O cheiro da primavera invadia a pequena cidade onde S/N e Harry cresceram. As ruas eram tranquilas, e a praça central, com sua fonte ao estilo vintage, sempre parecia o coração pulsante do lugar. Foi lá que S/N conheceu Harry pela primeira vez. Ela tinha seis anos e ele sete, ambos segurando cones de sorvete que derretiam mais rápido do que conseguiam comer.
— Você tá sujando tudo — disse Harry, rindo ao ver S/N com sorvete escorrendo pelos dedos.
— E você acha que tá muito limpo? — ela retrucou, apontando para a camiseta dele, onde uma mancha de chocolate já tinha se formado.
Essa troca de provocações foi o início de uma amizade que cresceria com o passar dos anos. Harry era o garoto da casa ao lado, com um sorriso fácil e uma curiosidade incontrolável. Eles passavam tardes no quintal dela construindo "fortalezas" com lençóis e almofadas ou explorando o riacho atrás do bairro. Harry era o melhor amigo que S/N podia imaginar, mas o destino tinha planos diferentes para eles.
Quando Harry tinha 16 anos, ele acabou entrando em uma banda local, e sua vida tomou um rumo inesperado. O talento dele chamou a atenção rapidamente, e em pouco tempo ele estava participando de audições que o levaram para longe da cidade natal. S/N, um ano mais nova, ficou para trás, acompanhando as notícias e torcendo por ele à distância.
Nos primeiros meses, eles mantiveram contato. Harry enviava mensagens contando sobre sua nova vida, os ensaios e a loucura de estar em uma banda que rapidamente ganhava fama. Mas conforme o tempo passou, as mensagens se tornaram menos frequentes, até que pararam de vez. S/N compreendeu; o mundo de Harry havia mudado completamente, enquanto o dela permanecia o mesmo.
[...]
Uma década se passou desde a última vez que S/N e Harry se viram. Ela agora era professora de música na mesma escola onde haviam estudado, apaixonada por ensinar crianças a expressarem suas emoções através de notas e melodias. Ela nunca parou de acompanhar a carreira de Harry, embora evitasse falar sobre isso. Para ela, ele era o garoto da casa ao lado, e não o ícone global que o mundo conhecia.
Foi numa tarde ensolarada que tudo mudou. S/N estava na praça, a mesma onde haviam se encontrado pela primeira vez, lendo um livro enquanto a brisa suave balançava as folhas das árvores. Foi então que uma voz conhecida, mas inesperada, chamou seu nome.
— S/N?
Ela ergueu os olhos e lá estava ele. Harry Styles, com os cabelos bagunçados pelo vento e óculos de sol que não escondiam a familiaridade em seus olhos verdes. Ele estava diferente, mais maduro, mas ainda tinha aquele sorriso que podia iluminar qualquer lugar.
— Harry? — ela se levantou, a incredulidade estampada em seu rosto.
— É... sou eu. — Ele riu nervoso, tirando os óculos. — Achei que talvez você não me reconhecesse.
— Você tá brincando, né? — S/N riu, sentindo uma mistura de surpresa e emoção. — Como eu não reconheceria?
Eles ficaram em silêncio por um momento, apenas se olhando, antes de se aproximarem para um abraço hesitante que rapidamente se tornou apertado.
— Você voltou? — perguntou ela, afastando-se.
— Por uns dias, sim. Achei que seria bom rever algumas coisas. — Ele hesitou. — Rever algumas pessoas.
S/N sorriu, mas sentiu uma pontada de melancolia. Havia tanto para dizer, tanto tempo para recuperar, mas as palavras pareciam faltar.
— Quer tomar um café? — ele perguntou, gesticulando para a pequena cafeteria na esquina.
— Claro — respondeu ela, ainda tentando processar o fato de que Harry Styles estava ali, diante dela, como se o tempo não tivesse passado.
Dentro da cafeteria, eles escolheram uma mesa perto da janela, e Harry pediu o mesmo cappuccino que costumava tomar quando adolescente. S/N riu ao lembrar disso.
