Um confessionário comum tem, em geral, as seguintes dimensões: largura entre 1,2 e 1,5 metros, profundidade de 1 a 1,2 metros, e altura em torno de 2 a 2,2 metros. Mesmo que a freira ajoelhada dentro de um soubesse disso, naquele momento, o espaço parecia muito menor. Seus pés contra a porta faziam uma pressão que ela tentava controlar, enquanto o medo de ser pega ajoelhada daquela maneira, com os seios expostos, era perigoso demais. Afinal, como ela poderia explicar que, apesar de jurar sua pureza e sua alma a Deus, o desejo da carne falara mais alto? Tão alto que parecia doer em seu ventre sempre que via a irmã Rebecca e não podia tocá-la.
A mão firme de Rebecca estava entrelaçada nos cabelos anelados e castanhos de Ofélia, segurando-os com um aperto proposital. Os lábios, que costumavam estar sempre secos, agora estavam mais molhados do que o comum, encontrando os de Rebecca, que se mantinha sentada, com as pernas apoiadas nos ombros da freira ajoelhada à sua frente. O gesto era íntimo e intenso, cada toque e movimento carregando a tensão do desejo proibido, uma dança silenciosa entre a devoção e a tentação que queimava mais forte do que qualquer juramento sagrado.
Os gemidos de Rebecca, provocados pela língua curiosa e inexperiente de Ofélia, eram abafados pelo véu que ela colocou na própria boca. A cada gemido, um puxão nos cabelos castanhos de Ofélia. Rebecca sempre associou dor e prazer; nunca soube o porquê, mas, para ela, os dois estavam na mesma linha tênue. Então, por que não retribuir a Ofélia de um jeito divertido o prazer que ela recebia? As mãos de Rebecca, pousadas nas coxas grossas, que eram quase duas vezes a largura da cabeça da mulher ajoelhada, tremiam levemente. Medo? Excitação? A incerteza de estar fazendo certo? Afinal, se ela estava fazendo certo, por que os puxões de cabelo? E por que ela gostava tanto disso, ao ponto de levar a língua, propositalmente, ao mesmo lugar de antes, buscando intensificar cada sensação.
Os pés já formigavam, os ombros pesados, mas, para Ofélia, nada a faria afastar seus lábios daquele paraíso recém-descoberto. Algo dentro dela despertou, algo quente e molhado, e ela não se importava se isso a levasse ao inferno, pois, se lá encontrasse sua nova deusa, ela se ajoelharia como uma boa garota e cumpriria seu papel da maneira que fosse ordenado. As coxas que antes não pareciam tão grossas agora prendiam sua cabeça firmemente na mesma posição, apertando-se cada vez mais, em uma fricção que era tudo o que Rebecca conseguia, mas que ainda não parecia suficiente. Ofélia não sabia dizer se os lábios sobre os seus estavam mais molhados do que os dela, que sempre permaneciam escondidos debaixo da saia preta.
O ar tornava-se necessário, mas Ofélia não o buscou. As coxas apertando cada lado do seu rosto e a mão puxando seus cabelos com mais força mostravam claramente que aquele não era o momento para respirar—não quando sua nova religião a levava ao paraíso. Foram apenas segundos, mas para Ofélia pareceram milênios, ajoelhada e vendo Rebecca tremer e se derreter em seus lábios. Só então ela se permitiu buscar ar, afastando o rosto para trás.
Rebecca retirou o véu dos lábios e o jogou no chão. Por alguns segundos, Ofélia olhou o tecido molhado ao seu lado, até que a voz rouca de Rebecca chamou sua atenção:
— Você está sempre com sede, irmã Ofélia. E quando lhe dou o que beber, você se afasta?
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Lábios e Pecados
Short StoryAqui você vai encontrar uma coleção de contos que mergulham fundo no desejo, na ousadia e nos limites do prazer. São histórias onde a intimidade é explorada sem medo, onde o poder e a entrega se cruzam em jogos de submissão e controle. Aqui, o praze...