Capítulo 13

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Eram quase cinco da tarde quando eles acenderam as luzes da cozinha do Carmona. Massimo esvaziou as sacolas de compras sobre a bancada enquanto Manu foi até uma gaveta ao fundo e voltou com uma caixa de madeira retangular. Abriu delicadamente, tirou sua faca predileta lá de dentro e, com uma pontinha de pesar no coração, entregou a Massimo.

Chefs não costumam emprestar suas facas. É um dos poucos utensílios pessoais e intransferíveis da cozinha. Cada cozinheiro tem a sua, ou as suas, no caso de Manu e da maioria dos chefs. E ai daquele que sair mexendo nas facas dos outros!

- É uma Miyabi – exclamou entregando a lâmina afiadíssima com um pesado cabo preto fosco.

- Não esperava nada menos – Massimo exclamou enquanto examinava o gume com ar de especialista. – Fique tranquila que eu cuidarei muito bem dela.

Manu procurou relaxar e se sentou sobre a bancada, ao lado da tábua onde ele trabalharia fazendo o mise en place: a separação e o pré-preparo de todos os ingredientes que seriam usados no risoto. Levantou o vestido para mostrar as pernas brilhantes e Massimo a olhou com desejo:

- Assim vai ficar difícil de me concentrar – disse sorrindo.

- E olha que curioso – exclamou Manu com seu melhor olhar de safada – acabei de lembrar que esqueci minha calcinha no seu quarto...

Ele deslizou a mão pela coxa dela e avançou até sentir os pelos púbicos.

- Nada de brincadeiras com facas na mão – disse Manu. – Além do mais, estou faminta e louca de vontade de provar o seu risoto. Vamos lá, senhor Pastore, mãos à obra!

- Pois não, senhorita Carmona – ele disse e começou a trabalhar.

Primeiro a cebola. Em menos de dois minutos descascou e picou em cubos perfeitos. Manu observou como ele se movia com a rapidez e a perfeição de quem tinha passado muito tempo em funções menores por cozinhas ao redor do mundo, encarregado de tarefas braçais como, por exemplo, picar cebola.

Depois os cogumelos. Cada um num corte preciso, de acordo com seu formato e o tempo de cozimento. Picava sobre a tábua, os músculos do braço trabalhando em harmonia, os dedos longos se movendo com a graça de um pianista clássico. Depois distribuía cada ingrediente em uma pequena vasilha de inox.

- Então, senhor Pastore, que mudanças o senhor resolveu fazer no nosso combinado? – Manu perguntou enquanto levava a taça de vinho branco à boca.

- Hum – fez Massimo, sem tirar os olhos do trabalho. – Primeiro uma pergunta.

- Pois não?

- Você não pode se irritar com ela, ok? E é muito importante que me diga a verdade.

- Somente a verdade, nada mais que a verdade – Manu exclamou com alguma ironia.

Ele parou de desfolhar os raminhos de tomilho, limpou a mão no pano de prato que mantinha no ombro e olhou para ela com o semblante sério.

- Você realmente gozou ontem, Manu?

Ela sorriu, aproximou-se dele, puxou-o para si e deu um beijo de leve no lado do rosto.

- Sim, Massimo. Eu realmente gozei ontem. Pela primeira vez na vida. Ou pelas duas primeiras vezes!

- Como pode ter certeza disso, se nunca havia experimentado antes? – ele perguntou provocativo.

Manu ficou mais séria.

- Ao longo da minha vida, com esse meu... com essa minha... questão... eu li muito sobre o assunto... Ao que tudo indica, um orgasmo é algo bem fácil de identificar...

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