S/N e Mikey estavam em pé, a tensão entre eles crescendo, quando uma voz interrompeu o momento. Era Kisaki. Ele apareceu silenciosamente, observando os dois com uma expressão fria, mas com os olhos carregados de algo profundo que S/N não soubera decifrar. Ele olhou diretamente para ela, antes de falar com um tom calmo, mas incisivo.
Kisaki: Eu sei da amizade de vocês, S/N. Sempre soube. Os passeios, as conversas, os risos... e até os momentos em que você tentava esconder. Você acha que eu sou cego? Eu vi tudo.
S/N deu um passo para trás, tentando processar tudo o que ele estava dizendo. Ele nunca tinha falado sobre isso antes. Kisaki, sempre tão protetor, agora estava sendo... tão direto.
Kisaki: Eu sei que você sempre foi próxima dele. Que ele sempre foi alguém importante para você. Mas você acha que eu ia deixar isso passar? Não, S/N. Eu vi você sofrer por ele, vi as vezes que ele não estava lá quando você mais precisava. Vi as suas lágrimas, mesmo que você nunca tenha me dito o motivo. E eu sei, S/N, que a maioria dessas lágrimas foi por causa dele.
Mikey permaneceu em silêncio, a tensão aumentando à medida que Kisaki continuava.
Kisaki: Você tem a sua visão do Mikey, e eu sei que ele é o comandante da Toman, um líder incrível. Mas, sinceramente, não sei se ele vai ser um bom namorado para você. Ele sempre foi bom para os outros, mas para você... ele nem sempre foi o melhor amigo. Eu vi o jeito que ele te trata, como ele é impulsivo e se afasta quando as coisas ficam complicadas. Eu não sou ingênuo.
S/N engoliu em seco, as palavras de Kisaki batendo forte em seu peito. Ela sabia que ele estava falando a verdade, mas também sentia que Mikey era alguém com quem ela queria estar, alguém que, apesar dos erros, fazia seu coração bater mais rápido.
Kisaki olhou para Mikey com uma expressão que misturava desaprovação e algo mais profundo. Ele parecia pesar cada palavra.
Kisaki: Eu não vou impedir você de seguir seus sentimentos. Se você quiser estar com ele, tudo bem. Mas, S/N, se ele te machucar, será a primeira e a última vez. Eu prometo.
Mikey se aproximou um pouco, sem querer interromper o momento entre os dois, mas seu olhar estava firme. Ele sabia o que Kisaki estava dizendo, e não queria fazer a mesma coisa que fizera no passado, ferir S/N.
S/N olhou para Mikey, seus olhos carregados de dúvidas e medos, mas algo em seu peito a fazia querer confiar nele. Ela suspirou, as palavras saindo de seus lábios antes que pudesse impedir.
S/N: Mikey... pode me beijar.
As palavras ficaram no ar, o silêncio entre eles pesado. Kisaki, que estava aguardando a reação de S/N, não reagiu imediatamente. O que ele havia dito estava feito, e, embora sentisse que não deveria deixar S/N seguir em frente com isso, ele não podia impedir a escolha dela.
Mikey ficou paralisado por um momento, surpreso e aliviado ao mesmo tempo. Ele olhou para Kisaki, buscando permissão de uma forma que talvez ele nunca tivesse feito antes. Kisaki o encarou, os olhos sombrios e intensos, mas, ao invés de dizer mais algo, ele deu um pequeno aceno de cabeça, como se estivesse aceitando o que fosse acontecer.
Kisaki: Não me faça ter que lembrar disso depois, Mikey. Se você a machucar, não vai ter outra chance.
Mikey: Eu sei, Kisaki. Não vou deixar nada acontecer com ela. Eu prometo.
Com a permissão implícita, Mikey finalmente se aproximou de S/N, e o mundo ao redor deles parecia desaparecer. Ele hesitou por um segundo, os olhos fixos nela, esperando uma confirmação de que ela realmente queria isso.
S/N olhou nos olhos de Mikey, os sentimentos misturados, mas a vontade de estar com ele era maior do que qualquer medo. Ela deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, mas ele viu.
S/N: Eu quero.
Mikey não hesitou mais. Ele colocou a mão suavemente em sua nuca e a puxou para mais perto. O beijo que se seguiu foi suave no início, como se ambos estivessem explorando esse novo território, mas logo se intensificou. A sensação de ter alguém que, apesar de tudo, a fazia se sentir completa, fez S/N fechar os olhos, deixando-se levar pelo momento.
Kisaki observou de longe, os braços cruzados e uma expressão de preocupação no rosto, mas, no fundo, sabia que não poderia impedir o que estava acontecendo. Ele tinha sido protetor, talvez até demais, mas S/N estava fazendo sua própria escolha agora. Ele só poderia esperar que fosse a escolha certa.
Kisaki: (baixinho para si mesmo) Eu sempre vou cuidar de você, S/N. Mesmo que você não precise mais disso.
