mais intenso. Lina começava a relaxar, pelo menos um pouco, enquanto o treino avançava. Mesmo assim, em seu olhar, havia algo não resolvido, algo que nem mesmo o treino pesado parecia conseguir aliviar.

Falcão caiu sentado no tatame, rindo enquanto segurava o ombro.

— Okay, admito, você tá a mil hoje. Isso aqui não é treino, é massacre.

Lina deu uma risada breve, limpando o suor da testa com o antebraço.

— Se não aguenta, Falcão, melhor ficar sentado.

— Nossa, tá vendo como eu sou maltratado? — Ele brincou, mas logo ficou sério, observando-a enquanto ela continuava repetindo os movimentos sozinha. — Tá tudo bem com você?

Ela parou por um instante, respirando fundo, mas não olhou para ele.

— Por que não estaria?

— Porque você tá treinando como se sua vida dependesse disso. E, olha, eu já vi gente tentando fugir de alguma coisa assim. — Ele apoiou os braços nos joelhos, a expressão genuinamente preocupada.

Lina hesitou, desviando o olhar para o chão antes de voltar a encará-lo.

— Talvez eu só queira melhorar. Não tem problema nisso, tem?

— Não, mas... você não precisa carregar o mundo nas costas sozinha. — Ele deu de ombros. — Às vezes ajuda falar.

Ela bufou, tentando disfarçar o desconforto.

— Falcão, isso é coisa sua ou ideia do Demitri? Parece que você pegou o papel de terapeuta do grupo.

Ele riu, jogando a cabeça para trás.

— Tá, talvez. Mas sério, você devia relaxar. A gente vai no bar mais tarde. Vem com a gente.

Lina soltou uma risada sarcástica, balançando a cabeça.

— Bar? Não sei se é a minha vibe.

— Não tem problema, pode ser a minha. — Ele piscou para ela, levantando-se e estendendo a mão. — Vamos, já acabou por hoje.

Ela olhou para a mão dele por um momento antes de aceitá-la, deixando que ele a ajudasse a se levantar.

— Tá bom, eu vou. Mas se alguém vomitar perto de mim, eu vou embora.

— Justo. — Falcão sorriu, aliviado por finalmente tirá-la do tatame. — Vai ver, vai ser bom. Talvez você até se divirta.

— Veremos. — Lina deu de ombros, mas havia um pequeno sorriso em seus lábios enquanto os dois saíam do dojo. Enquanto caminhava ao lado dele, a imagem de Kwon ainda vinha à mente, não como um peso, mas como um refúgio. Ele era sua calma em meio ao caos, mesmo sem saber disso.

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⏰ Última atualização: 3 hours ago ⏰

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Broken Balance - KwonOnde histórias criam vida. Descubra agora